Tal
como acontece com o 25 de Abril, também o 1º de Maio envelheceu. Passaram 41
anos e, sem os sonhos então sonhados satisfeitos, pouco já resta da “certeza”
de que o regresso ao Paraíso ia pelo caminho certo.
Não
mudaram os temas nem as palavras de ordem. Nem mesmo a indignação contra o “inimigo”
que os manifestantes sempre vêem renovado em quem governa.
Afinal,
apenas se notam as mudanças que, nos actores, o tempo provocou, pois poucos outros
serão para além dos de outrora, envelhecidos e reduzidos dos muitos que já não
podem comparecer!
São,
por isso, obviamente muito menos e sem a energia que as manifestações que
seguiram o Abril 74 mostravam, sobretudo sem a esperança fulgurante que então
se vivia.
À
alegria de um sentimento de vitória sobre os que empatavam o progresso e não
concediam os direitos a que todos tinham direito, sucedem-se os queixumes de
quem, afinal, não soube agarrar a oportunidade. Porque as queixas não mudaram nada!
Parece
gente derrotada que se agarra a uma derradeira esperança que a alternância, que
muda os actores mas não as ideias, traga alguma coisa de diferente, mesmo que a
História lhes mostre que tal não basta para trazer!
O
que faltará para admitir que falhou a via escolhida mas na qual se insiste, esgotando
as reduzidas energias e perdendo o precioso pouco tempo que a realidade ainda
nos concede?
O
que se não entendeu, ainda, de que é um mundo diferente o da realidade que o
voluntarismo revolucionário não quer ver, assim pondo em risco os restos de
liberdade que de tamanho falhanço ainda resta?
Nem
mesmo nos planos de futuro com que os que ambicionam o poder nos querem cativar
existe a consciência da mudança necessária, pois neles se insiste num regresso ao passado que,
naturalmente, o tempo não consente, porque a era dos “milagres” que a
abundância, quando existia, permitiu, agora, esgotada, tornou uma miragem.
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