Olhando de relance a TV, reparei
que alguém estava a comentar uma notícia, creio que do Expresso, que diz
ponderarem as Universidades “multarem” alunos. Infelizmente o tema estava já no
fim e não pude ler a notícia, mas creio que será uma atitude punitiva para os
que não cumpram os deveres que a sua condição de estudantes universitários lhes
impõe.
Reconheceu o comentador que os
alunos universitários já são adultos responsáveis e, por isso, não se justifica
a responsabilidade que, nos outros níveis de ensino, caberá aos pais. Reconheceu,
também, que há alunos que mandam sms, conversam, etc em
vez de estarem atentos e a trabalhar. Apesar disso, pareceu-me não estar o
comentador de acordo com o que se pretende fazer, como depreendi de um exemplo
que apontou.
Diz ele que há professores que
expulsam alunos mal comportados das aulas o que, em seu parecer, é como que voltar
o copo ao contrário pois, se não se sente bem, será o professor quem deve sair!
A opinião deixar-me-ia preocupado se eu não soubesse já como pensam certas
cabeças “ultra-democráticas” que até fazem da bagunça e do desperdício um
direito. Que importa se o Estado investe numa educação que os alunos não querem
aproveitar? Será o professor um serventuário dos alunos que podem fazer na aula
o que quiserem? Afinal o que é uma aula?Será que ainda vale o obsceno "teacher leave the kids alone"?
Vir debitar isto na TV pareceu-me
de uma enorme leviandade, mesmo admitindo que a cada um assiste o direito de
pensar o que quiser. Aliás, em democracia o disparate é livre. Por isso haverá
tantos.
Fui professor universitário ao
longo de muitos anos e, naturalmente, dei-me conta de alunos cujo comportamento
não é o de quem pretende aprender mas, apenas, o de quem anda por ali na
perspectiva de passar. Felizmente eram poucos os que assim procediam e,
rapidamente, uma intervenção oportuna era bastante para acabar com as atitudes
dos que perturbavam o trabalho do professor e dos colegas. Se necessário,
seriam convidados a abandonar a aula que perturbavam.
Perante isto, a reacção dos
demais alunos é determinante. Se, porventura, se rebelassem contra a medida do
professor para acabar com a perturbação que prejudicava a aula, então aí o
comentador teria razão e seria eu quem sairia. Mas jamais assim aconteceu. Bem
pelo contrário, casos houve de alunos que me confidenciaram ter sido a minha
atitude, não bruta mas pedagógica, que os ajudou a abandonar algumas atitudes
que, agora, reconheciam impróprias de quem pretende adquirir uma formação
superior.
Todos os níveis de ensino são da
maior importância, mas o ensino superior é a porta directa para a vida
profissional e social que apenas poderá ter o nível que os formados tiverem.
Não terá lugar no ensino superior, para além da parte científica e técnica, a formação
social que o viver em sociedade exige? Ou cada um faz o que quer mesmo que
prejudique os outros?
Porque será que aos “chineleiros”
o pé sempre puxa para o chinelo?
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