ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 15 de abril de 2016

CONSTRUIR OU NÃO CONSTRUIR BARRAGENS?



São frequentes, insistentes e praticamente constantes, os ataques à construção de barragens em linhas de água, para o que se apontam as mais diversas consequências como alterações na paisagem, nos micro-climas e na biodiversidade, bem como, por vezes, a destruição de bens ou a submersão de espaços habitados. O que é uma inquestionável verdade.
Mas a construção de obras de retenção em linhas de água é, em regra, a única resposta a problemas que as cada vez maiores necessidades de água provocam. Necessidades constantemente aumentadas por um crescimento que, apenas ao longo da minha vida, já triplicou a população de uma espécie com mais de 100.000 anos de existência sobre a Terra e mais que quadruplicará daqui a vinte ou trinta anos!
Na Natureza, a água raramente existe nas quantidades ideais e necessárias a cada momento, porque nas linhas de águas naturais, o “reservatório” a partir do qual mais frequentemente satisfazemos as nossas necessidades, biológicas, higiénicas, agro-pecuárias, etc, ocorrem acentuadas variações de caudal que podem tornar as disponibilidades escassas ou excessivas, consoante o período é de seca ou de cheia.
A regularização dos caudais é, pois, a solução que nos pode permitir dispor da água de que necessitamos a cada momento e evitar ou reduzir os malefícios das inundações por cheias cujos efeitos são bem conhecidos.
Estranho que os incansáveis detractores das obras de retenção de água em linhas naturais, como os “amigos deste ou daquele vale”, apenas façam contas a determinados aspectos de uma questão que se não avalia apenas por eles porque há outros igualmente importantes ou mais importantes até que devem ser considerados.
Não é a oportunidade para falar de todos eles, mas a intensa ocupação urbana e industrial, com desflorestação e redução da permeabilidade do solo altera as condições hidrológicas naturais, entre as quais a infiltração das águas pluviais que reduz e os escoamentos superficiais que aumenta e acelera, assim reduzindo as reservas subterrâneas que constituem o recurso alternativo quando as superficiais não estejam disponíveis.
A criação de lagos artificiais não apenas regulariza os caudais como beneficia as reservas subterrâneas, assim disponibilizando a água de que há necessidade.
Seria assim se não estivéssemos já muito em cima do limiar da carência.
Mas há outras construções e atitudes que, mais até do que as barragens, alteram as condições naturais, com os mesmos tipos de inconvenientes dos quais as culpam.
As redes de comunicação, de transporte de energia, a ocupação urbano-industrial, os procedimentos industriais e agro-industriais e a alteração da utilização da terra produzem impactes ambientais bem maiores para proporcionar aquilo de que os que reclamam da construção de barragens não prescindem, mas que não teriam se não houvesse barragens!
É o tipo de civilização que escolhemos!

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