Quando a concentração de dióxido de carbono
na atmosfera atinge um valor recorde que é 145% superior à que se verificava antes
da era industrial, situando-se em níveis apenas registados num passado de há
mais de três milhões de anos quando a temperatura era 2 a 3ºC mais elevada e o
nível médio do mar era 10 a 20m superior, relativamente aos valores actuais, só
pode recear-se que seja no sentido de uma situação como aquela que o
aquecimento global nos conduz se o Homem não desistir das agressões ambientais que,
como está provado, intensificam de modo muito sensível as alterações naturais
que, sem elas, seriam muitíssimos mais lentas.
Aliás, a situação que se verifica em Portugal,
cujo território se encontra em seca severa ou extrema e sem perspectivas reais
de melhoria a curto prazo, corresponde à situação mais grave de uma série de
anos secos que se têm verificado já neste século XXI e não deixa dúvidas de
que, sem medidas globais, eficazes e urgentes, seremos um país sem condições de
futuro.
Como sempre foi minha opinião, das centenas
de encontros e cimeiras que há dezenas de anos se realizam por esse mundo para
avaliar os riscos que a Humanidade corre, jamais resultaram as decisões que a
situação reclamava e, mesmo assim, nem sequer foram cumpridas.
São prova disso as grandes potências mundiais
que com elas se não comprometem ou depois as renegam.
É particularmente relevante a decisão de um
pato-bravo que se tornou o presidente da maior potência mundial que decidiu
denunciar o tímido, e quanto a mim ineficaz, acordo de Paris que tinha por
objectivo desacelerar as alterações climáticas, precisamente quando mais
duramente os seus efeitos se fazem sentir. Aliás, o espírito do “acordo de
Paris” não passa de tentar que as coisas não piorem demais porque a intenção de
algo fazer para conter a degradação ambiental que, ano após ano, vem piorando
os problemas que enfrentamos e alguns estudiosos da questão temem já terem
atingido uma situação de não retorno, essa ninguém propôs.
Mas não vejo, por esse mundo fora, quem se
atreva a desistir das intenções consumistas que sustenta uma economia falhada e
com fim anunciado a curto prazo.
O que será da Humanidade, não sei, mas admito
que possa ter um fim igual ao de tantas outras espécies que já passaram pela
Terra e desapareceram.
Dentro de poucos dias, entre 6 e 17 de
Novembro, realizar-se-á em Bona, Alemanha, mais uma conferência da ONU sobre
alterações climáticas. Esperemos pelas conclusões.
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