Um trabalho da jornalista Maria
Martins, publicado no Expresso, tem como introdução “Perguntamos a alunos, professores e especialistas se era benéfico fazer
uma paragem a meio do curso para ganhar experiência profissional e desenvolver
competências que não se aprendem na universidade. A resposta é sim”.
A autora do trabalho cita o caso de alguém que, depois de três anos do
curso de Administração e Gestão de Empresas da Universidade Católica, resolveu
envolver-se no mercado antes do mestrado, no que foi e está a ser muito bem
sucedido.
Depois de “Bolonha” cuja intenção não parece ser mais do que aumentar a
“produtividade” das escolas que produzem doutores em vez de melhorar a
qualidade da preparação dos futuros profissionais, o “ensino empacotado”
apresenta, quanto a mim, diversos inconvenientes que se reflectem na formação
final e na qualidade do seu trabalho.
Em primeiro lugar saliento, na maioria dos casos, a excessiva redução do
tempo ao fim do qual alguém é dado como apto para o exercício de uma profissão
que exige formação superior. A aquisição de saber precisa de tempo de maturação
que os cursos comprimidos lhe não proporcionam. Decerto por isso é considerada
boa prática “dormir sobre o assunto” quando se trata de tomar decisões mais
difíceis. O tempo é indispensável na experiência que do saber também faz parte.
Depois, um drástico empobrecimento dos currículos reduz a área do conhecimento
global dos “especialistas” que um dado curso produz, os quais, deste modo, têm
à volta do seu conhecimento específico enormes lacunas de saber que lhe não
permitem um relacionamento fácil com “especialistas” em outras matérias.
Finalmente, uma total falta de planeamento que torne claros projectos de
futuro para que não haja investimentos em formação distorcidos em função das
necessidades. Por exemplo, para que não haja cada vez mais professores quando o
número de alunos, ano a ano, se reduz!
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