O FMI parece não conhecer outra receita
senão a do corte de salários e de pensões para resolver os problemas
estruturais que diz existirem!
Mas os salários e as pensões não são a
causa de tais problemas, porque são a sua consequência. Por isso, jamais passará
por eles qualquer solução.
Os problemas que nos afectam resultam de
uma acumulação excessiva de erros dos que decidem sem olhar para os limites a
que as suas decisões conduzem e, assim, para as consequências dos objectivos
dos seus planos de futuro.
O modelo económico que escolhemos para o
desenvolvimento é a negação absoluta de tais limites que, infelizmente, existem
e estão cada vez mais próximos.
Aliás, ao que nos levariam as recomendações
do FMI no seu limite que seria trabalhar sem salários e sobreviver sem pensões?
Parece que, finalmente, se tornará uma
realidade a profecia de Marx, a de um fosso intransponível que medidas como as
do FMI estão a cavar.
Há muito que o “mundo evoluído” definiu
como limite sermos todos “doutores” a quem a bolsa enorme dos
“subdesenvolvidos” garante a mão-de-obra necessária para aqueles serviços aos
quais esta geração, à qual chamam “altamente qualificada”, naturalmente se não
presta.
Um modelo mundial que, para além de outros
limites próprios da natureza finita dos recursos naturais e das condições
ambientais necessárias à própria vida, também tem nestas reservas humanas um
limite que uma revolta de consciência pode aproximar rapidamente.
Não são, pois, estruturais os problemas que
nos afectam porque já me não parece haver como corrigir estruturas
desapropriadas a uma realidade a que se não adaptam. São questões mais
profundas que obrigarão a adaptações difíceis e dolorosas.
Mas o futuro está à porta. Um futuro que
nos recordará que fomos condenados a comer o pão amassado com o suor do rosto,
não com os ganhos na bolsa…
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