(A propósito de:
Nasci numa família católica e fui educado nos seus princípios que, na medida em que as forças mo permitiam, cumpria, com o que sentia completa satisfação.
D. Manuel Clemente, Cardeal de Lisboa, defendeu
o dever de a Igreja propor a vida em continência, isto é, sem relações sexuais,
aos recasados cujos anteriores matrimónios não possam ser declarados nulos …)
Nasci numa família católica e fui educado nos seus princípios que, na medida em que as forças mo permitiam, cumpria, com o que sentia completa satisfação.
O tempo passou, cresci, o mundo mudou e da
realidade fui tendo mais profundo conhecimento, ao mesmo tempo que o meu desejo
de entender procurava explicações e respostas para as dúvidas que o que me fora
ensinado começava a colocar-me.
A Fé não me respondia, pois apenas me dizia
que é assim e pronto.
A história da Igreja realçou-me as fraquezas que
também tem, próprias da sua natureza humana, tal como Deus a fez, mostrando-me
como algumas das suas atitudes se não conformam com alguns dos princípios sagrados
que proclama.
E foi assim que, sem por em causa a realidade
superior que é Deus, uma realidade que os meus conhecimentos científicos, assim
como a minha longa experiência de vida, de todo não contestam, fui construindo a
minha realidade espiritual que reforçou muitos dos princípios que herdei, me
faz duvidar de outros e, até, contestar alguns.
Deus deixou de ser o pai vingador que só
tem duros castigos quando a fraqueza dos seres que criou não permite evitar
maiores ou menores deslizes na vida em que o amor entre “irmãos” deve prevalecer
e passou a ser o “amigo” que ampara e se aproxima para confortar nas horas de
sofrimento, sem afastar, definitivamente, ninguém.
Entendi, finalmente, o paraíso perdido e a
dor da vida que o pode reconquistar, sem necessidade de flagelações inúteis.
Por maior que seja o meu deslize, oiço o chamamento
de Deus em vez do afastamento que alguns princípios da Igreja impõem.
Por tudo isto me sinto afrontado quando
ilustres “Eminências”, decerto desconhecedores da vida que se dispuseram a não
viver, pelo menos às claras, fazem propostas ou determinações sem sentido como o é a “abstinência
sexual” nos casais recasados!
Refiro-me a casais que, depois de um equívoco
qualquer, o amor acabou por unir e não querem estar afastados de Deus e, muito menos, esconder o seu desejo.
Este seria um outro assunto necessário de
reflectir, no qual incluo o próprio celibato obrigatório dos padres que reforça
a ideia de ser pecado a origem da própria vida!
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