ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

CAIR NA REAL…



Esta expressão engraçada que usam os nossos irmãos brasileiros, parece-se ser a mais adequada para uma chamada de atenção neste momento complicado que vivemos.
Quando sofremos as agruras de uma austeridade já excessiva que demasiadas leviandades provocaram, da qual culpamos quem, mesmo que com falta de jeito, a tenta remediar mais do que culpamos quem a causou, é natural que ponhamos as nossas dores acima da nossa capacidade de entendimento. É natural pensar, simplesmente, que é injusto este castigo duro que, por culpa de outros, estamos sofrendo. Por isso reclamamos, mas nem sempre o fazemos na medida justa das razões que tenhamos.
Culpo este governo por não ter sido suficientemente lesto na preparação de outras medidas que aliviassem as que se viu obrigado a tomar, mas não posso esquecer, porque isso é que seria injusto, quem conduziu o país à situação de quase indigente que perde o direito de ele próprio se governar.
Culpo este governo pelo “autismo” que revela quando não mostra a todos nós a verdadeira situação que vivemos, explicando, como lhe compete, as razões das atitudes que toma, quando não esclarece as razões de ser da dureza das medidas que impõe.
Culpo este governo de uma absoluta falta de coordenação política que leva a atitudes perigosas para a estabilidade política em Portugal.
Culpo este governo por não ter em conta as atitudes sensatas que alguns, com uma experiência bem maior do que a sua juventude lhe consente, lhe sugerem.
Culpo este governo, até, de alguma insensibilidade social que a sua ânsia de resolver problemas financeiros mais embota.
Mas, por maiores e mais justas que sejam estas minhas críticas, não me posso esquecer de outras coisas que certos “olhinhos de carneiro mal morto” tudo fazem para que me esqueça. Sejam o ar cândido de Seguro, a imagem inexpressiva de Zorrinho ou a empáfia desbotada de Soares quando tentam desviar as atenções das enormidades que o seu partido cometeu em governos que formou, pelas quais muitos deveriam ter um julgamento para além do político! Não posso deixar de pensar na causa de muitos dramas que os “cânticos das sereias” foram. E é tão fácil levar à certa os que sofrem e os tolos que não querem ou não sabem pensar!
E se isso não bastasse, aí veio, agora, a despudorada Troika lembrar que as medidas adoptadas fazem parte do acordo assinado com Portugal (e por quem?) e que a próxima fatia da assistência financeira ainda não está decidida!
Apesar das dores que me causa esta austeridade cuja alternativa seria uma generalizada e bagunceira miséria, tenho de conter a minha atitude ao insistente pedido para que o governo faça, a tempo ainda de um OE 2013 menos injusto, aquilo que deve fazer, doa a quem doer, para poder aliviar os tormentos dos que, é da tradição, sempre são os primeiros e os mais sacrificados. Eu, entre eles!

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