Ao longo do dia, ouvi diversos
críticos, de quase todos os quadrantes políticos, dizerem que o governo tem de
recuar nas medidas anunciadas. Também ouvi quem entenda, ao contrário do PS que
avidamente anseia pelo regresso ao poder e de outras “esquerdas” para as quais
derrubar governos é a solução, que tal será preferível a uma crise política da
qual resultariam graves consequências. Mas não creio que seja possível ir além
de alguns pequenos ajustamentos que, em termos de alívio da austeridade, serão
pouco significativos.
Não me parece que a qualquer
outro governo fosse possível, nas condições actuais, fazer muito diferente
porque as medidas adequadas exigiriam um trabalho de preparação que, tudo indicia,
não foi feito. Por isso são sempre soluções de emergência e não planeadas as que são
decididas.
Desde Louçã, a Jerónimo de Sousa
e a Bagão Félix, entre outros, todos afirmam ser urgente prosseguir outro
caminho que nenhum deles diz qual seja! Todos falam de soluções de pormenor que
não vão além de medidas próprias da “ideologia” obsoleta de uns e das técnicas “economicistas”
de outros, quando o problema é bem mais vasto e tem a ver com um modelo de vida
que se tornou insustentável. Apesar disso, a Portugal não resta, por enquanto,
outro caminho que não seja o de regularizar as finanças antes de prosseguir o que é próprio da sua natureza e das suas capacidades que, infelizmente,
não tem sabido aproveitar.
Bom seria que o governo tivesse
planeado um "combate à austeridade" que a ruptura financeira a que
chegámos não permitiu evitar de início.
Desde então, a adopção de um plano de ajustamento da economia de modo a, progressivamente, substituir as medidas de
excepção sucessivamente adoptadas por medidas estruturais oportunamente planeadas,
seria o caminho certo!
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