ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

O PECADO ORIGINAL



(A propósito de:

D. Manuel Clemente, Cardeal de Lisboa, defendeu o dever de a Igreja propor a vida em continência, isto é, sem relações sexuais, aos recasados cujos anteriores matrimónios não possam ser declarados nulos …)


Nasci numa família católica e fui educado nos seus princípios que, na medida em que as forças mo permitiam, cumpria, com o que sentia completa satisfação.
O tempo passou, cresci, o mundo mudou e da realidade fui tendo mais profundo conhecimento, ao mesmo tempo que o meu desejo de entender procurava explicações e respostas para as dúvidas que o que me fora ensinado começava a colocar-me.
A Fé não me respondia, pois apenas me dizia que é assim e pronto.
A história da Igreja realçou-me as fraquezas que também tem, próprias da sua natureza humana, tal como Deus a fez, mostrando-me como algumas das suas atitudes se não conformam com alguns dos princípios sagrados que proclama.
E foi assim que, sem por em causa a realidade superior que é Deus, uma realidade que os meus conhecimentos científicos, assim como a minha longa experiência de vida, de todo não contestam, fui construindo a minha realidade espiritual que reforçou muitos dos princípios que herdei, me faz duvidar de outros e, até, contestar alguns.
Deus deixou de ser o pai vingador que só tem duros castigos quando a fraqueza dos seres que criou não permite evitar maiores ou menores deslizes na vida em que o amor entre “irmãos” deve prevalecer e passou a ser o “amigo” que ampara e se aproxima para confortar nas horas de sofrimento, sem afastar, definitivamente, ninguém.
Entendi, finalmente, o paraíso perdido e a dor da vida que o pode reconquistar, sem necessidade de flagelações inúteis.
Por maior que seja o meu deslize, oiço o chamamento de Deus em vez do afastamento que alguns princípios da Igreja impõem.
Por tudo isto me sinto afrontado quando ilustres “Eminências”, decerto desconhecedores da vida que se dispuseram a não viver, pelo menos às claras, fazem propostas ou determinações sem sentido como o é a “abstinência sexual” nos casais recasados!
Refiro-me a casais que, depois de um equívoco qualquer, o amor acabou por unir e não querem estar afastados de Deus e, muito menos, esconder o seu desejo.
Este seria um outro assunto necessário de reflectir, no qual incluo o próprio celibato obrigatório dos padres que reforça a ideia de ser pecado a origem da própria vida!

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