Escutei a comunicação que Passos
fez ao país para anunciar as medidas alternativas àquelas que o Tribunal
Constitucional havia decretado inconstitucionais, a atitude mal pensada que despoletou
toda esta bagunça!
Ficou para mim claro que a
intenção de Passos não foi além disso mesmo, anunciar as medidas de
substituição, as quais sabíamos que teriam de ser tomadas e no que se não
poderia esperar muito mais do que o que foi anunciado.
Foi evidente para mim que outras
medidas também necessárias, sobretudo as que dizem respeito à derrapagem
orçamental que compromete a meta do “défice” fixado para este ano, terão de ser
tomadas também e, naturalmente, anunciadas a este país sobre brasas pelas
consequências da austeridade a que o obrigam. Se deveriam ter sido anunciadas em
conjunto com estas ou não, não vou aqui discutir, pois até talvez ainda não
estejam decididas, pois as negociações com a Troika são decisivas nesta
questão. Então deveriam estas medidas de substituição ter esperado para serem
anunciadas? Penso que não necessariamente porque se trata de coisas diferentes.
Mas cada um sente o que sente e nem todos vivemos esta luta difícil com os
mesmos níveis de ansiedade.
Para além disso, os “comentadores”
sempre têm necessidade de encontrar razões para criticar negativamente, para mostrar como eles é que saberiam como fazer porque,
sem isso, perde razão de ser a sua existência e lá se vão os proveitos que os seus
dons de oratória e a sagacidade brejeira lhes granjeiam.
O anúncio de Passos foi para mim,
um cidadão daqueles que continua a ver cortados os subsídios de férias e de
Natal que parecia que o TC me havia reposto por serem inconstitucionais, uma
daquelas coisas esperadas que, apesar de dolorosas, não podem deixar de ser
feitas. Mas para muito analistas (como Marcelo Rebelo de Sousa, por exemplo) foi
a oportunidade pela qual esperavam para se juntar ao coro de D Januário, de
Otelo e de Jardim que, parece-me, começa a ganhar foros de “movimento nacional”.
É óbvio que outras medidas terão
de ser tomadas e anunciadas. Eu, pelo menos, já espero por elas, as tais que os
recalcitrantes dizem ter faltado.
Apesar de não ter contribuído para a "crise" com gastos excessivos nem endividamentos de novo rico que muitos gostariam de voltar a julgar que são, sei que tenho de aceitar este azar que me bateu à porta neste país de desgovernados.
Apesar de não ter contribuído para a "crise" com gastos excessivos nem endividamentos de novo rico que muitos gostariam de voltar a julgar que são, sei que tenho de aceitar este azar que me bateu à porta neste país de desgovernados.
Enfim, não vou discutir questões
de oportunidade de anúncios de medidas quando sei que a “chaga” continua aberta
e vai continuar a doer, digam os “espertos” o que disserem, sejam os
governantes quais forem. Nem que seja o sábio Marcelo a governar, uma via
política na qual nem conseguiu ser bem sucedido. A via grega está aí! É
pena que a sigamos em vez das que a Irlanda e a Islândia adoptaram com
mais sucesso.
Há quem veja na Democracia o
mesmo que outros viam no Livro Verde de Komheini ou no Livro Vermelho de Mao,
a solução de todos os males. De facto, todos têm algo em comum, a presunção de
que não é preciso pensar porque é bastante o que neles esteja escrito, nem que
sejam disparates.
Senão digam-me, que sentido faz
falar de constitucionalidade quando a casa está a arder? Ora, todos sabemos
que, em tempo de guerra se não limpam armas nem se fala de direitos que as
condições não podem garantir.
Ainda não entenderam que as
coisas jamais voltarão a ser como dantes? Ainda se não deram conta que as “leis”
das ciências que inventaram – sejam as políticas, as económicas ou de direito –
perderam muitos dos seus campos de aplicação e que apenas uma solução nos resta
que, como o povo diz, é “pegar o toiro pelos cornos” se não queremos correr o
risco de ser colhidos? Talvez então nunca mais consigam aprender.
Quanto a Passos, não me parece
que esteja a revelar aquela “esperteza saloia” que os políticos usam, a arte e
a manha com que, diz também o povo, se mete a tranca no cu da aranha. Mas é uma
tarefa inútil a sua, a de tentar governar um ninho de vespas. Além de me
parecerem perfeitamente inúteis os esforços para recuperar o que não se pode
recuperar.
Por isso hoje lhe chamo apenas
Passos, talvez o Senhor dos Passos que teve de conduzir, às costas, a cruz em
que foi crucificado.
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