Os
acontecimentos junto à Urban Beach foram, na realidade deploráveis.
Infelizmente
sabemos que coisas assim são frequentes nestes ou junto a este tipo de locais
onde, nas noitadas do fim de semana, o “pessoal” se evade da vida real embebedando-se
e drogando-se, não me parecendo que por ali se sirva comida saudável ou exista
um ambiente que proporcione convívios de amigos para matar saudades e relaxar.
Não
me parece, pois, uma boa ideia procurar nestes lugares o relaxamento a que o
desgaste de uma dura semana de trabalho convida ou a socialização que a
barulheira e o ácool excessivos não permitem.
Mas
estes lugares existem, são legais e há quem goste de frequentá-los. É a
liberdade que garante os direitos de cada um, mas que não protege os que de um
modo menos ou mais directo vêm a sofrer os efeitos dos excessos cometidos,
tanto a nível social como de saúde. Tenho em mente, sobretudo, os familiares
que terão, depois, de tratar das mazelas físicas e morais que os excessos
sempre causam.
As
atitudes dos seguranças envolvidos, pela violência com que trataram alguém que
se notava não controlar já as suas faculdades físicas e mentais, muito
alcoolizado talvez, são absolutamente indesculpáveis e denotam que os agentes
não possuem a devida formação para o trabalho de segurança que é suposto
realizarem.
Não
me compete estar aqui a fazer escola, dizendo como deveriam ou não proceder
para com alguém naquelas circunstâncias, mas sejam quais forem as regras
estabelecidas, jamais deveriam passar pela violência gratuita que inclusive,
leva a desferir sucessivos pontapés e a saltar, a pés juntos, sobre a vítima
caída no chão.
No
vídeo que circulou, nem uma única vez vi o agredido responder às agressões. A
violência repetida, mesmo sem reacção do agredido, denuncia “raiva”, o
propósito de deixar marcas profundas, de uma exibição de poder que os eleve
perante os que presenciavam esta triste cena.
O
que se passou não deixa dúvidas e um castigo adequado às suas atitudes será,
por certo, a consequência daquela inadmissível demonstração de força.
Mas
chocou-me tanto como as barbaridades que ocorreram, o que os advogados dos “seguranças”
detidos disseram aos jornalistas, seja que “as atitudes devem ser “contextualizadas”
como desvalorizar o facto de saltar a pés juntos sobre a vítima afirmando que “não
foi sobre a cabeça, foi apenas sobre o braço”!
Tenho
ouvido, em reportagens televisivas, que andam por este tipo de locais indivíduos
sem idade para os frequentar ou para consumir as bebidas que ali se vendem, o
que farão com o maior desplante pois parece não haver nem consciência para os
não servir nem fiscalização que o impeça.
Parece
que depois do que sucedeu junto ao Urban Beach, o governo quererá rever as
regras de funcionamento de tais locais.
Mais
uma vez, depois de casa roubada trancas na porta, tal como aconteceu com os
incêndios que, este ano, quase destruíram meio Portugal.
Mas
será preciso que, sempre, a desgraça aconteça para, depois, se fazer alguma
coisa para a remediar?
Parece-me
que os políticos não têm tempo para perder com estas coisas sem importância que
desgraçam famílias e sobrecarregam os hospitais que se vêem forçados a perder
mais tempo com as consequências destes devaneios que procuram a desgraça do que
com aqueles a quem a desgraça bateu à porta.
Mas
para que maçarem-se com isto se somos nós todos quem terá de pagar os custos
que a sua indiferença tiver?
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