Procuro
razões para me sentir feliz com as alterações políticas que aconteceram em
Portugal nos últimos tempos. Mas não as encontro porque não acredito nos
faz-de-conta por que me dizem que Portugal irá mudar para melhor porque a
austeridade vai acabar, em vez de me darem razões sérias e bem fundamentadas que
me fizessem acreditar nos benefícios de uma política realista em vez de voluntarista como é esta que resulta de uma estranha mistura de ideias onde parece
não caber a realidade que, por mais cegos que queiramos ser, está bem visível diante de
nós.
Não
me fazia feliz a política austera que o anterior governo adoptou para recuperar
o país dos danos causados pelas políticas levianas antes adoptadas que a
tornaram inevitável em consequência da situação financeira muito desequilibrada
a que conduziram.
Foi
um caminho duro que, como tantos outros, tive de percorrer mas que ainda não
havia chegado ao seu fim, como a elevada dívida pública e o défice orçamental o
demonstram.
Não
cheguei a perceber qual seria o caminho que o governo a que chamam de direita
nos levaria a percorrer depois de normalizada uma situação que se tornou
incomportável. Seria aquele que a realidade do mundo em que vivemos consentiria
ou seria o da mesma ilusão que esta esquerda persegue num mundo onde as coisas
tanto mudaram sem que a política disso se desse conta!
Simplesmente,
penso que se acabaram os tempos de tais distinções e confrontos esquerda-direita
quando, perante as dificuldades que cada vez mais são maiores, é indispensável
uma cooperação profunda e um total bom senso, sem os quais as dificuldades
serão ainda maiores até, um dia, se tornarem insuperáveis.
Ensinou-me
a vida que são as contas simples as mais fiáveis, as que mais rapidamente nos
mostram a realidade que as complexas contas que vejo fazer apenas
momentaneamente encobrem.
É
por isso que me preocupo e não acredito nas contas de faz-de-conta que me
impingem.
Tudo
me diz que a desilusão virá depois quando, ignorando os sinais de uma realidade
que cada vez se torna tão preocupante como um furacão, tivermos de enfrentá-la
e sofrer os efeitos nefastos do mal que fizemos e que, possivelmente, nos pode
merecer o mesmo destino de outras espécies que também fizeram parte da mesma Natureza
a que pertencemos.
Continuaremos
a seguir ao encontro do furacão que nos pode destruir?