Esta atitude de força dos professores, conceptualmente
natural e justa, de reclamar por discriminação em relação a outros funcionários
públicos sindicalmente mais activos e, por isso, beneficiados, à qual
certamente se seguirão outras idênticas de forças de segurança e de militares,
é a prova evidente, das moscambilhas que pretendem mostrar ser a “austeridade”
uma atitude sem sentido.
Tal como no caso do cobertor curto que ou
tapa os ombros os ou pés e, por isso, uns ou outros terão de ficar de fora, a
menos que, desconfortavelmente nos encolhamos, a austeridade é uma
inevitabilidade para quem se arruinou gastando mais do que produzia, enquanto não saldar as suas dívidas. O modo de o fazer será outra reflexão.
Mas há mais sinais da evidência do “gato
escondido com rabo de fora” nos numerosos impostos indirectos lançados que, ao
contrário dos directos cujo abaixamento (!?) só beneficia alguns, vão atingir
toda a gente e cujo valor global é, sem dúvida, maior do que a reduções que
populisticamente tenham sido anunciadas.
É que não há forma de dar a volta a este
texto danado que diz ser “o que sai igual ao que entra menos o que fica”. E
como para quem deve nunca fica nada, não pode o que sai ser maior do que o que
entra ou, dito de outro modo, não podem as despesas superar as receitas, pois
não há reservas que compensem a diferença.
E não me digam, portanto, que o Governo
apenas se propõe gastar mais sem nos tirar dinheiro de outro modo!
É no “a mais” que o Governo nos tira que
assentam os “indicadores” de prosperidade que a União Europeia tanto elogia,
porque menos lhe custaremos em “solidariedade”.
Também gostava de entender onde está a
vantagem de ganhar mais para gastar mais para que a economia cresça quando o
resultado mais provável será o de uma nova onda de endividamentos familiares a
que uma falsa prosperidade conduz.
Pena será se, em breve, voltarmos à situação
de depenados que nos levou a admitir a quase bancarrota que ainda estamos a
pagar.
Sempre ouvi dizer que as recaídas são mais
graves que a doença inicial.
Será adoecer ainda mais que desejamos?
E o que sucederá quando os trabalhadores do sector privado reclamarem porque, mesmo sem terem as garantias dos trabalhadores públicos, se consciencializarem da discriminação de que são alvo, ganhando, em média, muitíssimo menos?
E o que sucederá quando os trabalhadores do sector privado reclamarem porque, mesmo sem terem as garantias dos trabalhadores públicos, se consciencializarem da discriminação de que são alvo, ganhando, em média, muitíssimo menos?
Sem comentários:
Enviar um comentário