Dizem as notícias que “a
escritora Maria Teresa Horta, distinguida com o Prémio D. Dinis pelo
romance “As Luzes de Leonor”, disse esta terça-feira à Lusa que
não o aceita receber das mãos do primeiro-ministro, conforme o
previsto”.
Dá como razões a
determinação do Primeiro-Ministro em destruir o país, tudo
aquilo que conquistámos com o 25 de Abril, do que têm sido as
grandes vítimas os trabalhadores.
Esta atitude e estas
declarações não poderiam vir mais a propósito, numa altura em que
a chamada “esquerda” descredibilizada tudo faz para reconquistar
o poder que exerceu do modo leviano que é próprio dos que acreditam em
“conquistas” definitivas.
Diz-se a senhora uma mulher de esquerda como o fora a sua bisavó Marqueza de Alorna (?).
Diz-se a senhora uma mulher de esquerda como o fora a sua bisavó Marqueza de Alorna (?).
Esta sua ascendência
fidalga talvez explique um pouco o seu modo de pensar. Também a
fidalguia se julgou imune às mudanças que o tempo introduz tanto no
modo de viver como de pensar e disso colheu os frutos podres de uma
ruína que quase a riscou do mapa.
Devia a sensibilidade de
uma escritora ser mais perspicaz quando fala de coisas sociais, para
que tal lhe permitisse “por o dedo na ferida” certa, naquela que,
realmente, nos causa a dor, em vez de se entregar a atitudes de
romantismo caduco de uma esquerda que, desde que perdeu a razão de
ser, e em consonância com isso a direita perdeu também, nunca mais
se encontrou apesar dos incitamentos tanto à reconstrução
ideológica que nunca consegue, como à união tão impossível como
quando se pretende misturar a água com azeite!
Terá sido uma atitude de
marketing ou uma ajuda à tal esquerda que há muito se esqueceu do
país que não vê desde que ficou encantada pelo seu umbigo? Ela o
saberá.
Lamento que uma escritora
não entenda os sinais dos tempos que exigem uma solidariedade como o
mundo antes nunca necessitou e, em vez disso, se envolva em querelas
ideológicas caducas, invocando uma avó que viveu em tempos que
colocavam outros problemas bem distintos deste que a escritora dá
provas de não entender.
No mundo de ficção em
que vive não se vêem, por certo, as razões desta tormenta que
assolou Portugal que – isso ela não saberá – pode ter pouco ou
nada para comer e, até, nem ter dinheiro para o combustível de um
parque automóvel que pede meças aos melhores, mas se pode
“orgulhar” de possuir das melhores infra-estruturas rodoviárias
do mundo que agora custam muito caro ao cidadão comum, depois de
terem enchido os bolsos de quem as construiu, nas tão famosas PPP! Uma conquista fantástica do "socialismo" socrático.
Decerto não sabe que o
Estado Social português se fundou na base utópica de que os
direitos são para respeitar em quaisquer circunstâncias, mesmo que
não haja como os sustentar.
A esquerda arruinada, tal
como a fidalguia, não perdem a empáfia dos senhores do mundo que
já não são e, por isso, não são capazes de ver os novos caminhos
que podem conduzir a outra “felicidade” que, ao contrário do
sonho esquerdista, obriga a trabalho para ser conquistada.
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