Quem se decide a expor as suas ideias, tem de
aceitar ser avaliado e criticado. E eu, naturalmente, aceito, desde que a
avaliação não seja insultos próprios de quem não tem outras razões, nem a
crítica um mero repositório de lugares comuns, frases feitas ou chavões de
propaganda, próprios de quem não sabe pensar.
Infelizmente, os resultados do que escrevo
raramente são mais do que um simples “gosto”, poucas vezes recebendo
verdadeiras críticas, daquelas que me façam reflectir e, naturalmente, melhorar
o modo como penso ou, até, corrigir erros os que cometo. O que, quando
acontece, muito agradeço.
Mas, embora acontecendo também, não é muito
frequente receber insultos dos que, pelo que tenha escrito, me consideram de
direita fascista e outros disparates próprios das cabeças duras onde a reflexão
não tem lugar e, portanto, ajustar ou mudar de ideias é uma impossibilidade.
Muitas vezes escrevi já sobre o que penso
sobre “esta democracia” que cristalizou no tempo, mantendo os princípios
arcaicos em que se formou e, mais ainda, sobre a catalogação do pensamento
político que os próprios políticos aceitam e não passa da definição de baias
que impedem ver para além das restrições que se impuseram.
Aliás, o pensamento político é, por via de
regra, curto no tempo e no espaço e quando se atreveu a extrapolar raramente
deu certo.
A política é conservadora e, ao mesmo tempo, permissiva quando lhe convém. Não revela
capacidade para fazer as mudanças que a cada momento se impõem, como que
negando a inteligência de que deveria dar provas nas actuações que faz.
E ao contrário da liberdade de pensamento que
apregoam, não saem do campo que é o seu e, por isso, escolhem o seu
posicionamento, num dos vários quadrantes que vão da extrema esquerda à extrema
direita, cujas fronteiras é um sacrilégio ultrapassar.
Por isso e porque o pensamento não tem as
fronteiras que o pensamento político lhe impõe, têm de tergiversar, de entrar
em negação perante as evidências que os contradizem, fingem parecer que é o que
lhes convém que fosse e inventaram o “politicamente correcto” que é a forma
mais discreta para fugir à responsabilidade de ser sério, submetendo a verdade
aos seus interesses.
Pense bem ou pense mal, esforço-me por pensar
sendo coerente no modo como penso, sem preocupações dos espaços políticos que
invada, porque não reconheço as fronteiras que os demarcam.
Curiosamente, acabo de ler sobre um “comunicado”
do PCP que lamenta “o apoio do Governo português ao governo de
Espanha na crise independentista da Catalunha, considerando que nenhum órgão de
soberania de Portugal deveria "acompanhar e alimentar" qualquer
"deriva autoritária" de Madrid”.
Além disso, "Perante
a gravidade das medidas repressivas que atingem dirigentes políticos e membros
do governo regional da Catalunha, o PCP considera que tais medidas constituem
uma inaceitável manifestação de intolerância antidemocrática que em nada
contribui para a solução da complexa questão nacional de Espanha, antes tende a
complicá-la e a agravá-la".
Quem diria, pois,
que eu e o PCP pudéssemos estar tão de acordo, o que está patente no que, sobre
este assunto, já escrevi?
Para mim está feita
a prova de que não imponho fronteiras ao meu pensamento que, talvez por
isso mesmo, me leva a não aceitar os excessos e confusões em que certa “modernidade”
se baralha.
Sem comentários:
Enviar um comentário