Percorro o que se vai dizendo e não encontro
um só texto que realce os feitos nem, sequer, augure um futuro fácil ao governo
que quis fazer esquecer os seus mais recentes fracassos com uma cena patética
de auto-elogio preparada pela Universidade de Aveiro.
A menos o Presidente da República que quer
que a legislatura vá até ao fim e sem crises, todos me parecem unânimes em
reconhecer que, depois de uma primeira fase em que Costa pareceu cumprir a
promessa de fazer Portugal regressar à “abastança” do passado descuidado que
tivera, acaba por evidenciar as suas carências de ideias e a pobreza inevitável
de meios de um país não totalmente recuperado do estado de bancarrota em que
outro governo socialista o deixou, o que, até há bem pouco tempo, disfarçou o
melhor de que foi capaz.
E com isso convenceu muita gente de que,
afinal, até um pobre pode viver como um lorde se não tiver os problemas que a
austeridade lhe coloca.
Não posso esquecer o que, no momento do
sucesso não eleitoral de Costa, alguém me disse da felicidade que lhe consentia
a perspectiva de uma vida bem melhor, sem os “roubos” que outros lhe faziam!
Não creio que essa perspectiva ainda exista nem
que haja ainda alguém que se não tenha dado conta dos malabarismos que fazem
parecer que sem ovos também se fazem omoletas!
Por isso o descontentamento que tantos
manifestam por não se acharem menos merecedores dos benefícios que outros já
tiveram.
Curiosos foram os discursos dos “aliados” na caranguejola,
nos quais se ouviram as críticas mais duras de quantas foram proferidas no Hemiciclo
de S Bento, porém não bastantes para não apoiar o OE que, mesmo tão mau como
dizem ser, será o que teremos.
O BE, pela voz de Mariana Mortágua, afirmou
que, apesar da deslealdade do governo, mantém o seu apoio porque antes o
havia prometido.
Quanto ao PCP, parece tudo ficar dito nesta
frase esclarecedora do líder da sua bancada parlamentar: “não é um Orçamento do
PCP, é um Orçamento do Estado do Governo PS". Acrescentando que “as partes
positivas do Orçamento têm dedo do PCP, e as negativas devem-se aos espartilhos
que a União Europeia impõe e que o PS se auto-impõe”. Isto para além do
reconhecimento do que a todos já se tornou evidente, que o governo não toma as
acções de fundo de que carece “para libertar o país daquilo que o amarra”.
Tornou-se, pois, evidente o que mantém unida
a “caranguejola”.
Restam ao governo os elogios da Europa a quem
nada mais interessa para além de certos números que considera indicadores
fiáveis de uma governação bem sucedida, mas nada dizem de como se vive
realmente neste país de opereta, nem do futuro que virá a ter.
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