ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

ECONOMIA, SPATEIROS E ALFAIATES…



Qualquer dia (já nem sei há quantos anos dura esta situação a que chamam “crise”) será insuportável ouvir as opiniões que se tornaram lugares comuns enfadonhos, sobretudo este de que “diminuem os rendimentos e, em consequência, reduz-se o consumo e a economia não cresce”!
Será que não sabem dizer mais nada, talvez alguma coisa diferente que explicasse porque as receitas do costume não funcionam? Nem inteligente se precisa ser para, perante evidências claras, se concluir que as receitas ficaram desactualizadas, por alguma razão não funcionam.
Os economistas que a ânsia do crescimento económico transformou em mentores de garimpeiros de uma nova corrida ao ouro que acabou nas desgraças que vivemos,às quais se seguirão outras talvez mais graves que nos esperam, tornaram-se monocórdicos no que dizem, demasiadamente previsíveis no que fazem e sistematicamente mal sucedidos nas suas tentativas de superar a andaço que, em vez disso, se vai tornando uma epidemia mortal.
Quantos Prémios Nobel da Economia a realidade já desmentiu nestes últimos anos que vivemos? Haverá melhor prova do falhanço de uma “ciência” que em vez de resolver problemas os cria? Não seria melhor reconhecê-lo e começar de novo a caminhada que, supostamente, nos reconduzirá ao “paraíso”? Este deve ficar exactamente no lado oposto deste inferno em que caímos, desta situação desesperante que nos não consente sonhar o futuro e só nos pode preocupar pela a vida que os vindouros terão de viver, talvez comendo “o pão que o diabo amassou” porque nós não quisemos amassá-lo com o suor do nosso rosto!
Esta questão das receitas faz-me recordar uma anedota muito antiga vivida numa pequena aldeia onde o “João Semana” lá do sítio se viu a braços com um surto de pneumonia e tinha como “doentes” um sapateiro e um alfaiate. Ambos estavam muito mal. As mesinhas do costume não produziam qualquer efeito. Um desespero! Mas naquele dia, na visita diária aos seus doentes, o clínico reparou em evidentes melhoras do sapateiro e logo lhe perguntou o que fizera. O homem confessou-lhe, com o medo de quem sabia não ter seguido os sábios conselhos, que lhe tinha cheirado aos carapaus fritos que a mulher cozinhara para o jantar e ele não pudera comer por estar doente. Não resistiu à gula e, a meio da noite, enquanto a mulher dormia, foi à cozinha e comeu todos os que ainda havia no tacho.
Na sua agenda o médico anotou “ para pneumonia, carapaus fritos”.
Logo de seguida, passa em casa do seu outro doente e diz para a mulher “dê-lhe carapaus fritos e verá como ele melhora”.
Assim fez a mulher que, a meio da noite, teve de chamar o doutor porque o marido piorara. E foi já na frente dele que não sabia o que mais fazer, que o doente se finou.
Na sua agenda o médico anotou “carapaus fritos curam pneumonias de sapateiros, mas para alfaiates não prestam”.

Sem comentários:

Enviar um comentário