ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 2 de maio de 2015

O 1º DE MAIO


Tal como acontece com o 25 de Abril, também o 1º de Maio envelheceu. Passaram 41 anos e, sem os sonhos então sonhados satisfeitos, pouco já resta da “certeza” de que o regresso ao Paraíso ia pelo caminho certo.
Não mudaram os temas nem as palavras de ordem. Nem mesmo a indignação contra o “inimigo” que os manifestantes sempre vêem renovado em quem governa.
Afinal, apenas se notam as mudanças que, nos actores, o tempo provocou, pois poucos outros serão para além dos de outrora, envelhecidos e reduzidos dos muitos que já não podem comparecer!
São, por isso, obviamente muito menos e sem a energia que as manifestações que seguiram o Abril 74 mostravam, sobretudo sem a esperança fulgurante que então se vivia.
À alegria de um sentimento de vitória sobre os que empatavam o progresso e não concediam os direitos a que todos tinham direito, sucedem-se os queixumes de quem, afinal, não soube agarrar a oportunidade. Porque as queixas não mudaram nada!
Parece gente derrotada que se agarra a uma derradeira esperança que a alternância, que muda os actores mas não as ideias, traga alguma coisa de diferente, mesmo que a História lhes mostre que tal não basta para trazer!
O que faltará para admitir que falhou a via escolhida mas na qual se insiste, esgotando as reduzidas energias e perdendo o precioso pouco tempo que a realidade ainda nos concede?
O que se não entendeu, ainda, de que é um mundo diferente o da realidade que o voluntarismo revolucionário não quer ver, assim pondo em risco os restos de liberdade que de tamanho falhanço ainda resta?
Nem mesmo nos planos de futuro com que os que ambicionam o poder nos querem cativar existe a consciência da mudança necessária, pois neles se insiste num regresso ao passado que, naturalmente, o tempo não consente, porque a era dos “milagres” que a abundância, quando existia, permitiu, agora, esgotada, tornou uma miragem. 


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