ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 18 de novembro de 2017

A SECA TOTAL NA REGIÃO DE VIZEU E OUTRAS PREOCUPAÇÕES



Penso que pouca gente, se alguma, após a evolução climática que se tem verificado ao longo dos últimos anos e este ano atinge um ponto que trás já seriíssimos problemas que o futuro ainda pode agravar, terá dúvidas de que as alterações climáticas, no sentido de um aquecimento global, é uma realidade que trás consigo mudanças que nos obrigarão a corrigir profundamente o nosso modo de viver e às quais teremos de nos adaptar, enquanto o conseguirmos.
Este ano tem sido uma seca prolongada que nos fustiga, mas nada me diz que, no próximo ano, não sejam cheias intensas o que teremos de suportar, pois tudo indica que as alterações já ocorridas tornam mais frequentes os fenómenos extremos, aqueles a que, antes, corresponderiam mais longos períodos de retorno, isto é, a uma menor frequência no seu acontecimento.
Foi com base em observações de fenómenos climáticos ao longo de muitos anos e da análise dos registos colecionados que se estabeleceram critérios de dimensionamento de infra-estruturas como redes de drenagem de águas pluviais, vãos de pontes, regularização de caudais, constituição de reservas, definições de leitos de cheia, etc, que correm o risco de estar desajustados nas condições actuais, dado que as características dos fenómenos, em particular das precipitações e da temperatura, se mostram muito modificadas.
Sempre verificou uma diferença, maior ou menor, entre as necessidades de água e a sua disponibilidade natural. Daí a necessidades das intervenções que são feitas sobretudo para regularização de caudais que reduza as diferenças naturais, através da criação de albufeiras que atenuam pontas de cheias e criam reservas que permitem dispor de água e garantir caudais quando não há precipitação, sem esquecer o reforço da alimentação das camadas freáticas, um outro reservatório da maior importância.
A barragem de Fagilde que esta seca severa tornou famosa, foi construída no Rio Dão – um afluente da margem direita do Mondêgo –destinando-se a água retida sobretudo ao consumo doméstico de uma região com cerca de uma centena e meia de milhares de consumidores, residentes em diversos centros populacionais entre os quais Vizeu.
Os critérios de dimensionamento foram, decerto, os que a disponibilidade natural, determinada a partir dos registos existentes, e a evolução dos consumos prevista ao longo de um de um determinado período de tempo, definidos em função do crescimento económico e populacional esperado na região servida, recomendaram, o que corresponde a parâmetros estabelecidos com margens de erro que circunstâncias inesperadas podem fazer bem maiores, limitando os efeitos esperados quer na atenuação de pontas de cheia quer da reserva constituída.
Neste momento o volume armazenado não corresponderá a mais de 10% da sua capacidade útil, o que significa uma ruptura total que outros meios mais dispendiosos têm de remediar.
Não sei dizer, creio que ninguém saberá, como será continuada esta situação que pode acelerar a desertificação de áreas enormes na Península Ibérica.
Apenas sei que a acumulação de gases de estufa, na atmosfera, cresceu muito ao longo dos últimos anos, do que começamos a sentir os efeitos.
Olhando as cartas de isobáricas nesta zona do Globo, encontramos uma insistente ocorrência de núcleos de altas pressões (A), não habituais nesta altura do ano, as quais “protegem” a Península Ibérica e parte da Europa Central das depressões (B) instaladas a Norte e a Oeste, evitando, assim, a ocorrência de precipitação.
Não havendo ainda registos do clima modificado dos quais se possam tirar conclusões úteis para as decisões a tomar, é também difícil decidir, com consciência, as atitudes que evitem os danos que o regime de precipitações vindouro poderá provocar.
Também é preocupante o anunciado abaixamento das temperaturas mínimas que pode vir a provocar ainda maiores danos em consequência das geadas que se formem e destruam o que ainda resta da produção agrícola já tão diminuída.
Infelizmente, tudo indica que não será fácil o futuro que teremos de enfrentar, que serão graves as consequências das agressões ambientais que resultam do nosso modo de viver, o que só outros, que não os políticos que temos, poderão tentar amenizar.


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