Enquanto
conduzia fui escutando, num programa de rádio, as opiniões de uns quantos cidadãos sobre o discurso do
Presidente da República no 25 de Abril e a opinião mais frequente foi a de uma
diferença profunda entre os que Cavaco Silva proferia, considerados sectários e
conflituosos, e o discurso de Marcelo que consideraram apaziguador e esperançoso de estabilidade política.
Ouvi
a maioria dos discursos de Cavaco ao longo do tempo e, certamente, os
comentários que Marcelo foi fazendo ao longo do mesmo número de anos, os quais se têm
traduzido, de forma adequada às circunstâncias, nos discursos do agora Presidente.
Nunca
fui um admirador rendido aos méritos de um ou de outro. Contudo, reconheço ter o
filho de Baltazar características bem mais atraentes do que o Senhor de
Boliqueime. Mas espremidos bem os seus conteúdos, independentemente da forma,
não me parecem tão diferentes assim. Apenas Cavaco Silva é menos hábil, será
inábil até para os cargos que exerceu por conta da rodagem de um automóvel.
O
discurso de Marcelo foi o que seria natural que fosse, totalmente inócuo e
articulado de modo a que todos pudessem dizer que foi no sentido do que pensam.
Como é próprio do seu estilo prevenido.
Todos
ganhámos ou todos perdemos quando, numa situação que é, sem a menor dúvida, muito
delicada, todos parecemos ficar contentes?
Esta
situação mais me parece de inconsciência quanto aos graves problemas que enfrentaremos e será
o futuro próximo a dizer como será, independentemente daquilo que o Presidente tenha
dito.
Este
e o próximo ano serão os de tira-teimas, para Portugal e para o mundo, com
Obama numa cruzada europeia sobre a "globalização" com a qual pretende resolver os problemas dos Estados Unidos e não os da Europa que a cada dia são maiores.
Obviamente,
seria bom para mim e para todos que não vivem dos favores da política que tudo
venha a correr bem, mas pensar que se pode ser seguramente feliz no meio da
infelicidade, soa-me a estultícia bacoca.