ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 18 de novembro de 2017

A AUSTERIDADE ESCONDIDA



Esta atitude de força dos professores, conceptualmente natural e justa, de reclamar por discriminação em relação a outros funcionários públicos sindicalmente mais activos e, por isso, beneficiados, à qual certamente se seguirão outras idênticas de forças de segurança e de militares, é a prova evidente, das moscambilhas que pretendem mostrar ser a “austeridade” uma atitude sem sentido.
Tal como no caso do cobertor curto que ou tapa os ombros os ou pés e, por isso, uns ou outros terão de ficar de fora, a menos que, desconfortavelmente nos encolhamos, a austeridade é uma inevitabilidade para quem se arruinou gastando mais do que produzia, enquanto não saldar as suas dívidas. O modo de o fazer será outra reflexão.
Mas há mais sinais da evidência do “gato escondido com rabo de fora” nos numerosos impostos indirectos lançados que, ao contrário dos directos cujo abaixamento (!?) só beneficia alguns, vão atingir toda a gente e cujo valor global é, sem dúvida, maior do que a reduções que populisticamente tenham sido anunciadas.
É que não há forma de dar a volta a este texto danado que diz ser “o que sai igual ao que entra menos o que fica”. E como para quem deve nunca fica nada, não pode o que sai ser maior do que o que entra ou, dito de outro modo, não podem as despesas superar as receitas, pois não há reservas que compensem a diferença.
E não me digam, portanto, que o Governo apenas se propõe gastar mais sem nos tirar dinheiro de outro modo!
É no “a mais” que o Governo nos tira que assentam os “indicadores” de prosperidade que a União Europeia tanto elogia, porque menos lhe custaremos em “solidariedade”.
Também gostava de entender onde está a vantagem de ganhar mais para gastar mais para que a economia cresça quando o resultado mais provável será o de uma nova onda de endividamentos familiares a que uma falsa prosperidade conduz.
Pena será se, em breve, voltarmos à situação de depenados que nos levou a admitir a quase bancarrota que ainda estamos a pagar.
Sempre ouvi dizer que as recaídas são mais graves que a doença inicial.
Será adoecer ainda mais que desejamos?
E o que sucederá quando os trabalhadores do sector privado reclamarem porque, mesmo sem terem as garantias dos trabalhadores públicos, se consciencializarem da discriminação de que são alvo, ganhando, em média, muitíssimo menos?



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