Todos sabemos como cumprir promessas não é
fácil. Sabemo-lo por nós, pelos outros e, também, pelos políticos que, tal como
qualquer mortal, na hora do aperto as fazem também.
A caminho de Fátima morrem peregrinos e a
caminho do futuro definham os que não têm quem os conduza à prometida terra de
leite e de mel.
Qual é o mérito que têm os sacrifícios que as
promessas comportam para os vulgares seres humanos que nelas colocam a última
esperança de evitar ou reverter um mal qualquer, é coisa que só Deus sabe. Mas
para os políticos, os sacrifícios não vão além das caminhadas a que a campanha
eleitoral obriga, dos cínicos sorrisos simpáticos, dos abraços e dos apertos de
mão que têm de distribuir aos milhares durante uns quantos dias que, depois,
ficam nas suas memórias como uma grande chatice que não puderam evitar mas que
depressa se esvai no gozo das vantagens conseguidas.
E se, apesar de tudo, não conseguiram o
resultado que ambicionavam, pelo menos tiveram os seus momentos de “glória” nos
discursos inflamados que fizeram, nas fotografias que os jornais publicaram e
nas fugazes referências que a televisão possa ter feito. E, para alguns deles, ainda
haverá lugarzinhos na casa dos passos perdidos, bem remunerados e com outras
mordomias inimagináveis para os infelizes que lhos garantiram.
Daí a uns tempos haverá mais e novas
romarias serão feitas neste festival constante que se faz em nome da razão da
maioria.
Há quatro dezenas de anos que vejo isto e a
maior diferença que noto será na intensidade que, com o tempo, decresceu. Já
não oiço aqueles discursos que pareciam saídos do fundo da alma de quem está
seguro das verdades que diz e de poder cumprir tudo aquilo que promete. Ilusões,
enfim.
Hoje, a arte é fazer crer que é, aquilo que
se deseja que fosse, para que o povo pense que é mesmo assim.
O tempo passou e a verdade revelou-se na
inutilidade das promessas que, todos já demos por isso, excedem o que se pode
cumprir mas que, mesmo assim, sempre fazem eco em quem espera o tacho que ainda
não tem ou, na falta de outros caminhos para uma vida melhor, espera da simples
alternância o que ela não pode garantir. Por isso haverá, de seguida, outras
mudanças que as regras democráticas garantem.
No momento, serão o desemprego e as pensões
de reforma os temas que mais valerá a pena explorar porque, em conjunto,
desempregados e pensionistas são uma maioria que nenhum candidato pode
desprezar.
Por isso, prometer empregos e garantir
pensões são um investimento com retorno seguro naqueles que, há falta de
melhor, terão de acreditar nas mentiras de “quem der mais”.
Eu não deveria dizer nem diria nada disto
se os políticos, em vez da fantasia em que se movem, levassem em conta a cruel
realidade que cada vez grita mais alto os perigos da estupidez que a não quer
escutar e me faz acreditar, cada vez mais também, que só vêem o muro que barra o
caminho aqueles que nele batem forte com a cabeça, porque os empregos nascem de
promessas que, obviamente, também não pagam pensões.
Que comece a festa!
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