Todos nos lembramos, decerto, de quando o PS
era o campeão da regionalização que, agora, parece ter substituído por uma “descentralização”
maneirista, idêntica à que todos dizem querer fazer mas não fazem porque nunca
passa do centralismo disfarçado que transfere as responsabilidades de fazer em
conformidade com o que o poder central decide.
Iniciativas e projectos que, em conformidade
com as especificidades locais e regionais, as necessidades e a realidade justifiquem,
continuarão a ser apenas uma miragem.
Apesar disso e para que uma descentralização mesmo
tímida tenha algum efeito, será necessário, também, planeá-la, fazer dela um
conjunto de medidas com sentido da realidade, não sendo, apenas, uma
distribuição sem sentido.
A primeira atitude da descentralização que o governo
de Costa quer fazer, foi, como o próprio primeiro ministro afirmou, a mudança
do Infarmed para o Porto, o que, disse, estava pensado há muito tempo e integrava
a candidatura da cidade para sede da Agência Europeia do Medicamento, além de
já ter sido decidida e negociada com Rui Moreira.
Nas negociações, esqueceu-se Costa do próprio
Infarmed que a comunicação social informou desta decisão, para além de se
tratar de uma mudança prevista para circunstâncias que acabaram por não
acontecer!
Depois, por que razão ninguém soube de tais
negociações ou desígnios a propósito de uma candidatura cujas condições eram
públicas?
As negociações com o presidente da autarquia
portista eram secretas ou foi esta uma desculpa de que Costa se lembrou
quando teve de se explicar?
Parece que a confusão e a demagogia eleitoralista
para a qual as tragédias e os desaires de um Verão terrível e outras
trapalhadas empurraram o Primeiro-Ministro, se mantêm e se renovam em cada
atitude que toma.
Não me parece que seja deste modo que os
desequilíbrios de que Portugal sofre e o levam a desperdiçar alguns dos seus
mais preciosos recursos se equilibrem com atitudes inúteis que mais não fazem
do que satisfazer rivalidades mesquinhas.
Sem comentários:
Enviar um comentário