Compreendo o desconsolo do irmão de Diogo
Piçarra, mas só pelo amor de irmão, não pelas razões que aponta.
Diz André, o irmão de Diogo, que os
portugueses “"Não têm noção do quão brilhante ele é, o ser humano que
representa e o músico que está dentro dele", continuando, ironicamente,
“Parabéns, acabaram de perder o português com mais vontade de representar
Portugal e de obter um grande resultado”.
Se lhe fica bem a admiração pelo irmão, nada
justifica a presunção de ele ser o que diz, sobretudo quando se refere ao “grande
resultado” que poderia obter.
Que Diogo tivesse uma grande vontade de
representar Portugal, não ponho em dúvida, mas que tivesse canção para o fazer
de forma ganhadora, nem uma suspeita me resta.
Uma melodia básica, repetitiva e recolhida,
envolve um poema sem alma. Enfim, uma cantiguinha que não me admira que tenha
inspirado um cântico de igreja.
Como tive oportunidade de escrever, não creio
que Diogo Piçarra tenha plagiado uma canção tão corriqueira e até posso acreditar
que outras mais iguais ou quase iguais deverão ser cantadas por esse mundo
fora, tão simplória ela é.
Mesmo não havendo plágio, jamais haveria
condições de a canção que o Diogo apresentou representar Portugal sem a mácula
de não ser original, para além de estar bem longe da qualidade que uma canção
ganhadora requere.
Não merecem os portugueses ser culpados de
uma situação para a qual não concorreram de forma alguma, nem me parece que
fosse digno dos portugueses concorrer com uma cantiga que não fosse original.
Quanto ao espectáculo que a RTP está a
organizar para escolher uma cantiga, também será culpa dos portugueses?