ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

DE BOAS INTENÇÕES ESTÁ O INFERNO CHEIO



Há coisas que me escapam, certamente, no jornalismo que tão grande destaque dá a qualquer coisa que, por certo, a Humanidade já não verá e tão pouco parece preocupar-se com o que pode fazer que assim seja.
Um título de caixa alta informa que “Há um planeta extra-solar (muito perto de nós) que está a vir ao nosso encontro e que estará aqui bem ao lado dentro de 71 mil anos”.
Tempo que não passa de um curto lapso na vida da Terra que se formou há cerca de quatro mil e quinhentos milhões de anos e nem me pareceria excessivo para a sobrevivência de uma espécie, neste caso a Humanidade, se não estivesse em risco de, pelos seus erros, poder ter uma perspectiva de futuro muitíssimo mais curta.
Refiro-me aos avisos insistentes da Ciência sobre as calamidades que o modo como vivemos pode provocar e ao modo de as amenizar o que, depois de o fingir, agora queremos por em prática mas, de todo, não parece que venhamos a conseguir.
Perante as alternativas que os riscos que corremos nos colocam, parece-me irracional que alguém com especiais responsabilidades no que será o futuro, sem justificação sustentada ou por mero egoísmo os desminta ou, reconhecendo-os, afirme a necessidade de sérias medidas que, ao mesmo tempo, diz serem muito difíceis de tomar.
E serão, como o demonstrou a última Conferência da ONU, a COP 22, sobre alterações climáticas que teve lugar em Bona e terminou com propósitos de tudo se fazer para respeitar acordos pelos quais se pretende manter abaixo dos 2ºC o acréscimo da temperatura média global acima da que se verificava na era pré-industrial.
São de realçar o empenhamento manisfestado por alguns grandes países como a China para respeitar o Acordo de Paris (2015) e os apelos dramáticos de diversos países (Proclamação de Marraquexe) que pedem o empenhamento máximo para lutar contra as alterações climáticas ou, até mesmo, como as Ilhas Fiji, que imploram que as não deixem desaparecer!
Uma série de novas reuniões foram decididas para determinar o que fazer, que acontecerão a um ritmo mais lento do que aquele que as alterações já ocorridas justificariam, com objectivos de limites que os efeitos que já sentimos fazem crer excessivos para o que poderemos suportar.
Talvez por isso as conclusões falam da necessidade de manter a elevação da temperatura média global bem abaixo dos 2ºC e rever em alta os seus compromissos de redução dos gases com efeito de estufa, já reconhecidos como insuficientes para concretizar aquele limite.
Já fomos muito além dos limites que nunca deveríamos ter ultrapassado, sem garantias de os conseguir recuperar.

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