ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

REFLEXÕES QUE ME SUGEREM AS GREVES DE PROFESSORES



A formação escolar é, sem qualquer dúvida, um dos aspectos mais importantes para que a sociedade seja esclarecida e, de modo consciente, possa reagir às circunstâncias da forma mais adequada porque compreende as dificuldades e os problemas que enfrenta, sabe avaliar as soluções que podem resolve-los e, sendo assim, pode decidir conscientemente sobre o que mais convém para um futuro melhor.
Decidir não é mais do que escolher entre as atitudes que podem ser tomadas, o que exige conhecimento para que não seja apenas um livre arbítrio ou o resultado de uma emoção.
A qualidade dos docentes deve ser, por isso, a grande preocupação dos governos que, infelizmente, parecem nunca se entender bem com este problema que, do modo como as coisas são tratadas, jamais será resolvido.
A colocação de professores, os horários, o número de alunos por turma, a progressão nas carreiras, os salários e sei lá quantas coisas mais, são os pomos das discórdias permanentes, das greves frequentes e dos maus resultados na maioria das escolas públicas.
Mas quando se trata de decidir como serão avaliados aqueles que querem progredir, o que deverá resultar da qualidade que demonstrarem, ninguém se entende sobre como o fazer e, em consequência, nenhuma avaliação de facto, é feita.
A aquisição de saber carece de tranquilidade, de reflexão, de perseverança para o que o tempo que vivemos não tem tempo, de professores bem preparados e com boas condições de trabalho que não são, de todo, as que as colocações feitas e as escolas proporcionam.
Tanto quanto pude aperceber-me enquanto professor universitário, a formação anterior é, francamente, de baixo nível, não me parecendo que uma boa parte dos alunos possua o saber bastante para tornar profícuo o trabalho de formação superior que, deste modo, ficará prejudicado.
A solução é fazer da matéria um nicho de conhecimentos específicos sem qualquer ligação a outros conhecimentos e à realidade global, ao que, pomposamente, se chama de “especialização”.
E assim, a geração mais bem preparada de sempre, como chamam a esta que privilegia a rapidez em vez da qualidade, não pode ser, de todo, a que resolverá os grandes problemas do mundo, porque tal exige um conhecimento mais alargado que não possuem.
A aquisição de conhecimentos precisa de tempo que as exigências de celeridade num mundo que parece ávido de chegar ao desastre não proporciona.
É a questão da qualidade que não vejo ser preocupação dominante como deveria ser quando as dificuldades aumentam e a incerteza do futuro é maior.

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