ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 15 de setembro de 2012

AFINAL O QUE É UMA AULA NA UNIVERSIDADE?



Olhando de relance a TV, reparei que alguém estava a comentar uma notícia, creio que do Expresso, que diz ponderarem as Universidades “multarem” alunos. Infelizmente o tema estava já no fim e não pude ler a notícia, mas creio que será uma atitude punitiva para os que não cumpram os deveres que a sua condição de estudantes universitários lhes impõe.
Reconheceu o comentador que os alunos universitários já são adultos responsáveis e, por isso, não se justifica a responsabilidade que, nos outros níveis de ensino, caberá aos pais. Reconheceu, também, que há alunos que mandam sms, conversam, etc em vez de estarem atentos e a trabalhar. Apesar disso, pareceu-me não estar o comentador de acordo com o que se pretende fazer, como depreendi de um exemplo que apontou.
Diz ele que há professores que expulsam alunos mal comportados das aulas o que, em seu parecer, é como que voltar o copo ao contrário pois, se não se sente bem, será o professor quem deve sair! A opinião deixar-me-ia preocupado se eu não soubesse já como pensam certas cabeças “ultra-democráticas” que até fazem da bagunça e do desperdício um direito. Que importa se o Estado investe numa educação que os alunos não querem aproveitar? Será o professor um serventuário dos alunos que podem fazer na aula o que quiserem? Afinal o que é uma aula?Será que ainda vale o obsceno "teacher leave the kids alone"?
Vir debitar isto na TV pareceu-me de uma enorme leviandade, mesmo admitindo que a cada um assiste o direito de pensar o que quiser. Aliás, em democracia o disparate é livre. Por isso haverá tantos.
Fui professor universitário ao longo de muitos anos e, naturalmente, dei-me conta de alunos cujo comportamento não é o de quem pretende aprender mas, apenas, o de quem anda por ali na perspectiva de passar. Felizmente eram poucos os que assim procediam e, rapidamente, uma intervenção oportuna era bastante para acabar com as atitudes dos que perturbavam o trabalho do professor e dos colegas. Se necessário, seriam convidados a abandonar a aula que perturbavam.
Perante isto, a reacção dos demais alunos é determinante. Se, porventura, se rebelassem contra a medida do professor para acabar com a perturbação que prejudicava a aula, então aí o comentador teria razão e seria eu quem sairia. Mas jamais assim aconteceu. Bem pelo contrário, casos houve de alunos que me confidenciaram ter sido a minha atitude, não bruta mas pedagógica, que os ajudou a abandonar algumas atitudes que, agora, reconheciam impróprias de quem pretende adquirir uma formação superior.
Todos os níveis de ensino são da maior importância, mas o ensino superior é a porta directa para a vida profissional e social que apenas poderá ter o nível que os formados tiverem. Não terá lugar no ensino superior, para além da parte científica e técnica, a formação social que o viver em sociedade exige? Ou cada um faz o que quer mesmo que prejudique os outros?
Porque será que aos “chineleiros” o pé sempre puxa para o chinelo?

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