A formação escolar é, sem qualquer dúvida, um
dos aspectos mais importantes para que a sociedade seja esclarecida e, de modo
consciente, possa reagir às circunstâncias da forma mais adequada porque
compreende as dificuldades e os problemas que enfrenta, sabe avaliar as
soluções que podem resolve-los e, sendo assim, pode decidir conscientemente sobre
o que mais convém para um futuro melhor.
Decidir não é mais do que escolher entre as atitudes
que podem ser tomadas, o que exige conhecimento para que não seja apenas um
livre arbítrio ou o resultado de uma emoção.
A qualidade dos docentes deve ser, por isso,
a grande preocupação dos governos que, infelizmente, parecem nunca se entender
bem com este problema que, do modo como as coisas são tratadas, jamais será
resolvido.
A colocação de professores, os horários, o
número de alunos por turma, a progressão nas carreiras, os salários e sei lá
quantas coisas mais, são os pomos das discórdias permanentes, das greves
frequentes e dos maus resultados na maioria das escolas públicas.
Mas quando se trata de decidir como serão
avaliados aqueles que querem progredir, o que deverá resultar da qualidade que
demonstrarem, ninguém se entende sobre como o fazer e, em consequência, nenhuma
avaliação de facto, é feita.
A aquisição de saber carece de tranquilidade,
de reflexão, de perseverança para o que o tempo que vivemos não tem tempo, de
professores bem preparados e com boas condições de trabalho que não são, de todo,
as que as colocações feitas e as escolas proporcionam.
Tanto quanto pude aperceber-me enquanto
professor universitário, a formação anterior é, francamente, de baixo nível,
não me parecendo que uma boa parte dos alunos possua o saber bastante para
tornar profícuo o trabalho de formação superior que, deste modo, ficará
prejudicado.
A solução é fazer da matéria um nicho de
conhecimentos específicos sem qualquer ligação a outros conhecimentos e à
realidade global, ao que, pomposamente, se chama de “especialização”.
E assim, a geração mais bem preparada de
sempre, como chamam a esta que privilegia a rapidez em vez da qualidade, não
pode ser, de todo, a que resolverá os grandes problemas do mundo, porque tal
exige um conhecimento mais alargado que não possuem.
A aquisição de conhecimentos precisa de tempo
que as exigências de celeridade num mundo que parece ávido de chegar ao
desastre não proporciona.
É a questão da qualidade que não vejo ser
preocupação dominante como deveria ser quando as dificuldades aumentam e a incerteza
do futuro é maior.
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