Não acredito em bruxas mesmo que pareça que
as há, nem em fantasmas ainda que haja quem os cace, como não acredito nos
milagres que seria necessário acontecerem para que Nóvoa, com o que tem dito que
fará, dar a Portugal um rumo de felicidade como, decerto, pretende que seja aquele
“novo rumo” que lhe promete. Tal como outros já prometeram…
Parece-me um enviado do céu à procura dos
apóstolos que um “quem quiser vir que venha” lhe granjeará, esperando, depois, “que
as pessoas se organizem” para fazer vencer o projecto de mudança que, de todo,
não cabe nas funções de um PR a quem cabe fazer cumprir uma Constituição que não muda.
Pretensamente saído de um nada político que pareça garantir-lhe a independência que outros mais envolvidos não terão, parece-me um óbvio adepto do
voluntarismo, um crente no sucesso político que uma multidão de desiludidos jamais
lhe pode garantir.
Com um discurso onde não aparecem as ideias
novas que fariam a mudança, renova velhos pregões que em outros lugares a prova
já fez esquecer depois dos maus resultados que tiveram.
Joga no descontentamento e no enfado das
pessoas que estejam “um bocadinho cansadas … dos discursos de plástico, do
politicamente correto”, das quais espera ter a “confiança” com a qual, afirma,
as eleições se vão ganhar!
Considera a natural curiosidade de estranhos que
dele se aproximem e lhe façam perguntas, um “fenómeno de notoriedade” que
prenuncia a multidão de crentes que o farão vencer na continuidade de um
sistema falhado que as suas ideias, de todo, não alteram.
Foi o que senti na sua apresentação como “salvador
da pátria”.
Mas quem sabe ainda terei a surpresa de deixar de ouvir o discurso redondo e vago que tem usado para passar a ouvi-lo falar do que é importante mudar, sobretudo na consciência de todos nós,
para que o futuro não seja a desilusão que, quase por certo, virá a ser se
continuarmos a acreditar nos milagres que os fantasmas façam.É, pelo menos, o que esperaria de um ex-magnífico reitor da Universidade de Lisboa.
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