Não vai longe o tempo em que a construção de
barragens para armazenamento de água era motivo de forte contestação por parte
dos puristas que julgavam ser possível manter o Planeta intocável apesar de
toas as alterações a que o tempo vai dando lugar e as novas necessidades que
origina.
Agora, com a seca severa que vivemos, a qual
nos causa sérios incómodos que pode chegar ao racionamento da água e custa
elevados montantes financeiros, já há quem diga que será de elevar a cota do
coroamento das barragens e outras coisas mais sem grande sentido que a óbvia
ignorância da essência destas matérias naturalmente desculpa.
A este propósito, escrevi recentemente dois
textos que aqui recordo para que, quem o desejar, os possa rever, “A água, em
bem essencial cada vez mais escasso” e “Construir ou não aproveitamentos
hidráulicos?”.
A questão é que não se constrói uma barragem
apenas porque existe um vale que, à simples vista, poderíamos transformar num
belo lago e não se aumenta a cota do coroamento de uma barragem como quem
acrescenta mais um piso num prédio urbano.
Há todo um conjunto de análises a fazer,
particularmente no domínio estrutural, da geologia e da hidrologia, para além
da optimização do conjunto dos aproveitamentos de uma mesma bacia.
Estudos de possíveis transferências
inter-bacias são de considerar também e, naturalmente, não podem faltar os
estudos dos impactes que venham a provocar.
Nesta matéria é muito perigoso passar do oito
ao oitenta, como parece que o receio de anos piores do que aquele que vivemos
leva a pensar ser a solução.
Publiquei um texto sobre esta matéria há
talvez dez anos quando um programa de um governo socialista previa a construção
de mais uma quantas barragens, pelo que foi seriamente contestado. E revelei a
minha opinião contrária, dizendo os motivos pelos quais a mantinha.
Hoje será necessário repensar tudo de novo
para que se não cometam erros grosseiros dos quais podem resultar
inconvenientes muito sérios.
Mas é preciso andar depressa porque o tempo
urge.
O caso de Viseu parece ser o mais grave pela
falta de água nos habituais reservatórios abastecedores. A localização de Viseu
não é favorável neste aspecto e é natural que no futuro, outras soluções tenham
de ser consideradas.
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