ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O FAMOSO MUNDO DAS MENTIRAS

Sinto-me chocado por um programa que acabo de ver num canal televisivo que revelou como se promovem os “famosos” do tipo Lili Caneças, José Castelo Branco e outros, de como se fazem pagar para participarem em festas, de como se combinam as fotos “proibidas” dos paparazi, de como se inventam histórias para revistas e se “fabricam” celebridades, enfim, que falou das inutilidades que movimentam milhões e levam as pessoas a gastar, por ano, quase quarenta milhões em revistas cor-de-rosa, neste país de tanga!
Numa comunicação social que atravessa dias difíceis, com profissionais qualificados com o ganha-pão em risco, as “revistas dos mexericos sociais” conhecem dias eufóricos, com os ditos “famosos”, os cronistas e os promotores de eventos sociais a engordarem as suas contas bancárias.
Mas não os critico por explorarem a “pobreza” alheia…

domingo, 28 de novembro de 2010

A REMODELAÇÃO

Há circunstâncias em que as pessoas mostram melhor o que são, a competência que têm e a capacidade que possuem para enfrentar os problemas.
A “crise”, esta crise que não há maneira de ser resolvida (talvez porque não tenha solução pelas vias prosseguidas), ainda não ensinou nada aos políticos que a deveriam ter evitado e, agora, também não sabem resolvê-la.
Falam, falam, falam, dizem e desdizem, fazem previsões do que nunca acontece, prometem o que não cumprem, afirmam coisas que depressa se vê não serem verdade e envolvem-se em lutas com fantasmas que nunca poderão vencer e, deste modo, vão revelando toda a sua incapacidade para serem responsáveis pelos futuros dos países que, supostamente, governam.
Perante o iniludível fracasso do governo, fala-se agora de uma inevitável remodelação ministerial, na qual, entre outros, a substituição de três ministros parece inevitável.
Teixeira dos Santos, o das Finanças, será vítima por ter cedido às imposições do seu “chefe”, o tal que “puxa sozinho pelo país”, para quem encher o território de infra-estruturas excessivamente extemporâneas é o verdadeiro sinal de progresso, mesmo que tal signifique a ruína que todo o povo suportará.
Outro, o dos negócios Estrangeiros, cometeu a leviandade de contradizer os princípios de “orgulhosamente só” do “chefe” que se considera o “salvador da Pátria” quando não será mais do que o seu coveiro.
O terceiro, o ministro das Obras Públicas, uma espécie de “voz do dono” como o anterior já fora, também será dos que não resistirão à crise porque defender o indefensável é tarefa para os que sempre acabam sendo as vítimas de quem lhes “encomendou o sermão”.
Tudo isto, atendendo às razões pelas quais a remodelação se vai fazer, lembra-me aquela justiça que condena o “executante”, deixando o “mandante” em paz.
Assim, que melhor remodelação poderia haver do que “remodelar” o Primeiro-Ministro a quem já muito pouca gente reconhece competência para o ser, que tem como principal qualidade ser um excelente motivo para novas anedotas e em cujas afirmações já ninguém acredita?
Mas como bom povo que somos, cínico e medroso, fazemos manifestações contra o governo em vez de retirarmos a confiança ao Primeiro-Ministro que a maioria de nós escolheu!

domingo, 21 de novembro de 2010

A POBREZA NA EUROPA E NO MUNDO

Quase a terminar o Ano Europeu para Combate à Pobreza e Exclusão Social, Durão barroso afirmou: “Não queremos que fique por 2010 esta luta contra a pobreza. Por isso, a estratégia 'Europa 2020', que a Comissão Europeia apresentou para o crescimento económico da Europa, fixou o objectivo de reduzir pelo menos em 20 milhões o número de pessoas que vivem em risco de pobreza e assim criar uma Europa mais justa, mais coesa e solidária".
Digo eu: Independentemente das dificuldades que sentirá para sair da crise grave em que se encontra, se conseguir debelá-la, o problema da pobreza na Europa é uma parte menor do problema da pobreza no mundo onde, a cada hora que passa mais de 20.000 pessoas morrem de fome e outras mais de mil milhões vivem com menos de um dólar por dia…
Terá de entender a Europa que não conseguirá resolver o problema apenas internamente porque se trata de um problema à escala global que não deixará de afectar todos os países e regiões. Não poderá a Europa pretender ser excepção num mundo que é de todos e, um dia, os cada vez mais numerosos pobres reclamarão!

sábado, 20 de novembro de 2010

CONTRA A GUERRA? SIM!

Acabo de ver uma manifestação contra a NATO, feita por uns poucos centos de manifestantes que desciam a Avenida da Liberdade. Não fossem uns microfones através dos quais se gritavam palavras de ordem a que ninguém respondia e o facto de aquela importante via de Lisboa ter sido fechada ao tráfego, mais pareceria um passeio dos pacatos, em nada semelhante às manifestações tumultuosas e, muitas vezes, selvagens ocorridas em outros países a quando de outras cimeiras.
Agradou-me aquela tranquilidade porque uma manifestação contra a guerra só pode ser pacífica. Naturalmente.
De bom gosto me ligaria aos manifestantes se não fosse a falta de isenção que revelam.
A guerra não tem apenas uma parte. Onde estava a manifestação contra a outra?

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O VALOR DOS NÚMEROS

Dizia-me um amigo advogado com muita experiência que, nos tribunais, só ainda não tinha visto vacas voarem. Foi do que me lembrei quando ouvi um ministro, o da Presidência ou seja do que for, dizer que a diferença entre as previsões do governo e da OCDE para o crescimento de Portugal era apenas de quatro décimas pois o primeiro admite que Portugal vai crescer 0,2%, enquanto o organismo internacional prevê um retrocesso correspondente a -0,2%.
Ao Sr ministro nunca ninguém, certamente, ensinou o valor dos números porque não sabe distinguir um valor positivo de outro negativo, isto é, nem faz ideia da diferença que entre os dois existe e que muito ultrapassa o valor aritmético para além do qual parece não conseguir ver!
Não me atrevo a falar das tendências associadas a um e a outro nem das consequências do crescimento e da recessão, pois não quero baralhar aquelas cabecinhas pensadoras que tão esgotadas devem estar por tanto trabalharem em prol de todos nós.
Nesta situação de enormes problemas em que nos encontramos, as declarações de um ministro que se dirige ao povo desvalorizando a diferença entre crescimento e recessão, como se tal não tivesse influência na vida de todos nós, é um desaforo que não deveria passar em claro.
Não entendo, depois de tantas manifestações de incompetência de que esta foi apenas mais uma, onde estão os 30% que ainda tencionam votar no Partido Socialista.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

REAVALIAR. O QUE É E PARA QUE SERVE?

Não esperava ver discutido na Assembleia da República o significado de qualquer palavra, muito menos de uma que não apresenta qualquer dificuldade. “Reavaliar” é, simplesmente, avaliar de novo. E se avaliar é determinar o valor de qualquer coisa, facilmente se chegará ao significado mais cabal de “reavaliar”.
Mas não me parece que o significado da palavra seja a questão! Mais me parece que seja “para que serve reavaliar”?
No acordo para a viabilização do OE, o PSD impôs a condição de “reavaliação” de diversas iniciativas do governo, entre as quais os chamados grandes investimentos em obras públicas, onde a discussão sobre a execução imediata do TGV Lisboa – Madrid continua a alimentar o confronto entre os minoritários socialistas e todos os demais.
A “reavaliação” de obras públicas só poderá ter como objectivo o reajustamento da decisão de as executar ou do momento em que mais convém que sejam executadas.
Não consta que, no acordo, seja excepção o caso do troço “Poceirão - Caia” da linha de grande velocidade entre as duas capitais ibéricas que o governo, numa atitude óbvia para criar um facto consumado, se apressou a adjudicar contra o parecer, generalizado, de todas as demais forças políticas para além da que o suporta e de especialistas.
Sendo assim, a sua reavaliação terá de ser feita, ou o acordo não será cumprido.
Se, como o ministro das obras públicas (e que jeito tem Sócrates para escolher os ministros deste sector…) afirmou na AR, a obra vai avançar como previsto, é oportuno perguntar que reavaliação foi feita e quais as conclusões a que chegou? Ficou claro que o empreendimento é proveitoso e que é vantajoso executá-lo nesta altura de enormíssimas dificuldades financeiras?
Porém, depois dele, o ministro das finanças garantiu, também na AR, que o acordo vai ser cumprido, fazendo-o de modo que não exclui o cancelamento da empreitada pois referiu os custos que tal atitude terá. É óbvio que tais custos devem ser levados em conta, como o deverá ser a atitude de, contra tudo e contra todos, a empreitada ter sido, inoportunamente, adjudicada!
Curioso é que, na candidatura conjunta Portugal-Espanha para a organização do Mundial de Futebol, a execução do TGV Lisboa-Madrid até 2013 seja uma das garantias dadas!!!

sábado, 13 de novembro de 2010

PREPOTÊNCIAS E DIREITOS HUMANOS

Aung San Suu Kyi, ex-secretária geral da Liga Nacional para a Democracia da Birmânia (Nyanmar), venceu as eleições em 1990 mas não ocupou o lugar de Primeiro-Ministro que, por direito, lhe pertencia porque uma Junta Militar o não permitiu e tomou conta do poder no país.
Desde então e apesar de lhe ter sido atribuído o Prémio Nobel da Paz em 1991, esta activista dos direitos humanos passou a maioria do tempo, cerca de 17 anos, em prisão domiciliária sem qualquer comunicação com o exterior.
Foi hoje libertada esta resistente já com 65 anos, mas nada garante que os ditadores da Junta Militar a não voltem a privar de liberdade quando virem o seu poder, agora retomado em eleições fantoches, ameaçado.
Também Liu Xiaobo, de 55 anos, crítico literário, professor e activista dos direitos humanos, se encontra encarcerado na China em consequência das suas exigências de abertura democrática no seu país. A sua luta valeu-lhe o Prémio Nobel da Paz, mas de nada valem as pressões sobre um regime acusado de graves atropelos aos direitos humanos pela Amnistia Internacional.
São casos que deveriam envergonhar toda a Humanidade, aos quais se juntam outros de regimes ferozes que subjugam povos inteiros mas que ficam sem a reprovação clara e determinada da ONU que nada faz de positivo para os corrigir. Nas relações entre países, os valores económicos falam mais alto.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

TÊM AS CRISES UM LIMITE?

Esta crise que parece não ter mais fim possui, para além do seu tempo de duração que ainda ninguém foi capaz de determinar, a característica de ser mundial! Nenhuma outra crise anterior o fora.
Do que me pude aperceber ao longo do muito tempo que já por aqui ando e que a história das crises pode confirmar, é que o intervalo entre crises foi decrescendo ao longo do tempo, enquanto as áreas abrangidas se foram ampliando até que, como nesta, a crise abrange o mundo inteiro.
Outro pormenor a ter em conta é que o “mundo” directamente afectável por crises financeiras se foi tornando maior, com um enorme crescimento na última década quando países tão populosos como a China e a Índia se tornaram economias com muito peso no contexto mundial, mesmo que a maior parte das suas populações ainda não tenha sentido os seus benefícios.
O consumo crescente de recursos que uma população cada vez maior reclama e que tende a duplicar nos próximos anos, coloca outra questão que terá de voltar à ribalta das preocupações: a capacidade de suporte do nosso planeta.
Sendo que todos os recursos naturais são finitos, não será possível promover continuadamente o seu consumo como o actual modo de viver consumista exige. Este factor de desequilíbrio acentuar-se-á à medida que o número de consumidores e os níveis de consumo aumentam.
Por outro lado, como a “riqueza” global não pode exceder o valor dos recursos disponíveis há, necessariamente, um limite para o nível médio de consumo que, sem uma contenção que o racionalize, acabará, fatalmente, por decrescer, eventualmente através de um colapso desestabilizador.
Começa a ficar cada vez mais evidente a escassez de recursos, bem como os danos ambientais resultantes do consumo excessivo. Não tardará muito tempo para ficar provado que também as crises foram provocadas pelo consumismo que é indispensável ao crescimento.
Se for assim, será o fim da sociedade de consumo como a conhecemos, em consequência de uma crise global que apenas artificialmente poderá ter um fim.

domingo, 7 de novembro de 2010

CIRROSE HEPÁTICA

Segundo Carlos Monteverde, até há poucos dias coordenador do Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, agora substituído por José Presa, a cirrose é uma doença que começa a afectar pessoas cada vez mais jovens.
A doença afecta já jovens com 13 e 14 anos, mostrando, assim, como o consumo precoce de álcool é perigoso.
São demasiadamente frequentes os casos em que a lei do consumo do álcool em lugares públicos não é respeitada, muitas vezes à frente de todos e sem que quem de direito intervenha como deve intervir.
Mas não é apenas o perigo de cirrose que torna o consumo de álcool perigoso, porque está provado ser a droga mais perigosa nos seus efeitos sociais.
Os fins de semana regados a álcool são uma praga em cuja eliminação cabe ao Estado, através dos agentes fiscalizadores, a responsabilidade maior.
Todos conhecem os lugares em que tais desmandos ocorrem e já tarda a intervenção dura que a situação exige.
Será que, neste país, as cabecinhas governantes não conseguem ocupar-se com mais nada para além do défice e da crise financeira?

sábado, 6 de novembro de 2010

UM MUNDO OU UM MODO DE VIDA EM EXTINÇÃO?

Que uma em cada cinco espécies de animais e de plantas estão em risco de extinção, é o alerta das Nações Unidas.
Esta situação é preocupante, pois não corresponde à normal evolução mas sim à perda sistemática de condições de habitat pela qual a intervenção humana é responsável.
A sobre-exploração de recursos que o crescimento económico continuado impõe, o constante acréscimo das áreas de ocupação humana em consequência da “explosão demográfica” que num curtíssimo período de tempo fez duplicar a população mundial e a poluição do ar, da terra e do mar afectam as condições de vida das espécies.
Apenas a decidida correcção das causas de extinção poderá dar esperança de recuperação das espécies ameaçadas, o que as meritórias acções isoladas de reprodução de animais em cativeiro ou de plantas em condições de protecção especial nunca conseguirão.
É o confronto entre o hiper-consumismo insaciável de recursos e um estilo de vida compatível com exploração sustentável que a continuação da vida impõe.
A actual crise económica mundial, não comparável a qualquer outra que jamais tenha ocorrido, é a prova da incompatibilidade entre um modo de vida de consumo despreocupado e o equilíbrio ambiental que a continuação da vida na Terra exige.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A RESSACA

O OE foi viabilizado e, em resposta, os “mercados” aumentaram as taxas para a dívida a 10 anos para um máximo histórico que se aproxima muito dos 7%!
Afinal, a viabilização do Orçamento que, muitos diziam, era indispensável para a nossa imagem perante os que podem emprestar-nos dinheiro, não surtiu o efeito esperado. As pressões de tanta gente e da própria UE, às quais o PSD acabou por ceder, não terão sido os mais sensatos.
De facto, se eu fosse os “mercados” ficaria bem mais tranquilo com a reprovação do OE do que com aquilo que se passou pois, tanto pelos erros que já cometeu como pelo modo como não soube, nem poderia saber, defender o indefensável Orçamento, o governo não dá garantias de ser capaz de levar o país por bons caminhos.
Não sei se Passos Coelho será capaz de fazer tudo o que é necessário para reequilibrar Portugal, o que não é, de todo, fácil. Mas, concordando com a verdade “lapalissiana” de Cavaco Silva quando diz que só uma mudança na orientação económica poderá resolver os problemas concretos das pessoas que não serão solucionáveis com ilusões ou com utopias, ele será uma mudança e, por isso, uma esperança a ter em conta.
É óbvio que sem uma mudança profunda o caminho para o abismo continuará. A teimosia de um governo que se comporta como um poder absoluto mesmo sendo minoritário, não é segurança para ninguém. Porque o seria para os “mercados”?
A Sócrates, porém, é devido o reconhecimento de uma habilidade inigualável para gerir oportunidades, no que foi inexcedível tanto no momento das últimas eleições legislativas das quais saiu vencedor minoritário como no deixar correr do tempo até neutralizar a capacidade presidencial para dissolver a Assembleia da República e, assim, criar a situação insólita que levou tantos a pensar que o melhor seria deixá-lo continuar.
Mas o que nasce torto é difícil de endireitar. Foi evidente o “empenhamento” do ministro das finanças quando rompeu as negociações que retomou forçado. Foi notória a sua revolta interior quando, no Plenário da AR, afirmou o que todos já sabiam mas, simploriamente, esperavam esconder dos “mercados”: este acordo acabará dentro de seis meses.
O PSD também já o tinha dito quando afirmou que Sócrates teria de passar pela humilhação de ser demitido!
Enfim, tudo não passou de um arremedo de paródia que teve como desfecho o que nem PS nem PSD desejavam!
Afinal, quem o desejava?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

OS MELHORES E OS PIORES…

Para quem possa pensar que em Portugal não há gente capaz de fazer tão bem ou melhor do que os outros fazem e quando somos obrigados a reconhecer que, por incompetência de quem governa, estamos em condições de grande penúria financeira, pode ser surpreendente o facto de serem portugueses os responsáveis maiores de instituições financeiras como o FMI Europa e o maior banco inglês, o LLoyds Bank, com 30 milhões de clientes, quase 150 mil trabalhadores e com activos que são cerca de oito vezes o PIB português.
Não são lugares que se alcancem pela cor linda dos olhos, por cunhas ou por favores políticos. São lugares de grande responsabilidade para os quais são convidados os melhores.
Não são lugares que alguém possa alcançar com uma campanha política mais ou menos truculenta, nem para os quais seja convidado alguém pela sua verborreia e capacidade de fazer parecer que é o que lhe convém que fosse para, com isso, convencer os que por si não saibam pensar!

ATÉ QUE ENFIM ALGUÉM O ENTENDEU!

Podia ter dito que Manuela Ferreira Leite afirmou que “o país está em ruptura financeira”, como podia ter recordado que ela também deixou no ar a pergunta "como foi possível que o governo tivesse conduzido o país a um ponto tal?" ou, até, que "a história e os portugueses encarregar-se-ão de julgar quem, cegamente, nos conduziu a este ponto". Mas Sócrates preferiu referir, apenas, que ela afirmou que "é um OE inevitável", tentando que passassem despercebidas as razões para o ser. Assim pode suspirar “até que, enfim, alguém me entende”!!! E, supostamente pela voz de Manuela Ferreira Leite, faz a demonstração da inevitabilidade do orçamento corajoso que apresenta aos indefesos portugueses cuja culpa não é outra senão a de o terem feito Primeiro-Ministro.
Ridícula foi a intervenção final de um tal Santos Silva, conhecido artista da “malhação”, que procurou nas mitologias, citando as características das únicas divindades que parece conhecer, as razões para a viabilização de um OE já viabilizado, ainda que não em nome dos seus méritos mas do país que temos o dever de salvar e de reerguer após o cataclismo que o varreu.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

OS DIREITOS QUE (NÃO) TEMOS

Passos Coelho disse algo que merece ser reflectido: “os direitos apenas existem enquanto o Estado os puder garantir”. Esta é uma verdade que só não entende quem não quiser ou não souber pensar.
A verdade é que nos encontramos numa situação em que a garantia de alguns “direitos” está já em causa, do que é prova o Orçamento do Estado que vai ser aprovado na Assembleia da República.
O pior é que todos os demais “direitos” estão em causa também, enquanto a situação económico-financeira não estiver estabilizada.
É óbvio que a situação grave que nos afecta resulta de um Estado demasiado gastador porque assumiu excessivos compromissos, especialmente com um programa de obras públicas que nem os países mais ricos alguma vez tiveram a ousadia de promover.
Nos últimos anos passados a dívida externa portuguesa mais do que duplicou ultrapassando, em valores líquidos, o PIB anual e mais crescerá, ainda, pelos efeitos de inoportunas decisões que só a incompetência pode justificar.
Os resultados negativos de muitas empresas públicas, as ruinosas parcerias público-privadas, negócios como o do terminal de contentores do porto de Lisboa, a inoportuna adjudicação da construção do troço Poceirão-Caia do TGV Lisboa-Madrid, a negociação das portagens nas SCUT’s e outros muitos problemas que significam prejuízos do Estado, logo, encargos que os contribuintes terão de pagar, são provas concludentes da responsabilidade de quem não soube defender os interesses do país ou, em vez deles, defendeu outros.
Foi por tudo isto que me assustou o discurso que hoje ouvi do líder da bancada socialista na AR, reafirmando a oportunidade e a coragem do OE que o governo propõe e cuja viabilização negociou, em resposta a quem o considera um mau orçamento da responsabilidade exclusiva do governo do partido Socialista.
Será que estão estes senhores convencidos do que dizem? Não terão consciência dos disparates que fizeram? Julgam-se os donos da razão ou julgam-nos a todos parvos?
É, inevitavelmente, um pobre país aquele que tenha dirigentes como estes que vêem virtudes nos seus defeitos e, por isso, defendem a continuação dos erros que são causa das “corajosas” medidas que vão infernizar a nossa vida!