ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

OS ESCUROS DE MARIA TERESA

Dizem as notícias que “a escritora Maria Teresa Horta, distinguida com o Prémio D. Dinis pelo romance “As Luzes de Leonor”, disse esta terça-feira à Lusa que não o aceita receber das mãos do primeiro-ministro, conforme o previsto”.
Dá como razões a determinação do Primeiro-Ministro em destruir o país, tudo aquilo que conquistámos com o 25 de Abril, do que têm sido as grandes vítimas os trabalhadores.
Esta atitude e estas declarações não poderiam vir mais a propósito, numa altura em que a chamada “esquerda” descredibilizada tudo faz para reconquistar o poder que exerceu do modo leviano que é próprio dos que acreditam em “conquistas” definitivas.
Diz-se a senhora uma mulher de esquerda como o fora a sua bisavó Marqueza de Alorna (?).
Esta sua ascendência fidalga talvez explique um pouco o seu modo de pensar. Também a fidalguia se julgou imune às mudanças que o tempo introduz tanto no modo de viver como de pensar e disso colheu os frutos podres de uma ruína que quase a riscou do mapa.
Devia a sensibilidade de uma escritora ser mais perspicaz quando fala de coisas sociais, para que tal lhe permitisse “por o dedo na ferida” certa, naquela que, realmente, nos causa a dor, em vez de se entregar a atitudes de romantismo caduco de uma esquerda que, desde que perdeu a razão de ser, e em consonância com isso a direita perdeu também, nunca mais se encontrou apesar dos incitamentos tanto à reconstrução ideológica que nunca consegue, como à união tão impossível como quando se pretende misturar a água com azeite!
Terá sido uma atitude de marketing ou uma ajuda à tal esquerda que há muito se esqueceu do país que não vê desde que ficou encantada pelo seu umbigo? Ela o saberá.
Lamento que uma escritora não entenda os sinais dos tempos que exigem uma solidariedade como o mundo antes nunca necessitou e, em vez disso, se envolva em querelas ideológicas caducas, invocando uma avó que viveu em tempos que colocavam outros problemas bem distintos deste que a escritora dá provas de não entender.
No mundo de ficção em que vive não se vêem, por certo, as razões desta tormenta que assolou Portugal que – isso ela não saberá – pode ter pouco ou nada para comer e, até, nem ter dinheiro para o combustível de um parque automóvel que pede meças aos melhores, mas se pode “orgulhar” de possuir das melhores infra-estruturas rodoviárias do mundo que agora custam muito caro ao cidadão comum, depois de terem enchido os bolsos de quem as construiu, nas tão famosas PPP! Uma conquista fantástica do "socialismo" socrático.
Decerto não sabe que o Estado Social português se fundou na base utópica de que os direitos são para respeitar em quaisquer circunstâncias, mesmo que não haja como os sustentar.
A esquerda arruinada, tal como a fidalguia, não perdem a empáfia dos senhores do mundo que já não são e, por isso, não são capazes de ver os novos caminhos que podem conduzir a outra “felicidade” que, ao contrário do sonho esquerdista, obriga a trabalho para ser conquistada.

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