Esta expressão engraçada que usam
os nossos irmãos brasileiros, parece-se ser a mais adequada para uma chamada de
atenção neste momento complicado que vivemos.
Quando sofremos as agruras de uma
austeridade já excessiva que demasiadas leviandades provocaram, da qual
culpamos quem, mesmo que com falta de jeito, a tenta remediar mais do que culpamos
quem a causou, é natural que ponhamos as nossas dores acima da nossa capacidade de entendimento. É natural pensar, simplesmente, que é injusto este castigo duro que, por culpa de outros,
estamos sofrendo. Por isso reclamamos, mas nem sempre o fazemos na medida justa
das razões que tenhamos.
Culpo este governo por não ter
sido suficientemente lesto na preparação de outras medidas que aliviassem as
que se viu obrigado a tomar, mas não posso esquecer, porque isso é que seria
injusto, quem conduziu o país à situação de quase indigente que perde o direito
de ele próprio se governar.
Culpo este governo pelo “autismo”
que revela quando não mostra a todos nós a verdadeira situação que vivemos,
explicando, como lhe compete, as razões das atitudes que toma, quando não
esclarece as razões de ser da dureza das medidas que impõe.
Culpo este governo de uma
absoluta falta de coordenação política que leva a atitudes perigosas para a
estabilidade política em Portugal.
Culpo este governo por não ter em
conta as atitudes sensatas que alguns, com uma experiência bem maior do que a
sua juventude lhe consente, lhe sugerem.
Culpo este governo, até, de
alguma insensibilidade social que a sua ânsia de resolver problemas financeiros
mais embota.
Mas, por maiores e mais justas que sejam
estas minhas críticas, não me posso esquecer de outras coisas que certos “olhinhos
de carneiro mal morto” tudo fazem para que me esqueça. Sejam o ar cândido de
Seguro, a imagem inexpressiva de Zorrinho ou a empáfia desbotada de Soares
quando tentam desviar as atenções das enormidades que o seu partido cometeu em
governos que formou, pelas quais muitos deveriam ter um julgamento para além do
político! Não posso deixar de pensar na causa de muitos dramas que os “cânticos
das sereias” foram. E é tão fácil levar à certa os que sofrem e os tolos que não querem ou não sabem pensar!
E se isso não bastasse, aí veio,
agora, a despudorada Troika lembrar que as medidas adoptadas fazem parte do
acordo assinado com Portugal (e por quem?) e que a próxima fatia da assistência
financeira ainda não está decidida!
Apesar das dores que me causa
esta austeridade cuja alternativa seria uma generalizada e bagunceira miséria,
tenho de conter a minha atitude ao insistente pedido para que o governo faça, a
tempo ainda de um OE 2013 menos injusto, aquilo que deve fazer, doa a quem doer, para poder aliviar os
tormentos dos que, é da tradição, sempre são os primeiros e os mais
sacrificados. Eu, entre eles!
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