Mais uma notícia, a de que as
centenas de milhares de isentos de pagamento de portagem nas ex-SCUT,
residentes e empresas, vão perder esse benefício. São cerca de setecentos mil!
Fala o governo em acabar com “descriminações
positivas” e como imposições de normas comunitárias. Posso falar eu de um
disparate dentro de outro disparate porque as consequências vão reforçar a
reduzida utilização que elas já têm e, bem assim, os prejuízos que representam
numa economia que, num verdadeiro processo autofágico como este que está a
seguir, acabará morta. Se outros custos não houvesse, os de conservação
são muito elevados neste tipo de via e não creio que sejam cobertos pelas
receitas da fraca utilização que têm!
Porque, desde que foi aberta, já
por dezenas de vezes utilizei a A23 que me conduz à minha Região Natal, posso
testemunhar a enorme redução de tráfego que, agora, se situa num nível tão
baixo que a pergunta mais lógica de fazer será “por que foi feita esta auto-estrada”?
Afinal, nunca esta via teve a utilização que, economicamente, a justificasse
porque essa seria a que o desenvolvimento em vastas zonas do Ribatejo e da
Beira Interior viria a promnover.
Na última vez que a percorri no
sentido Sul-Norte, em horas a meio do dia, dei-me ao cuidado de contar as
viaturas que, circulando no sentido contrário ao meu, comigo se cruzaram. A
menos aquelas cuja contagem perdi durante uma brevíssima paragem na “área de
serviço de Abrantes”, contei 23! É quase como viajar no deserto.
Por outro lado, não me dei conta,
ao longo de tantos anos, do desenvolvimento do Interior que essa via iria
promover. E nem poderia ver porque o desenvolvimento não é um manjerico que se “rega
e põe ao luar”! É preciso bem mais do que uma estrada melhor, mas que bem
poderia ter sido a IP que extemporaneamente se transformou.
Não cumpriram as SCUT os seus
propósitos de aproximação das regiões do Interior empobrecido e despovoado das
zonas mais desenvolvidas promovendo, deste modo, o seu desenvolvimento também,
tal como as ex-SCUT não cumprirão a intenção de aliviar o Estado das elevadas
despesas que delas resultam, por falta de utilização bastante.
Esta atitudes de caça ao já pouco
dinheiro que cada um possa ter, na qual se incluem escandalosas caças à multas
que vejo por esta cidade de Lisboa a cada dia que passa e se tornaram
frequentes em locais concretos onde, por falta de estacionamentos que quem
arrecada os impostos na venda de automóveis deveria garantir, algumas áreas
proibidas são ordeiramente utilizadas sem prejuízo para o trânsito ou para os
peões, faz-me lembrar um dito que ouvia ao meu pai em situações idênticas, “procurar
em saco roto”!
Não são atitudes destas que são
necessárias para recuperar o país. É necessária outra imaginação.
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