A legionela é uma bactéria cujo ambiente
natural é a água e que, ao alojar-se nos pulmões humanos pode causar uma
pneumonia grave, não raras vezes fatal.
A legionela propaga-se nas gotículas de água que
são lançadas no ar pela fonte poluidora e só causam a doença se forem
respiradas, pois apenas desse modo a bactéria alcança os pulmões.
É extremamente grave em organismos já
fragilizados conduzindo, por via de regra, à sua morte.
Em Portugal, há três anos, na zona de Vila
Franca de Xira, aconteceu um dos maiores surtos de liegionala em todo o mundo,
o terceiro maior, com mais de 300 pessoas infectadas e, pelo menos, sete
mortes.
Agora, no Hospital S. Francisco Xavier, em
Lisboa, outro surto de legionela acontece, o qual, diz o Senhor Ministro da
Saúde, foi certamente devido a alguma falha técnica já que os equipamentos são
recentes, no que é corroborado pela administração daquela unidade hospitalar.
São palavras do Ministro que “este surto não foi provocado por falta de
investimento no hospital. Os equipamentos são recentes. Atribuir esta situação
a uma falta de investimento no hospital não é um argumento sério. O que
aconteceu foi seguramente uma falha técnica”, acrescentando, depois, que que
o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge está a realizar análises com
vista a determinar a origem!
Afirmações tão seguras quanto à causa,
chamando falhos de seriedade aos que adiantem eventuais hipóteses para ela, quando esta ainda nem sequer a verdadeira causa é conhecida, poderia merecer-me uma
conjectura desagradável que, por isso, não vou adiantar.
É peremptório o Sr Ministro na afirmação de
que não há faltas de investimento nas unidades hospitalares, apesar de, em
algumas, a degradação própria do tempo (e de falta de cuidados, porque não) ser
visível e a falta de meios, materiais e humanos, mesmo os mais necessários, ser
demasiado frequente e as dívidas do SNS ultrapassarem já os mil milhões de euros!
E como se não bastasse a desgraça de mais um
surto de uma doença mortífera, a polícia recolheu dois cadáveres já entregues à
família, um dos quais em pleno velório, porque não tendo recebido “qualquer
comunicação de óbito relacionada com esta matéria”, teve de proceder deste
modo.
Porque será que quando acontecem certas “desgraças”,
o governo faz estas figuras tristes de desdizer o óbvio que é a notória falta de cuidados que tem com o que mais directamente afecta o povo?
Finalmente, como também se tornou hábito, lá vem a garantia de que é preciso fazer melhor para que, no futuro, estas coisas não voltem a acontecer.
Garantia dada e, como nos incêndios deste Verão que se não repetitam (?!), podemos ficar seguros de que os surtos de legionela acabaram!
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