ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 16 de agosto de 2015

SONDAGENS


Um texto publicado  hoje num jornal, fala sobre sondagens, das que dizem respeito a actos políticos, e questiona a sua importância.
Terão elas o rigor bastante que qualquer indicativo deve ter para servir de orientação fiável? Afinal as sondagens reflectem uma realidade ou influenciam-na?
Quanto ao rigor destas sondagens, tenho sérias dúvidas por diversas razões.
Uma sondagem pretende determinar as características de um todo extenso através de uma amostra reduzida, porém escolhida de tal modo que possua as características médias do todo, porque só assim será uma amostra significativa.
A escolha da amostra é a grande dificuldade pelo que exige técnicas que são definidas consoante a natureza do todo que se pretende caracterizar, as quais serão tanto mais complexas e difíceis quanto mais heterogéneo ele for. Mais difícil ainda se o todo não for contínuo.
No que diz respeito aos eleitores, o todo não é nem homogéneo nem contínuo, além de não ser inerte porque se trata de seres humanos que têm vontade própria, conhecimentos e convicções que evoluem com o tempo.
Segundo a Pordata e a SGMAI, em 2014, o número total de eleitores era 9.457.671, dos quais apenas 3.278.481 foram votantes. 
A abstenção atingiu, pois, o elevadíssimo número de 6.179.190.
Dos valores disponíveis verifica-se que a abstenção tem aumentado.
Independentemente das dúvidas a que os números dos recenseamentos sempre dão lugar, as suas ordens de grandeza serão estas e a primeira coisa que salta à vista é o elevadíssimo número de abstenções, quase 60% do total de eleitores que, atendendo a um indesmentível abaixamento da popularidade dos políticos e das desconfianças que, alguns deles, geram, só pode ter tendência a aumentar.
Não vejo que as sondagens traduzam tal fenómeno nas percentagens que apresentam nem que uma amostra de pouco mais de 1000 pessoas possa representar um universo tão maior e tão complexo como é o dos milhões de eleitores dispersos por milhares de aglomerados populacionais.
A escolha da amostra baseia-se no conhecimento de tendências verificadas no passado que mudanças claras na compreensão da realidade certamente cada vez mais alteram.
Decerto por isso se têm verificado, em diversos países, profundas discrepâncias entre os valores indicados pelas sondagens e os realmente apurados.
Também acontecimentos políticos recentes e as suas consequências não deixarão de ter influência na decisão dos eleitores na hora de votar.
Veremos o que vai passar-se nas próximas eleições legislativas em Portugal.
Apenas me resta esperar que, em vez de preconceituosos, os portugueses sejam racionais no modo como vão decidir em momento de tamanha importância para o futuro porque, afinal, a tal "alternância democrática" não é a solução que o nosso correcto entendimento das coisas deve ser.


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