Ontem, no programa Prós e Contras da RTP1, vi
pessoas bem informadas falarem dos problemas de falta de água que a provável
futura ocorrência de secas frequentes e severas nos proporcionarão e, também,
de algumas propostas, sobretudo a nível individual, de atitudes que
correspondem a uma adaptação, no modo de viver, às novas condições ambientais a
que o aquecimento global nos obrigará.
Foi um programa em que a submissão inevitável
às novas condições ambientais foi a nota dominante, sem quase abordar soluções
para as causas que a determinam.
Não posso dizer que fiquei chocado fosse com
o quer que fosse que ali foi dito, excepto com aquela proposta de guardar as
fezes em papel prateado que me não parece fazer qualquer sentido por variadas
razões.
Mas não é sobre isso que me apetece reflectir
mas sim sobre as grandes atitudes que antes destes pormenores mais ou menos
rebuscados de soluções individuais, familiares ou de pequenas colectividades,
devem merecer a atenção e a procura de soluções que correspondem, naturalmente,
à reversão ainda possível, mas urgente e determinada, das condições que causam a
situação de penúria que se crê será cada vez mais frequente.
Por que aceitar a adaptação total e penosa a
condições que podemos evitar ou, pelo menos, podemos minimizar?
Em primeiro lugar será a de exigir dos
políticos em quem votamos para nos governar que se esclareçam e se
consciencializem de que serão os grandes responsáveis pelos males que nos
vierem, em consequência das soluções tímidas e sempre adiadas, decisões que
(não) tomam nas suas conferências anuais, a um ritmo incompatível com a
urgência de actuar.
A redução drástica da produção de gases de
estufa está, certamente, em primeiro lugar, seguindo-se a recuperação das
condições naturais do ciclo do carbono, nomeadamente no que respeita à intervenção
no meio vegetal e nos oceanos, uns criminosamente reduzidos e os outros
excessivamente poluídos.
Também a redução da utilização de combustíveis
fósseis que Trump, ao invés do resto do mundo, se propõe incrementar “para
devolver a grandeza à América” é já mais do que urgente.
Mas nada disto terá efeitos benéficos que
valham a pena se as grandes potências que produzem a maior parte da poluição
mundial se não dispuserem a adoptar as medidas que, há muito tempo já, são
necessárias e correspondem a substituir os gurus de Wall Street e outros iguais
por especialistas que cuidem do Ambiente e das atitudes urgentes para o
recuperar.
Mas a inutilidade dos políticos neste esforço
de salvar a Humanidade (não o Planeta como costuma dizer-se) é por demais
evidente na sua submissão aos interesses económicos e nos despiques de
crescimento que fazem entre si, persistindo, afinal, na via da desgraça que prosseguimos.
Finalmente, uma nota para educação nas
escolas onde o ensino das quatro estações do ano, que já não existem, seja
substituído pelo esclarecimento das novas condições em que vivemos e da
urgência em melhorá-las ou não as deixar piorar para salvar a Humanidade.
E se reduzir a produção de gases que aumentam
o efeito de estufa está entre o mais urgente de fazer, por que, por exemplo e
para além da não utilização de combustíveis fósseis, continuar a aumentar as
manadas de ruminantes que para isso fortemente contribuem, além de contribuírem
para o consumo excessivo de carnes vermelhas que é, reconhecidamente, nocivo à
saúde?
Se não desperdiçar água se tornou uma
necessidade premente, por que permitir que eucaliptos sejam replantados onde,
antes dos incêndios florestais existiam, em vez de reduzir, de modo
determinado, as áreas de tais plantações de espécies que exaurem as camadas freáticas que
garantem a perenidade das linhas de água?
Enfim, um tema inesgotável sobre o qual a
grande maioria dos cidadãos não estão informados e do qual os políticos fogem
como o diabo da cruz!
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