É o futuro da Humanidade que está em causa,
as vidas de nossos filhos, dos nossos netos e de todos os vindouros que houver.
É a já velha questão do mundo que vão herdar,
do Ambiente que não terão para viver, da escassez de recursos de que disporão
para a sua sobrevivência. E como “em casa onde não há pão, todos ralham sem
razão”, numerosos conflitos serão de esperar para disputa do pouco que houver.
Não é um futuro feliz o que o mundo pode
esperar se continuar a depredar o que não é seu, a confrontar forças naturais que
não pode vencer.
Reduzimos excessivamente as grandes áreas de
floresta no mundo, provocamos a extinção de numerosas espécies de seres vivos,
poluímos os oceanos, utilizamos excessivamente os combustíveis fósseis lançando,
na atmosfera, cada vez mais milhões de gigatoneladas de dióxido de carbono por
ano, para alimentar uma população exponencialmente crescente, aumentamos o
número de ruminantes que produzem enormes quantidades de metano que aumentam a
concentração dos gases de estufa na atmosfera e tantas coisas mais, cujo
controlo sistemático, para além do que a realidade já torna evidente, não deixa
dúvidas sobre as consequências do consumismo excessivo que mantém uma economia
que rapidamente conduzirá à extinção da própria Humanidade.
Depois do aviso que quase 2000 cientistas
fizeram, em 1992, no seu “Alerta dos Cientistas do Mundo à Humanidade”, em que
reconhecem que “Os seres humanos e o mundo natural estão em colisão. As
actividades humanas causam danos severos e, por vezes, irreversíveis no
ambiente e nos recursos” e no qual propõem atitudes que, de modo algum foram
tomadas, de novo um grupo de cientistas, agora na ordem dos 15.000 em mais de
180 países e agindo de uma forma concertada, avisam, em comunicado agora
publicado na BioScience, de que “estão em curso na Terra substanciais e
irreversíveis alterações” que, comparadas com as verificadas em 1992, mostram
bem como é desastroso, a curto prazo, o caminho que seguimos.
Mas, apesar disso, são preocupações de maior
crescimento económico, de mais consumo, as que transparecem dos discursos dos
políticos que, apesar das evidências que só tolos podem negar, fazem orelhas moucas
aos avisos dos que estudam e controlam a vida na Terra e, mais do que isso, as
negam ou fazem passar desapercebidas para que não sejam prejudicados os seus
objectivos egoístas de curtíssimo prazo que não passam de ser o disfarce de uma
tragédia qualquer dia sem remédio.
Os cientistas preocupam-se com um prazo mais
longo, para o que observam, coligem e analisam dados que dão sinais evidentes
do caminho insustentável que estamos percorrendo, do autêntico suicídio que, a
muito curto prazo, estamos cometendo.
Infelizmente é com atroz egoísmo que os
políticos respondem a tão preocupantes avisos, pelo que, nas suas conversas,
não damos conta destas preocupações, apenas ouvindo falar do défice, do aumento
do consumo, do crescimento do PIB, e de outras coisas que são o inverso do que
os cientistas propõem e o bom senso recomendaria.
Os cientistas não têm dúvidas de que as secas
severas que sofremos são uma consequência das alterações climáticas que a nossa
actividade económica acelera. As tímidas medidas decididas em centenas de
encontros, conferências, cimeiras, têm como objectivo que a temperatura média se
não eleve, no final do século, mais do que dois graus centígrados.
Se com o acréscimo de meio grau centígrado
desde 1992 as consequências são já as que sentimos, o que esperaremos que seja,
então, a vida?
O gráfico publicado mostra que um aumento de 2ºC pode ser atingido antes de 2030.
O gráfico publicado mostra que um aumento de 2ºC pode ser atingido antes de 2030.
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