ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 4 de novembro de 2017

A POLÍTICA E O PENSAMENTO



Quem se decide a expor as suas ideias, tem de aceitar ser avaliado e criticado. E eu, naturalmente, aceito, desde que a avaliação não seja insultos próprios de quem não tem outras razões, nem a crítica um mero repositório de lugares comuns, frases feitas ou chavões de propaganda, próprios de quem não sabe pensar.
Infelizmente, os resultados do que escrevo raramente são mais do que um simples “gosto”, poucas vezes recebendo verdadeiras críticas, daquelas que me façam reflectir e, naturalmente, melhorar o modo como penso ou, até, corrigir erros os que cometo. O que, quando acontece, muito agradeço.
Mas, embora acontecendo também, não é muito frequente receber insultos dos que, pelo que tenha escrito, me consideram de direita fascista e outros disparates próprios das cabeças duras onde a reflexão não tem lugar e, portanto, ajustar ou mudar de ideias é uma impossibilidade.
Muitas vezes escrevi já sobre o que penso sobre “esta democracia” que cristalizou no tempo, mantendo os princípios arcaicos em que se formou e, mais ainda, sobre a catalogação do pensamento político que os próprios políticos aceitam e não passa da definição de baias que impedem ver para além das restrições que se impuseram.
Aliás, o pensamento político é, por via de regra, curto no tempo e no espaço e quando se atreveu a extrapolar raramente deu certo.
A política é conservadora e, ao mesmo tempo, permissiva quando lhe convém. Não revela capacidade para fazer as mudanças que a cada momento se impõem, como que negando a inteligência de que deveria dar provas nas actuações que faz.
E ao contrário da liberdade de pensamento que apregoam, não saem do campo que é o seu e, por isso, escolhem o seu posicionamento, num dos vários quadrantes que vão da extrema esquerda à extrema direita, cujas fronteiras é um sacrilégio ultrapassar.
Por isso e porque o pensamento não tem as fronteiras que o pensamento político lhe impõe, têm de tergiversar, de entrar em negação perante as evidências que os contradizem, fingem parecer que é o que lhes convém que fosse e inventaram o “politicamente correcto” que é a forma mais discreta para fugir à responsabilidade de ser sério, submetendo a verdade aos seus interesses.
Pense bem ou pense mal, esforço-me por pensar sendo coerente no modo como penso, sem preocupações dos espaços políticos que invada, porque não reconheço as fronteiras que os demarcam.
Curiosamente, acabo de ler sobre um “comunicado” do PCP que lamenta “o apoio do Governo português ao governo de Espanha na crise independentista da Catalunha, considerando que nenhum órgão de soberania de Portugal deveria "acompanhar e alimentar" qualquer "deriva autoritária" de Madrid”.
Além disso, "Perante a gravidade das medidas repressivas que atingem dirigentes políticos e membros do governo regional da Catalunha, o PCP considera que tais medidas constituem uma inaceitável manifestação de intolerância antidemocrática que em nada contribui para a solução da complexa questão nacional de Espanha, antes tende a complicá-la e a agravá-la".
Quem diria, pois, que eu e o PCP pudéssemos estar tão de acordo, o que está patente no que, sobre este assunto, já escrevi?
Para mim está feita a prova de que não imponho fronteiras ao meu pensamento que, talvez por isso mesmo, me leva a não aceitar os excessos e confusões em que certa “modernidade” se baralha.


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