Um
texto publicado hoje num jornal, fala sobre sondagens, das que dizem respeito a
actos políticos, e questiona a sua importância.
Terão
elas o rigor bastante que qualquer indicativo deve ter para servir de
orientação fiável? Afinal as sondagens reflectem uma realidade ou
influenciam-na?
Quanto
ao rigor destas sondagens, tenho sérias dúvidas por diversas razões.
Uma
sondagem pretende determinar as características de um todo extenso através de
uma amostra reduzida, porém escolhida de tal modo que possua as características
médias do todo, porque só assim será uma amostra significativa.
A
escolha da amostra é a grande dificuldade pelo que exige técnicas que são
definidas consoante a natureza do todo que se pretende caracterizar, as quais
serão tanto mais complexas e difíceis quanto mais heterogéneo ele for. Mais
difícil ainda se o todo não for contínuo.
No
que diz respeito aos eleitores, o todo não é nem homogéneo nem contínuo, além
de não ser inerte porque se trata de seres humanos que têm vontade própria,
conhecimentos e convicções que evoluem com o tempo.
Segundo a Pordata e a SGMAI, em 2014, o número total de eleitores era 9.457.671, dos quais apenas 3.278.481 foram votantes.
A abstenção atingiu, pois, o elevadíssimo número de 6.179.190.
Dos valores disponíveis verifica-se que a abstenção tem aumentado.
A abstenção atingiu, pois, o elevadíssimo número de 6.179.190.
Dos valores disponíveis verifica-se que a abstenção tem aumentado.
Independentemente
das dúvidas a que os números dos recenseamentos sempre dão lugar, as suas ordens
de grandeza serão estas e a primeira coisa que salta à vista é o elevadíssimo
número de abstenções, quase 60% do total de eleitores que, atendendo a um
indesmentível abaixamento da popularidade dos políticos e das desconfianças
que, alguns deles, geram, só pode ter tendência a aumentar.
Não
vejo que as sondagens traduzam tal fenómeno nas percentagens que apresentam nem
que uma amostra de pouco mais de 1000 pessoas possa representar um universo tão
maior e tão complexo como é o dos milhões de eleitores dispersos por milhares
de aglomerados populacionais.
A
escolha da amostra baseia-se no conhecimento de tendências verificadas no
passado que mudanças claras na compreensão da realidade certamente cada vez
mais alteram.
Decerto
por isso se têm verificado, em diversos países, profundas discrepâncias entre
os valores indicados pelas sondagens e os realmente apurados.
Também acontecimentos políticos recentes e as suas consequências não deixarão de ter influência na decisão dos eleitores na hora de votar.
Veremos
o que vai passar-se nas próximas eleições legislativas em Portugal.
Apenas me resta esperar que, em vez de preconceituosos, os portugueses sejam racionais no modo como vão decidir em momento de tamanha importância para o futuro porque, afinal, a tal "alternância democrática" não é a solução que o nosso correcto entendimento das coisas deve ser.
Apenas me resta esperar que, em vez de preconceituosos, os portugueses sejam racionais no modo como vão decidir em momento de tamanha importância para o futuro porque, afinal, a tal "alternância democrática" não é a solução que o nosso correcto entendimento das coisas deve ser.
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