(fotografia de Guilhermina Esteves)
À indústria de pasta de papel, desde há muito
instalada em Portugal, jamais deixou de ser aplicado aquele argumento
estabelecido após a revolução industrial que, desde logo, ameaçou o Ambiente
com fortes poluições que criavam natural desconforto e faziam perigar a saúde.
A alternativa, diziam os que enriqueciam com
os danos que causavam, era a miséria.
Por isso, “poluição ou miséria” era a razão
que justificava todos os danos causados pelos cada vez mais caudalosos rios de
porcaria que as novas indústrias rejeitavam.
O Rio Tamisa era, naquele tempo, uma
verdadeira cloaca nauseabunda e o ar de Londres quase tão irrespirável como o
gás pimenta (perdoem o exagero).
E assim aconteceu durante muito tempo até
terem sido tomadas iniciativas que limparam a água e o ar.
Eu ainda respirei o famoso "smog" de Londres e vi o Tamisa como um rio morto, sem vida.
Eu ainda respirei o famoso "smog" de Londres e vi o Tamisa como um rio morto, sem vida.
A alternativa “poluição ou miséria” deixara
de fazer sentido.
Mas pelo que se pode ver, não é o que se
passa em relação ao Tejo onde, mesmo com os caudais reduzidos que esta
prolongada seca lhe impõe, continuam a ser lançados os efluentes não tratados
de indústrias, dentre as quais sobressaem os da celulose que, depois de invadir
Portugal com eucaliptais enormes, responsáveis por tragédias que matam gente e
destroem bens, conspurca o Tejo com os materiais e águas que rejeita, assim
como torna o ar fedorento.
Numa altura em que a falta de água é a
preocupação maior num país em seca severa que obriga a abastecer numerosas
populações com água transportadas de outros locais, como acontece no oeste da
Beira Alta, quando se pede às pessoas contenção na utilização de água e se
torna urgente evitar as volumosas perdas em sistemas de abastecimento mal
cuidados, o Rio Tejo continua a ser, segundo leio, o meio onde, sem qualquer
atenção pelos riscos que faz correr, se lança poluição que já supera os caudais naturais
em certos trechos onde os esgotos industriais são mais intensos.
Fará
algun sentido que seja assim? Pode aceitar-se que a contenção seja pedida apenas a alguns?
Segundo leio, “O rio Tejo tem menos água mas as fábricas de papel não param de
despejar lixo para o rio. Vejam esta foto do rio Tejo, hoje, zona de Santarém. O
rio é uma mistela pastosa e vermelha escura, uma mistura mortal”.
É o que pretende mostrar a fotografia anexa a
este texto!
Apesar de tudo o que dizem e das intensões
com que se comprometem, ainda estou para encontrar um político que numa
situação destas, coloque o Ambiente acima dos interesses económicos!
Afinal o princípio "poluição ou miséria" que eu julgava erradicado,
ainda se mantém.
A poluição fazem uns. A miséria sofrem outros.
A poluição fazem uns. A miséria sofrem outros.
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