Parece que falar para alguém que
nos não pode ouvir é o que “está a dar”! Não é que seja este um termo daqueles
que me ensinaram e me habituei a usar, mas a riqueza interpretativa que
consente torna-o de uma utilidade extrema quando nos não queiramos maçar a dar
muitas explicações. Sobretudo a quem nos não mereça esse esforço. Foi por isso
que o usei.
Mas dentre tantas coisas que
a modernidade foi introduzindo, a de ter uma conversa com alguém que não pode refutar o que lhe dissermos nem devolver-nos
os “piropos” com que o presentearmos é, sem qualquer dúvida, uma das que melhor
foram conseguidas. E quando é Clint Eastwood a faze-lo… bem, aí a coisa ferve
porque aquele herói soturno e de aspecto frágil, de voz fraca e rouca, tão
quase careca como eu, é capaz de coisas que ninguém mais consegue. É verdade!
Já o vi fazer coisas de que nem o diabo se lembraria. No cinema, claro!
Falar para o Obama sentado numa
cadeira vazia (eu, pelo menos, não consegui vê-lo) e fazê-lo engolir uma série
de desaforos que, porventura, ele até poderá merecer, é coisa que não está ao
alcance de qualquer.
Não faz parte do meu modo de ser
afrontar quem se não possa defender, mas os bons exemplos vêm de cima e, se são
bons, há que segui-los.
E vai daí lembrei-me de umas
coisas que, desde há uns tempos, me apetecia dizer ao Albert (o Einstein, já se
vê). Fui ao museu da cera Madame Tussauds, em Londres, procurei o senhor lá
numa sala e fui frontal no que lhe disse a propósito da sua “fórmula universal”.
Disse-lhe que não estava certo que, com ela, fizesse crer aos economistas
(pelos menos a alguns) que os nossos recursos naturais se não são ilimitados são,
pelo menos, imensos, do tamanho da própria Terra. Afinal, segundo a sua célebre fórmula, tudo o que vemos e
podemos tocar é energia e quando há energia bastante tudo se pode fazer e,
assim, pode a economia crescer indefinidamente! Pelo menos como tem crescido
ultimamente e parece ir continuar a crescer. Cada vez menos até que nada, digo eu.
Pelo menos foi com este argumento
einsteiniano que um economista respondeu às minhas preocupações de exaustão de recursos
que o “crescimento económico contínuo” está a causar neste meio finito em que
vivemos e será causa de uma generalizada penúria, de um drama maior do que o da
“peste negra” da Idade Média.
Foi aí que me lembrei dos autofágicos
que se alimentam de si próprios. Pode até ser uma boa ideia quando a
necessidade é grande. Mas começamos por onde?
Eu creio que pelo cérebro porque, tomada essa decisão, já não servirá para nada.
Disse tudo o que tinha para dizer
ao Senhor Einstein. Mas ele manteve aquele sorriso tímido sem me responder, o que me levou a crer que me não ouviu, senão...
Ainda bem que apenas falei para o boneco porque, assim, podemos continuar a ser amigos.
Ainda bem que apenas falei para o boneco porque, assim, podemos continuar a ser amigos.
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