São
frequentes, insistentes e praticamente constantes, os ataques à construção de
barragens em linhas de água, para o que se apontam as mais diversas consequências
como alterações na paisagem, nos micro-climas e na biodiversidade, bem como,
por vezes, a destruição de bens ou a submersão de espaços habitados. O que é uma
inquestionável verdade.
Mas
a construção de obras de retenção em linhas de água é, em regra, a única resposta
a problemas que as cada vez maiores necessidades de água provocam. Necessidades
constantemente aumentadas por um crescimento que, apenas ao longo da minha
vida, já triplicou a população de uma espécie com mais de 100.000 anos de
existência sobre a Terra e mais que quadruplicará daqui a vinte ou trinta anos!
Na
Natureza, a água raramente existe nas quantidades ideais e necessárias a cada
momento, porque nas linhas de águas naturais, o “reservatório” a partir do qual
mais frequentemente satisfazemos as nossas necessidades, biológicas,
higiénicas, agro-pecuárias, etc, ocorrem acentuadas variações de caudal que
podem tornar as disponibilidades escassas ou excessivas, consoante o período é
de seca ou de cheia.
A
regularização dos caudais é, pois, a solução que nos pode permitir dispor da
água de que necessitamos a cada momento e evitar ou reduzir os malefícios das
inundações por cheias cujos efeitos são bem conhecidos.
Estranho
que os incansáveis detractores das obras de retenção de água em linhas naturais,
como os “amigos deste ou daquele vale”, apenas façam contas a determinados
aspectos de uma questão que se não avalia apenas por eles porque há outros
igualmente importantes ou mais importantes até que devem ser considerados.
Não
é a oportunidade para falar de todos eles, mas a intensa ocupação urbana e industrial,
com desflorestação e redução da permeabilidade do solo altera as condições
hidrológicas naturais, entre as quais a infiltração das águas pluviais que
reduz e os escoamentos superficiais que aumenta e acelera, assim reduzindo as
reservas subterrâneas que constituem o recurso alternativo quando as
superficiais não estejam disponíveis.
A
criação de lagos artificiais não apenas regulariza os caudais como beneficia as
reservas subterrâneas, assim disponibilizando a água de que há necessidade.
Seria
assim se não estivéssemos já muito em cima do limiar da carência.
Mas
há outras construções e atitudes que, mais até do que as barragens, alteram as
condições naturais, com os mesmos tipos de inconvenientes dos quais as culpam.
As
redes de comunicação, de transporte de energia, a ocupação urbano-industrial,
os procedimentos industriais e agro-industriais e a alteração da utilização da
terra produzem impactes ambientais bem maiores para proporcionar aquilo de que os que
reclamam da construção de barragens não prescindem, mas que não teriam se não houvesse barragens!
É o
tipo de civilização que escolhemos!
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