ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

sábado, 3 de setembro de 2011

AS CAUSAS DAS COISAS


Sempre achei interessante ouvir o que dizem ex-governantes ou, mesmo, os apoiantes de ex-governos quando outros estão no “poder”. É prestando atenção a estas coisas que se aprende o que a política realmente é, um jogo de faz-de-conta em que o povinho, ingenuamente ou não, participa.
Quando se tem a obrigação de governar tem que se justificar o que se faz, enquanto os que se lhe opõem podem ser irresponsáveis no que afirmam, dizendo apenas o que lhes parece que a maioria do povo gostaria de ouvir.
Por isto é muito mais fácil ser oposição do que ter a responsabilidade de governar porque, diga-se o que se disser, apenas os que estão de acordo se manifestam e ficam felizes.
São muitas as barbaridades que se dizem e que, apenas porque se trata de política, não têm, para quem as diz, as consequências que teriam se tivessem de falar a sério! Digo bem, falar a sério e perante quem tivesse capacidade para criticar.
Mas o “jogo” político é e sempre foi isto, fazer parecer que é o que conviria que fosse! Daí que os políticos nem precisem de ser grandes conhecedores seja do que for, bastando que tenham a “arte” de, em cada momento, perceberem o que mais sensibilizará as suas “vítimas” e fazer-lhes crer que seria assim que fariam se detivessem o poder. É o que fazem nas campanhas eleitorais e o que fazem quando não têm de governar. Por isso presto tanta atenção ao que os ex-governantes dizem, sobretudo quando, com a mais cândida desfaçatez, criticam os outros pelos males que eles próprios fizeram. E não abro aqui qualquer excepção!
Foram estes os pensamentos que me assaltaram quando li declarações do actual secretário-geral do PS, afirmando que “estão a dar cabo da classe média em Portugal”, referindo-se ao que o actual governo está a fazer quando aumenta impostos. O que Seguro não diz, porque os políticos nunca o dizem, é por que o governo tem de proceder assim.
Para tudo o que se faz existem dois tipos de causas, as remotas e as próximas, sendo estas últimas as que toda a gente recorda quando as coisas acontecem apesar de as mais importantes serem as primeiras. Por isso, Seguro apenas disse aquilo com que todos ou a maioria de nós está de acordo e, para ele, são as mais convenientes: as medidas do governo para combater a crise estão a deixar-nos cada vez mais pobres! É uma verdade para a maioria de nós. É, por isso, uma verdade que leva os incautos a aplaudi-lo incondicionalmente, sem cuidar de saber de mais nada.
Se estivesse no poder, Seguro diria que as razões destas medidas e, consequentemente, do nosso progressivo empobrecimento estão no estado de falência em que o anterior governo, emanado do partido que agora dirige, deixou o país depois de uma política incautamente despesista que duplicou a dívida nacional em pouco mais de cinco anos, para além de deixar muito lixo debaixo dos tapetes.
É esta a causa que Seguro omitiu mas que é a verdadeira causa dos sacrifícios que teremos de suportar. Outro qualquer político talvez fizesse igual. Naturalmente!

Sem comentários:

Enviar um comentário