Tenho ouvido falar na intenção de proibir os
sacos de plástico não biodegradáveis, daqueles que, a cada dia, se consomem aos
milhões para transportar as compras feitas nos supermercados e outras coisas.
É verdade que o plástico dá muito jeito, é de
uma utilidade enorme, mas há muito que se tornou numa praga que faz do mundo um
verdadeiro e perigoso caixote do lixo.
Leve, barato, adaptável a variadíssimas utilizações,
o plástico tornou-se praticamente indispensável e é, por isso, dos materiais
mais utilizados no dia a dia.
Ocupa, pois, um lugar cimeiro no lixo que
produzimos e do qual, depois, temos de nos desembaraçar, simplesmente
deitando-o no chão, nos rios, nos lagos, no mar ou depositando-o em lixeiras a maioria sem controlo.
Porque a sua decomposição necessita de um
longo período de tempo, centenas de anos, é fácil encontrar restos de plástico
em qualquer lado. Como o mar acaba por ser o depósito final de tudo que as
escorrências sobre os continentes arrastam, a quantidade de plástico que nele
se acumula é já imensa, formando enormes ilhas flutuantes nos vários oceanos,
cuja área se mede já por milhões de quilómetros quadrados.
Os plásticos vão endurecendo, dividindo-se em
partículas menores, algumas tão pequenas que se misturam com o plâncton de que
os peixes se alimentam, assim originando problemas directos que afectam e vão
destruindo o seu aparelho digestivo e indirectos que derivam da toxicidade que
acumulam no seu corpo que, mais tarde, pode fazer parte da nossa alimentação.
Os seres vivos aquáticos encontram-se, pois,
vulneráveis aos plásticos, sobretudo o de menores dimensões que se acumulam nos
seus corpos com a água que aspiram para respirar ou engolem quando se alimentam
de peixes menores.
Até os peixes e em outros seres vivos
marinhos de grandes dimensões que acumulam, nos seus corpos, quantidades enormes de
plásticos, medindo-se por muitas centenas de quilogramas a quantidade de
plástico que tem sido encontrada e carcaças de baleias, por exemplo.
Os cientistas investigam os riscos dos
microplásticos que são graves, desde a redução nutricional que a destruição do
sistema digestivo dos animais provoca, assim como a acumulação de toxinas que
afecta a reprodução das espécies.
Já são graves e muito bem visíveis os
problemas causados pela redução das quantidades pescadas pela redução das
populações aquáticas, a qual não resulta apenas das quantidades crescentes de pesca
imposta pelas necessidades alimentares de uma população cada vez mais numerosa,
mas também pelos efeitos da toxicidade dos plásticos que afecta os processos
biológicos do crescimento e da reprodução destes animais.
A enorme acumulação de plásticos nos oceanos
não tem apenas estes efeitos referidos mas contribui, também, para a redução da
sua capacidade de absorção de dióxido de carbónico que, conjuntamente com a
excessiva redução das florestas húmidas, faz crescer a sua concentração na
atmosférica, o que aumenta o efeito de estufa que é causa das alterações
climáticas que já tantos danos nos causam.
Estou certo, porém, que não será ainda durante a minha vida que, apesar dos riscos sérios que dela resultam, se acabará com a utilização dos sacos de plástico.
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