ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 19 de novembro de 2017

UNS E OS OUTROS. POLUIÇÃO OU MISÉRIA…



(fotografia de Guilhermina Esteves)

À indústria de pasta de papel, desde há muito instalada em Portugal, jamais deixou de ser aplicado aquele argumento estabelecido após a revolução industrial que, desde logo, ameaçou o Ambiente com fortes poluições que criavam natural desconforto e faziam perigar a saúde.
A alternativa, diziam os que enriqueciam com os danos que causavam, era a miséria.
Por isso, “poluição ou miséria” era a razão que justificava todos os danos causados pelos cada vez mais caudalosos rios de porcaria que as novas indústrias rejeitavam.
O Rio Tamisa era, naquele tempo, uma verdadeira cloaca nauseabunda e o ar de Londres quase tão irrespirável como o gás pimenta (perdoem o exagero).
E assim aconteceu durante muito tempo até terem sido tomadas iniciativas que limparam a água e o ar.
Eu ainda respirei o famoso "smog" de Londres e vi o Tamisa como um rio morto, sem vida.
A alternativa “poluição ou miséria” deixara de fazer sentido.
Mas pelo que se pode ver, não é o que se passa em relação ao Tejo onde, mesmo com os caudais reduzidos que esta prolongada seca lhe impõe, continuam a ser lançados os efluentes não tratados de indústrias, dentre as quais sobressaem os da celulose que, depois de invadir Portugal com eucaliptais enormes, responsáveis por tragédias que matam gente e destroem bens, conspurca o Tejo com os materiais e águas que rejeita, assim como torna o ar fedorento.
Numa altura em que a falta de água é a preocupação maior num país em seca severa que obriga a abastecer numerosas populações com água transportadas de outros locais, como acontece no oeste da Beira Alta, quando se pede às pessoas contenção na utilização de água e se torna urgente evitar as volumosas perdas em sistemas de abastecimento mal cuidados, o Rio Tejo continua a ser, segundo leio, o meio onde, sem qualquer atenção pelos riscos que faz correr, se lança poluição que já supera os caudais naturais em certos trechos onde os esgotos industriais são mais intensos.
Fará algun sentido que seja assim? Pode aceitar-se que a contenção seja pedida apenas a alguns?
Segundo leio, “O rio Tejo tem menos água mas as fábricas de papel não param de despejar lixo para o rio. Vejam esta foto do rio Tejo, hoje, zona de Santarém. O rio é uma mistela pastosa e vermelha escura, uma mistura mortal”.
É o que pretende mostrar a fotografia anexa a este texto!
Apesar de tudo o que dizem e das intensões com que se comprometem, ainda estou para encontrar um político que numa situação destas, coloque o Ambiente acima dos interesses económicos!
Afinal o princípio "poluição ou miséria" que eu julgava erradicado, ainda se mantém.
A poluição fazem uns. A miséria sofrem outros.



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