Obviamente, não podiam os
socialistas deixar de ficar sentidos com a afirmação de ter acabado "o
tempo da impunidade" feita pela ministra da Justiça, os quais, obviamente
também, teriam de tecer as mais graves acusações e, até, pedir a sua demissão.
Não param os socialistas de
apontar as manifestações cívicas dos portugueses como uma chamada de atenção
que o governo deve considerar nas suas decisões. E nisso apenas posso dar-lhes toda
a razão, assim como entender como boa a atitude do governo em as escutar. Mas
nisto, como em todas as coisas, há que manter uma coerência que os socialistas
não manifestam nesta sua atitude de “pedir a cabeça” da Ministra que, muito
bem, considera que há que acabar com a impunidade, o que significa que a
Justiça deve agir com a “cegueira” que lhe é própria, sem olhar a quem seja
objecto da sua investigação ou punição, como lhe impõe a sociedade em nome da
qual exerce a sua autoridade.
São inúmeras já as “petições” que
percorrem a net, pedindo a “responsabilização
civil e criminal para os políticos portugueses”, as quais, sem dúvida, se
inspiram em factos que vamos conhecendo sobre possíveis “participações em
negócio”, recebimento de “luvas”, cedências em contratos lesivos para o Estado
Português e outros, às quais a afirmação da Ministra parece ser uma resposta.
A net tornou-se numa forma
simples e rápida de comunicação, para a troca de ideias e até para convocatórias
para manifestações que podem ser da dimensão das últimas que tiveram lugar, pelo
que não são de desdenhar estas petições que, por certo terão a adesão de muitos
cidadãos.
Compreendem-se facilmente as
queixas socialistas, como se compreenderiam as de outros quaisquer se pelas
mesmas razões, porque ninguém se queixa sem lhe doer. E são já diversas as
lesões na massa socialista que devem doer bastante…
Mas não são de levar em conta
porque mais importante é, sem dúvida, por um fim à impunidade de “crimes contra
a sociedade” que os políticos possam cometer e não podem ser saldados num
simples julgamento político, sejam simples manifestações, actos eleitorais ou outros que não os tribunais.
Acabem os julgamentos nas urnas
que devem servir, sim, para enterrar a impunidade.
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