ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 2 de agosto de 2016

COISAS DE CORRUPÇÃO



Ontem li um texto que dizia ter um “estudo” revelado ser o governo português o quinto mais corrupto do mundo.
Tornou-se um hábito chamar “estudo” a qualquer coisa que se faz e permite chegar a uma conclusão. Seja ela qual for.
E, sendo um “estudo”, há que prestar-lhe toda a reverência devida às coisas sérias e, por isso, não se pode por em causa a sua credibilidade.
A maioria aceita o que qualquer “estudo” lhe impinja e até os meios de comunicação social os divulgam sem qualquer contestação.
O “estudo” banalizou-se de tal modo que se considera investigador o que diga que quando se dá um pontapé numa pedra fica a doer o pé ou que “fica surdo” o gafanhoto ao qual se cortaram todas as patas porque, cortando-as uma a uma até última, quando incitado a saltar, o não fez como antes fazia.
Um estudo exige uma preparação prévia muito cuidada, uma execução bem planeada e, por fim, que as conclusões sejam o resultado de uma análise cuidadosa e confirmada dos resultados obtidos.
Não me digam ser uma conclusão aceitável a que resulta de um simples inquérito ao povo de um país, a propósito da corrupção que possa haver no seu governo! Sobretudo nesta altura em que a incompetência política se tornou óbvia e as promessas de melhorias são, sistematicamente, um engano em que os eleitores sempre caem.
Sem que, com isto, pretenda passar ao nosso governo qualquer certidão de santidade, facilmente encontraria, por esse mundo fora, uma ou duas dúzias de outros governos onde a corrupção é, de longe, mais evidente.
Mas que a corrupção existe, não há a menor dúvida. Alastra e toma formas cada vez mais surpreendentes, sendo quase inevitável admitir que existe seja onde for, porque o “maldito dinheiro” exerce uma enorme atracção e possuí-lo foi-se tornando sinal de "sabedoria e de poder", o que atira os verdadeiros grandes homens sábios que o mundo teve e tem, para o monte dos imbecis indiferenciados!
***
Hoje leio que Figo, um jogador de futebol que ganhou uma bola de oiro havia dito, a propósito de uma candidatura à FIFA da qual desistiu depois, que “foi uma experiência enorme para mim. Dei o passo no momento certo da minha carreira. Avancei quando senti que o organismo mundial precisava da minha ajuda. Mas depois decidi recuar, porque percebi que nada poderia fazer para evitar a corrupção que denunciei”.
E mais uma vez, tratando-se de corrupção, esse hábito que parece ser o mais comum de todos quantos há, é difícil de entender o que se diz. Não seria a corrupção que havia denunciado um dos males pelos quais a FIFA necessitaria da ajuda que Figo se julgava capaz de dar-lhe e, por isso, a maior razão para concorrer?
Fiquei sem entender, pois, por que razão Figo entende que a FIFA precisava dele!
E aqui poderia começar uma divagação, a que poderia também, chamar "estudo" e sabe-se lá a que conclusões chegaria.

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