ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

sábado, 2 de dezembro de 2017

PEDOFILIA, O CRIME QUE PARECE COMPENSAR



(a porcaria não está nas coisas, mas na cabeça de quem as faz)

Eu sei que os juízes não são mais do que pessoas como as demais, sem outros atributos especiais que não sejam a preparação técnica que possuam para poderem exercer as suas funções de aplicar a lei.
Mas parece-me pouco se for apenas assim, se não forem além dos padrões comuns, normalmente falhos de criatividade e de bom senso, as decisões que tomam nas sentenças que proferem.
Algumas vezes serão os próprios códigos de Justiça a razão de ser de muitos absurdos que se praticam.
Ando por aqui há muito tempo e, tal como vejo pregar pregos sempre do mesmo modo, também raramente me dou conta de inovações nas sentenças a lei prevê e os juízes proferem. Prende ou não prende, pena suspensa ou efectiva e, algumas vezes, nem isso!
Sei, também, como as prisões estão superlotadas e, quantas vezes, sem o mínimo de condições a que até um condenado tem direito.
Sei, como toda a gente sabe, em que antros algumas prisões se tornaram, chegando a ser o modo normal de viver de muitos que se dedicam ao crime violento que, dali mesmo, comandam!
Mas se o cumprimento de uma pena não é mais do que o pagamento, à sociedade, por algo que contra ela ou contra qualquer dos seus elementos alguém fez, por que haverá de ser sempre pela simples privação de liberdade que ele é feito?
Há mil e um modos de o fazer de modo diferente, com trabalho efectivo e com formação cívica obrigatória que reintegre os delinquentes na sociedade, o que a prisão simples, de todo não faz.
Ao contrário, sabemos, até, como ela se presta a mais crimes que se acumulam na corrupção de sistemas e de agentes a que dá lugar.
Tenho, por vezes, a sensação de que o crime compensa quando vejo a benevolência de certas “molduras penais” que a lei prevê, certas atitudes de quem julga e as penas que aplica.
Acabo de saber de alguém, suficientemente crescido para ter juízo, que, por práticas sexuais indecorosas e criminosas perante numerosas crianças, pelas quais mereceria ser duramente castigado, apenas foi condenado a uma pena suspensa!!!
Quantas vezes eu já disse o que penso da pedofilia pelos traumas que causa nas suas vítimas e que acompanhamento psicológico algum consegue desfazer?
E, apesar das suas consequências funestas que jamais terão um fim, não merece mais do que uma pena que nem chega a sê-lo?
Haja decência!

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

A UNIVERSIDADE SEM PROFESSORES E SEM EXAMES?



É natural que, ao longo do tempo e por força do que vemos e vamos vivendo, tenhamos de ajustar os modos que usamos, seja para o que for, às novas realidades que vão surgindo. E o modo de aquisição de conhecimentos está, por certo, entre os que mais necessidade têm de evoluir com a realidade.
Uma notícia que fala do sucesso Xavier Niel, homem de negócios francês na área das tecnologias de telecomunicações, diz que, aos 16 anos, ele recebeu de seu pai um Sinclair ZX81 com o qual, em vez de se divertir com jogos gravados em cassetes, treinou e desenvolveu linguagem de programação que já dominava completamente três anos depois, o que lhe trouxe muito sucesso e dinheiro.
A notícia compara-o, mesmo a Mark Zukerberg e Steve Jobs que, sem passados académicos notáveis se tornaram mestres muito bem sucedidos nos seus empreendimentos em novas tecnologias.
A notícia continua dizendo que “assim, em 2013, depois de afirmar que o sistema educativo de França não funcionava, começou a pensar em como melhorá-lo. A resposta foi a École 42 em Paris, uma experiência pedagógica para formar programadores em que não há professores, exames, horários ou graus académicos, é gratuita para os estudantes e é totalmente financiada por Xavier Niel”.
Deu-me que pensar esta notícia, sobretudo pela afirmação de não funcionar o sistema educativo em França, bem como a resposta que deu com a sua École 42 e o modo como funciona.
É, com certeza, um projecto magnífico este que parece funcionar bem para quem deseja especializar-se em “ciências tecnológicas”, sem preocupação por outros conhecimentos.
Esta escola acaba por selecionar 1000 entre os 80000 que se inscrevem, dos quais cada um alcançará o nível de que for capaz no domínio exclusivo do saber que escolheu.
É aqui que entra o meu total e frontal desacordo com este modo de aprender que faz do conhecimento alcançado o ponto de partida para ser milionário mas, ao mesmo tempo, o torna refém de um conhecimento específico fora do qual pouco mais será do que ignorante.
É a especialização levada ao extremo que faz, de quem a adquire, um robô que executa com mestria as suas funções, mas desconhece a importância social, o sentido e a razão de ser do que faz.
O mundo não pode reduzir-se a esta tecnologia que cria um ambiente virtual que pouco ou nada tem a ver com a realidade. Daí o desconhecimento, cada vez mais generalizado, das grandes questões da vida, dos problemas que o nosso próprio modo de viver nos cria e da inaptidão para os reconhecer e dar-lhes solução.
O face book, o tweeter, enfim, o telemóvel ou o ipad não devem absorver todo o tempo para além das obrigações sociais que tivermos, porque, no aproveitamento dos tempos livres, a convivência directa e os momentos de reflexão são indispensáveis ao equilíbrio social que a virtualidade tecnológica vai destruindo.
Pelo contrário, a vida exige mais do que a simples auto-aprendisagem e, muito mais ainda, do que a especialização precoce em pequenos nichos de saber que nos afasta do seu verdadeiro e global conhecimento.
A indisponibilidade de tempo a que esta vida atribulada que levamos nos conduz, exige, sem dúvida novos modos de transmitir conhecimentos que cada vez menos passa pela pouco mais do que inutilidade de decorar a matéria mas sim por compreendê-la, por saber raciocinar a partir de conhecimentos mais básicos, para o que não conheço livro ou manual que ensine a fazer. Daí a indispensabilidade do professor que, de facto, o seja.


terça-feira, 28 de novembro de 2017

APESAR DE DOIS, HAVERÁ TRÊS OU QUATRO?



Percorro o que se vai dizendo e não encontro um só texto que realce os feitos nem, sequer, augure um futuro fácil ao governo que quis fazer esquecer os seus mais recentes fracassos com uma cena patética de auto-elogio preparada pela Universidade de Aveiro.
A menos o Presidente da República que quer que a legislatura vá até ao fim e sem crises, todos me parecem unânimes em reconhecer que, depois de uma primeira fase em que Costa pareceu cumprir a promessa de fazer Portugal regressar à “abastança” do passado descuidado que tivera, acaba por evidenciar as suas carências de ideias e a pobreza inevitável de meios de um país não totalmente recuperado do estado de bancarrota em que outro governo socialista o deixou, o que, até há bem pouco tempo, disfarçou o melhor de que foi capaz.
E com isso convenceu muita gente de que, afinal, até um pobre pode viver como um lorde se não tiver os problemas que a austeridade lhe coloca.
Não posso esquecer o que, no momento do sucesso não eleitoral de Costa, alguém me disse da felicidade que lhe consentia a perspectiva de uma vida bem melhor, sem os “roubos” que outros lhe faziam!
Não creio que essa perspectiva ainda exista nem que haja ainda alguém que se não tenha dado conta dos malabarismos que fazem parecer que sem ovos também se fazem omoletas!
Por isso o descontentamento que tantos manifestam por não se acharem menos merecedores dos benefícios que outros já tiveram.
Curiosos foram os discursos dos “aliados” na caranguejola, nos quais se ouviram as críticas mais duras de quantas foram proferidas no Hemiciclo de S Bento, porém não bastantes para não apoiar o OE que, mesmo tão mau como dizem ser, será o que teremos.
O BE, pela voz de Mariana Mortágua, afirmou que, apesar da deslealdade do governo, mantém o seu apoio porque antes o havia prometido.
Quanto ao PCP, parece tudo ficar dito nesta frase esclarecedora do líder da sua bancada parlamentar: “não é um Orçamento do PCP, é um Orçamento do Estado do Governo PS". Acrescentando que “as partes positivas do Orçamento têm dedo do PCP, e as negativas devem-se aos espartilhos que a União Europeia impõe e que o PS se auto-impõe”. Isto para além do reconhecimento do que a todos já se tornou evidente, que o governo não toma as acções de fundo de que carece “para libertar o país daquilo que o amarra”.
Tornou-se, pois, evidente o que mantém unida a “caranguejola”.
Restam ao governo os elogios da Europa a quem nada mais interessa para além de certos números que considera indicadores fiáveis de uma governação bem sucedida, mas nada dizem de como se vive realmente neste país de opereta, nem do futuro que virá a ter.