Infelizmente, desmandos e incompetência de governação levaram-nos a esta condição de dependência que nos custa uma austeridade difícil se suportar.
Está mais do que dito, está mais do que esclarecido porque chegámos a este ponto. Aliás, foi esta situação difícil e complicada que esteve na origem das eleições que levaram à mudança de governo. Mais do que isso, foi antes das eleições que um acordo de ajuda financeira a Portugal, inteiramente negociado pelo anterior governo, foi celebrado. Nele se reconheceu a absoluta necessidade de uma ajuda financeira significativa que, naturalmente, previa condições.
As eleições foram disputadas nestas condições e nelas não era possível escamotear nem a situação difícil que se vivia nem o peso que teriam as medidas de austeridade para a superar. E pareceu que a maioria de nós havia tomado perfeita consciência da situação e, em consequência, havia decidido que era indispensável mudar de rumo e, mais do que isso, que era urgente sanear uma situação financeira pouco esclarecida e por as contas em dia!
Na campanha eleitoral foram confrontadas todas as propostas, desde as do BE às do CDS, incluindo as do partido que então governava, e dela resultou uma vontade política clara que levou os eleitores a entregarem a tarefa de uma governação particularmente especial e difícil a uma maioria.
Depois, democraticamente, deveríamos apoiar todos o governo de Portugal que dela resultasse (assim o consagram os princípios democráticos que todos dizem aceitar), bem como dar-lhe condições para governar.
Porém, em vez disso, não se fizeram esperar as reclamações daqueles que, por decisão do povo perderam as eleições. Foram subindo de tom até ao ponto de levarem a uma greve geral que terá lugar amanhã, dia 24 de Novembro.
Porque qualquer greve significa um protesto contra qualquer coisa, uma medida para tentar alterar uma qualquer situação, eu sinto a necessidade de perguntar contra o que é esta greve e que mudança pretende forçar. E só me ocorre uma explicação: esta greve é contra os resultados eleitorais que a maioria dos eleitores decidiu e contra o governo que a maioria de nós elegeu! Serão as greves mais legítimas e mais democráticas do que as eleições?
Por isso esta greve me parece um contra-senso.
Decerto, nunca pela cabeça dos mentores da greve alguma vez passou a ideia de assumir a responsabilidade de uma governação, nem a maioria de nós alguma vez cometeria a leviandade de lha confiar!
Além disso, nenhuma das razões invocadas são confirmadas por resultados práticos que ainda não foi possível alcançar mas, tão só, por argumentos que nunca serão testados por qualquer ação governativa.
Então, porque a greve? Para pedir ao Otelo que faça outra revolução?
Penso que não deveríamos cair neste ridículo de fazer da greve uma arma política que outros resultados não terá para além de complicar, ainda mais, a vida a quem se esforça por reorganizá-la!
(jornal de gaveta) Este site utiliza cookies para ajudar a disponibilizar os respetivos serviços, para personalizar anúncios e analisar o tráfego. As informações sobre a sua utilização deste site são partilhadas com a Google. Ao utilizar este site, concorda que o mesmo utilize cookies.
ACORDO ORTOGRÁFICO
O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
COM QUE ENTÃO CAIU NA ASNEIRA...
Eu não tinha quaisquer dúvidas de que estávamos perante uma crise que, com as que a antecederam, apenas tinha de comum o facto de fazer parte de uma série em que a grandeza aumentava e o período de retorno decrescia!
Mas quando a própria diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, o reconhece publicamente no programa 60 minutos da CBS, dizendo que é uma crise “muito grave e sem precedentes”, apenas me pergunto porque não viram logo isto em 2008! Antes de se tornar evidente, a crise deu sinais claros de rara virulência que os especialistas não valorizaram devidamente. Como poderiam, empresas de enorme dimensão, daquelas que se consideram potentados, falir tão rotundamente e sem que nada antes o fizesse prever, como aconteceu com a WorldCom, a Enron Corp e a Global Crossing Co?
Como era possível que as famigeradas empresas de notação financeira colocassem no topo um banco, o Lemhon Brothers, que tinha mais buracos do que um queijo gruyère?
Especialistas conceituadíssimos, alguns Prémios Nobel até, disseram os mais sofisticados disparates, adiantaram as mais variadas causas, propuseram “óbvias” soluções e alguns chegaram a ver a luz ao fundo do túnel! Mas era evidente, pelos sintomas que crise apresentava, pela sequência de eventos em que se traduzia e pelas consequências gravíssimas que tinha, que estávamos numa situação inédita de dimensão incalculável e previsivelmente insustentável, podendo dizer-se, até, que esta crise seria a consequência lógica de um longo período de manigâncias financeiras que a muitos tolos fizeram crer tratar-se de um milagre que a todos faria ricos!
Afinal, grandes empresas não eram mais do que fachadas imponentes, grandes bancos não eram mais do que criativas fantochadas contabilísticas e até a técnica da portuguesíssima Dª Branca, desenvolvida e posta em prática entre nós na década de cinquenta do século passado, teve direito ao reconhecimento mundial que essa “genial artimanha” merecia e... teve o mesmo fim, mas com outro protagonista, Madoff!
A maioria, os que agora se dizem os 99% que têm direito à indignação, também gostou do logro enorme que a fantasia financeira montou e dela se aproveitou descuidadamente, gastando o que não tinha nem podia ter!
Agora está tudo mais claro e, mesmo assim, ouvem-se os estoiros dos últimos foguetes, como se tudo não passasse de um sonho mau que se dissipará quando acordarmos. Mas não será assim.
E só me apetece começar a dizer aquele poema de João de Deus que começa: “com que então caiu na asneira...”
Mas quando a própria diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, o reconhece publicamente no programa 60 minutos da CBS, dizendo que é uma crise “muito grave e sem precedentes”, apenas me pergunto porque não viram logo isto em 2008! Antes de se tornar evidente, a crise deu sinais claros de rara virulência que os especialistas não valorizaram devidamente. Como poderiam, empresas de enorme dimensão, daquelas que se consideram potentados, falir tão rotundamente e sem que nada antes o fizesse prever, como aconteceu com a WorldCom, a Enron Corp e a Global Crossing Co?
Como era possível que as famigeradas empresas de notação financeira colocassem no topo um banco, o Lemhon Brothers, que tinha mais buracos do que um queijo gruyère?
Especialistas conceituadíssimos, alguns Prémios Nobel até, disseram os mais sofisticados disparates, adiantaram as mais variadas causas, propuseram “óbvias” soluções e alguns chegaram a ver a luz ao fundo do túnel! Mas era evidente, pelos sintomas que crise apresentava, pela sequência de eventos em que se traduzia e pelas consequências gravíssimas que tinha, que estávamos numa situação inédita de dimensão incalculável e previsivelmente insustentável, podendo dizer-se, até, que esta crise seria a consequência lógica de um longo período de manigâncias financeiras que a muitos tolos fizeram crer tratar-se de um milagre que a todos faria ricos!
Afinal, grandes empresas não eram mais do que fachadas imponentes, grandes bancos não eram mais do que criativas fantochadas contabilísticas e até a técnica da portuguesíssima Dª Branca, desenvolvida e posta em prática entre nós na década de cinquenta do século passado, teve direito ao reconhecimento mundial que essa “genial artimanha” merecia e... teve o mesmo fim, mas com outro protagonista, Madoff!
A maioria, os que agora se dizem os 99% que têm direito à indignação, também gostou do logro enorme que a fantasia financeira montou e dela se aproveitou descuidadamente, gastando o que não tinha nem podia ter!
Agora está tudo mais claro e, mesmo assim, ouvem-se os estoiros dos últimos foguetes, como se tudo não passasse de um sonho mau que se dissipará quando acordarmos. Mas não será assim.
E só me apetece começar a dizer aquele poema de João de Deus que começa: “com que então caiu na asneira...”
QUESTÕES DE AMBIENTE
(Publicado na edição de novembro do NM)
Não imaginaria Papin, ao reparar como o vapor de água tinha força para levantar a tampa da sua “marmita”, as consequências que teria este seu achado! Foi o ponto de partida para a “Revolução Industrial”, o começo desta corrida louca em que o mundo se lançou, numa velocidade que aumenta a cada passo que dá.
A paisagem vai ficando diferente, mais cinzenta por onde a “revolução” se espraia. Chaminés, cada vez mais numerosas, lançam no céu núvens brancas de vapor de água e fumos negros da queima de madeira ou de carvão. Ao mesmo tempo, as fábricas desembaraçam-se das águas sujas que carreiam resíduos dos processos industriais que se entranham na terra e rios e ribeiras espalham por toda a parte.
Nascem aglomerados urbano-industriais onde as condições sanitárias se degradam à medida que crescem. As linhas de água naturais que os atravessam transformam-se em cloacas pestilentas. A ânsia de produzir mais e mais, de fazer rápida fortuna, não deixa tempo para pensar em mais. Aos poucos, as águas perdem transparência e a pureza natural, o ar perde a leveza que era saudável respirar, o brilho do Sol esmaece filtrado pelos vapores e poeiras que chaminés vomitam, cinzas caídas do céu matam a cor e o brilho do verde dos campos, chuvas ácidas desfolham extensas áreas de floresta e as explorações mineiras rasgam cada vez mais fundo o ventre da Terra.
A utilização do petróleo acelera todo o processo industrial que este novo combustível tornou mais ágil.
Depressa se notaram os inconvenientes desta cinzenta revolução. Mas a alternativa era, como então se dizia, a miséria. Como se nada pudesse evitar o mal que causavam à “casa de todos nós” que, então, nos parecia imensa, a poluição crescia e nada parecia demover os poderes que permitiam que tal acontecesse, que nada faziam para o evitar em nome do que diziam ser uma cruel mas inevitável dicotomia, “poluição ou miséria”, da qual faziam a razão para aceitar um mundo cada vez mais sujo e insalubre.
Passou muito, muito tempo até que organizações que tinham o ambiente como sua preocupação afrontaram os poderes políticos que, por isso, não puderam continuar a ignorar mais os malefícios da poluição crescente de que uma “economia fulgurante” era a causa.
As questões ambientais foram quase totalmente ignoradas até à década de setenta do Século XX. Porém, muito mal havia já sido feito, bem como muitas consciências haviam já despertado para as consequências de uma atividade cujo objetivo rapidamente passava da satisfação das necessidades humanas para o consumismo puro que sustenta o crescimento económico que satisfaz a ganância de alguns, vai exaurindo recursos e degradando o ambiente de todos.
Apesar de as questões ambientais terem sido integradas nos programas políticos, o consumismo não abranda e tudo vai tornando transitório, num usa e deita fora leviano que se converte num incalculável volume de resíduos que se espalha por toda a parte, se acumula em lixeiras ou se queima para originar mais fumos que lançam na atmosfera uma parte da poluição que contêm.
Atingiram-se níveis excessivos de poluição da terra, da água e do ar, ao mesmo tempo que outros efeitos nefastos que nem se imaginavam, como o efeito de estufa, a destruição da camada de ozono e as alterações climáticas por exemplo, se foram manifestando como problemas críticos, com muitos efeitos que a realidade já não perrmite ignorar.
A segunda revolução industrial, a era atómica e a era espacial, juntamente com o desenvolvimento dos “serviços”, fazem nascer novas indústrias tecnologicamente mais avançadas que levam os países “ricos” a “exportar” as indústrias “sujas” e mais exigentes de mão de obra menos qualificada, instalando-as em países sem regras e sem leis que defendam os trabalhadores ou protejam o ambiente. Depois, importam os bens produzidos a custo mais baixo do que se fossem de sua produção, apesar dos sérios atropelos aos direitos humanos que dizem defender e dos danos cada vez mais descontrolados ao ambiente que dizem proteger!
Fazem-se cimeiras inconclusivas ou cujas resoluções os maiores poluidores se dão ao luxo de não acatar porque prejudicam as suas economias e contornam-se os limites de emissões poluentes comprando quotas de emissão de países sem atividade económica significativa! Exportam-se resíduos tóxicos e perigosos para países pobres que aceitam os perigos de os dispor sem regras e sem cuidados ambientais e de saúde pública, em troca de uns tostões que raramente se destinam a minorar um pouco as carências das pobres populações e, tantas vezes, reforçam fortunas ilícitas.
Mas porque o Ambiente é um todo que não reconhece fronteiras, é fácil entender que as soluções adotadas não passam de ineficazes artifícios que não vão parar o acréscimo de degradação ambiental global que causa problemas sérios que esta nossa forma irresponsável de viver vai acumulando.
Apesar do que o génio humano possa fazer para minorar os danos, já ocorrem consequências que não vamos conseguir reverter e, por isso, vão condicionar o futuro de forma ainda difícil de quantificar, sobretudo no que diz respeito aos desastres ecológicos que, cada vez mais intensos, vão acontecer.
Rui de Carvalho
23 outubro 2011
Não imaginaria Papin, ao reparar como o vapor de água tinha força para levantar a tampa da sua “marmita”, as consequências que teria este seu achado! Foi o ponto de partida para a “Revolução Industrial”, o começo desta corrida louca em que o mundo se lançou, numa velocidade que aumenta a cada passo que dá.
A paisagem vai ficando diferente, mais cinzenta por onde a “revolução” se espraia. Chaminés, cada vez mais numerosas, lançam no céu núvens brancas de vapor de água e fumos negros da queima de madeira ou de carvão. Ao mesmo tempo, as fábricas desembaraçam-se das águas sujas que carreiam resíduos dos processos industriais que se entranham na terra e rios e ribeiras espalham por toda a parte.
Nascem aglomerados urbano-industriais onde as condições sanitárias se degradam à medida que crescem. As linhas de água naturais que os atravessam transformam-se em cloacas pestilentas. A ânsia de produzir mais e mais, de fazer rápida fortuna, não deixa tempo para pensar em mais. Aos poucos, as águas perdem transparência e a pureza natural, o ar perde a leveza que era saudável respirar, o brilho do Sol esmaece filtrado pelos vapores e poeiras que chaminés vomitam, cinzas caídas do céu matam a cor e o brilho do verde dos campos, chuvas ácidas desfolham extensas áreas de floresta e as explorações mineiras rasgam cada vez mais fundo o ventre da Terra.
A utilização do petróleo acelera todo o processo industrial que este novo combustível tornou mais ágil.
Depressa se notaram os inconvenientes desta cinzenta revolução. Mas a alternativa era, como então se dizia, a miséria. Como se nada pudesse evitar o mal que causavam à “casa de todos nós” que, então, nos parecia imensa, a poluição crescia e nada parecia demover os poderes que permitiam que tal acontecesse, que nada faziam para o evitar em nome do que diziam ser uma cruel mas inevitável dicotomia, “poluição ou miséria”, da qual faziam a razão para aceitar um mundo cada vez mais sujo e insalubre.
Passou muito, muito tempo até que organizações que tinham o ambiente como sua preocupação afrontaram os poderes políticos que, por isso, não puderam continuar a ignorar mais os malefícios da poluição crescente de que uma “economia fulgurante” era a causa.
As questões ambientais foram quase totalmente ignoradas até à década de setenta do Século XX. Porém, muito mal havia já sido feito, bem como muitas consciências haviam já despertado para as consequências de uma atividade cujo objetivo rapidamente passava da satisfação das necessidades humanas para o consumismo puro que sustenta o crescimento económico que satisfaz a ganância de alguns, vai exaurindo recursos e degradando o ambiente de todos.
Apesar de as questões ambientais terem sido integradas nos programas políticos, o consumismo não abranda e tudo vai tornando transitório, num usa e deita fora leviano que se converte num incalculável volume de resíduos que se espalha por toda a parte, se acumula em lixeiras ou se queima para originar mais fumos que lançam na atmosfera uma parte da poluição que contêm.
Atingiram-se níveis excessivos de poluição da terra, da água e do ar, ao mesmo tempo que outros efeitos nefastos que nem se imaginavam, como o efeito de estufa, a destruição da camada de ozono e as alterações climáticas por exemplo, se foram manifestando como problemas críticos, com muitos efeitos que a realidade já não perrmite ignorar.
A segunda revolução industrial, a era atómica e a era espacial, juntamente com o desenvolvimento dos “serviços”, fazem nascer novas indústrias tecnologicamente mais avançadas que levam os países “ricos” a “exportar” as indústrias “sujas” e mais exigentes de mão de obra menos qualificada, instalando-as em países sem regras e sem leis que defendam os trabalhadores ou protejam o ambiente. Depois, importam os bens produzidos a custo mais baixo do que se fossem de sua produção, apesar dos sérios atropelos aos direitos humanos que dizem defender e dos danos cada vez mais descontrolados ao ambiente que dizem proteger!
Fazem-se cimeiras inconclusivas ou cujas resoluções os maiores poluidores se dão ao luxo de não acatar porque prejudicam as suas economias e contornam-se os limites de emissões poluentes comprando quotas de emissão de países sem atividade económica significativa! Exportam-se resíduos tóxicos e perigosos para países pobres que aceitam os perigos de os dispor sem regras e sem cuidados ambientais e de saúde pública, em troca de uns tostões que raramente se destinam a minorar um pouco as carências das pobres populações e, tantas vezes, reforçam fortunas ilícitas.
Mas porque o Ambiente é um todo que não reconhece fronteiras, é fácil entender que as soluções adotadas não passam de ineficazes artifícios que não vão parar o acréscimo de degradação ambiental global que causa problemas sérios que esta nossa forma irresponsável de viver vai acumulando.
Apesar do que o génio humano possa fazer para minorar os danos, já ocorrem consequências que não vamos conseguir reverter e, por isso, vão condicionar o futuro de forma ainda difícil de quantificar, sobretudo no que diz respeito aos desastres ecológicos que, cada vez mais intensos, vão acontecer.
Rui de Carvalho
23 outubro 2011
terça-feira, 15 de novembro de 2011
O PRINCÍPIO DO FIM DA CRISE?
Quem nos dera... Mas para quem viveu já muitas crises, cada vez mais longas e profundas e menos espaçadas, esta só pode ser, como diria o famigerado Hassan Hussein, a mãe de todas as crises. Eu prefiro chamar-lhe a crise final antes de entendermos que temos de mudar de vida, porque apertar o cinto uma vez e outra, na vã esperança de ou dia o desapertar, é mais do que uma ilusão, é estupidez!
Podem argumentar como quiserem os que assemelham esta crise a outras, seja a de 29, a de 47, enfim, seja qual for, porque nada aconteceu no passado que se lhe assemelhe. É uma crise diferente que põe a nu todas as fragilidades deste caminho demasiadamente materialista que a Humanidade escolheu como progresso, deste modo de viver que se não conforma com o necessário e, por isso, esbanja o muito de que não precisa.
Desta vez esperamos pelo fim da crise há tempo demais, desde que o ministro Manuel Pinho, em 2006, disse já ver a luz no fundo do túnel. Outros se lhe seguiram prenunciando o fim da crise, como o fizeram Teixeira dos Santos e o próprio Sócrates uns anos mais tarde.
A verdade é que, em vez disso, era a austeridade extrema que nos batia à porta. Uma pequena confusão quanto ao destino a que o túnel nos conduzia.
Criticou-se o “discurso da tanga”, chamava-se anti-patriotas aos que diziam que o país não tinha como pagar os compromissos que estava a contrair e nem se podia dar ao luxo de prosseguir com os projectos megalómenos que tinha programados.
Neste equívoco dramático, acumulámos a maior dívida externa e, como era inevitável, a austeridade chegou. Agora será mesmo a “tanga” para alguns, um inferno para muitos e uma dor de cabeça para todos!
Será 2012 o ano da viragem que o governo anuncia?
De viragem talvez, mas quanto ao final da crise, prefiro pensar como o Primeiro Ministro que considerou inevitável o empobrecimento. Foi uma afirmação forte, até violenta que, contudo, os seus detratores não aproveitaram excessivamente porque até eles sabem que isso é inevitável. Todos reconhecemos os excessos cometidos, todos sabemos que gastámos muito para além do que podíamos gastar. Ora, deixar de o fazer só pode significar viver mais modestamente. Será isto empobrecer?
Mas nada nem ninguém nos condena a ser pobres. O modo de vivermos dependerá de nós, do esforço que fizermos para viver melhor.
Podem argumentar como quiserem os que assemelham esta crise a outras, seja a de 29, a de 47, enfim, seja qual for, porque nada aconteceu no passado que se lhe assemelhe. É uma crise diferente que põe a nu todas as fragilidades deste caminho demasiadamente materialista que a Humanidade escolheu como progresso, deste modo de viver que se não conforma com o necessário e, por isso, esbanja o muito de que não precisa.
Desta vez esperamos pelo fim da crise há tempo demais, desde que o ministro Manuel Pinho, em 2006, disse já ver a luz no fundo do túnel. Outros se lhe seguiram prenunciando o fim da crise, como o fizeram Teixeira dos Santos e o próprio Sócrates uns anos mais tarde.
A verdade é que, em vez disso, era a austeridade extrema que nos batia à porta. Uma pequena confusão quanto ao destino a que o túnel nos conduzia.
Criticou-se o “discurso da tanga”, chamava-se anti-patriotas aos que diziam que o país não tinha como pagar os compromissos que estava a contrair e nem se podia dar ao luxo de prosseguir com os projectos megalómenos que tinha programados.
Neste equívoco dramático, acumulámos a maior dívida externa e, como era inevitável, a austeridade chegou. Agora será mesmo a “tanga” para alguns, um inferno para muitos e uma dor de cabeça para todos!
Será 2012 o ano da viragem que o governo anuncia?
De viragem talvez, mas quanto ao final da crise, prefiro pensar como o Primeiro Ministro que considerou inevitável o empobrecimento. Foi uma afirmação forte, até violenta que, contudo, os seus detratores não aproveitaram excessivamente porque até eles sabem que isso é inevitável. Todos reconhecemos os excessos cometidos, todos sabemos que gastámos muito para além do que podíamos gastar. Ora, deixar de o fazer só pode significar viver mais modestamente. Será isto empobrecer?
Mas nada nem ninguém nos condena a ser pobres. O modo de vivermos dependerá de nós, do esforço que fizermos para viver melhor.
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
O ORÇAMENTO DE TODAS AS INDIGNAÇÕES
Nunca me dei conta de um OE e até de um governo tão criticado por todos. Criticam-no as oposições, obviamente; critica-o, ainda que de um modo um tanto velado, o Presidente da república; criticam-no muitas figuras do PSD que, por vezes, parecem os mais assanhados em denegrir o governo da sua cor.
Quase me sinto só nesta atitude de não o criticar.
Para além de votar no que para mim seria uma mudança indispensável para evitar males maiores, gosto das diferenças que gente diferente introduz numa política que, pelos maus resultados negativos que alcançou, teria de ser alterada pois, a primeira coisa a fazer quando se deseja mudar algo é fazer diferente! A chamada mudança na continuidade sempre não passou de perda de tempo, de uma vigarice para não mudar coisa nenhuma.
Vistas bem as coisas, as críticas visam o que de um modo diferente esteja a ser feito e as alternativas propostas não passam de receitas requentadas de um menu bafiento que já provou que só conduz à ruína.
Por tudo isto e apenas por isto, desejo ardentemente que o governo consiga os seus intentos nesta batalha contra os vícios de outros orçamentos em que sempre eram previstos gastos superiores às receitas, porque estou farto, ao longo de uma vida inteira, de ouvir falar de crises e de apertar o cinto!
Os que defendem políticas antigas, as tais cujas consequências já muito bem conhecemos, deviam ter a dignidade de se manterem caladinhos.
Já vivi tempos muito melhores do que estes quando se não se gastava mais do que se podia, as ruas não eram um desfile de pendurados de auscultadores ou de telemóveis, a televisão acabava à meia-noite, os cinemas eram pontos de encontro sociais e não cacifos onde, a correr se vai ver um filme, nos cafés se sentia a alegria de amigos que se encontram, conversam e discutem política ou futebol enquanto tomam uma “bica”... Mas há quem prefira as correrias de hoje, o tempo dos gurus. Gostos!
Com o país em risco de bancarrota, como pode António Seguro, herdeiro directo dos piores erros que, jamais, algum governo cometeu em desfavor de todos nós, criticar um trabalho que pretende corrigi-los e do qual ainda não viu os resultados?
Que fariam, sem dinheiro nem condições de financiamento, Jerónimo de Sousa, Carvalho da Silva e o João Proença se o governo se demitisse em consequência das perturbações e dos prejuízos que as suas greves provocam?
Que fariam Otelo ou Vasco Lourenço se um golpe de Estado fizesse cair o governo?
E mais uma vez me veio à lembrança algo que já me não sucede há muito tempo. Quando conduzia o carro por estradas de pouco tráfego, era frequente um cão sair-me ao caminho e correr ao lado ladrando furiosamente. O que pretenderia o bicho?
Um dia resolvi parar. Língua de fora, o cão parou também e, sem soltar um latido, olhou para mim como que a perguntar: e agora o que é que faço?
Quase me sinto só nesta atitude de não o criticar.
Para além de votar no que para mim seria uma mudança indispensável para evitar males maiores, gosto das diferenças que gente diferente introduz numa política que, pelos maus resultados negativos que alcançou, teria de ser alterada pois, a primeira coisa a fazer quando se deseja mudar algo é fazer diferente! A chamada mudança na continuidade sempre não passou de perda de tempo, de uma vigarice para não mudar coisa nenhuma.
Vistas bem as coisas, as críticas visam o que de um modo diferente esteja a ser feito e as alternativas propostas não passam de receitas requentadas de um menu bafiento que já provou que só conduz à ruína.
Por tudo isto e apenas por isto, desejo ardentemente que o governo consiga os seus intentos nesta batalha contra os vícios de outros orçamentos em que sempre eram previstos gastos superiores às receitas, porque estou farto, ao longo de uma vida inteira, de ouvir falar de crises e de apertar o cinto!
Os que defendem políticas antigas, as tais cujas consequências já muito bem conhecemos, deviam ter a dignidade de se manterem caladinhos.
Já vivi tempos muito melhores do que estes quando se não se gastava mais do que se podia, as ruas não eram um desfile de pendurados de auscultadores ou de telemóveis, a televisão acabava à meia-noite, os cinemas eram pontos de encontro sociais e não cacifos onde, a correr se vai ver um filme, nos cafés se sentia a alegria de amigos que se encontram, conversam e discutem política ou futebol enquanto tomam uma “bica”... Mas há quem prefira as correrias de hoje, o tempo dos gurus. Gostos!
Com o país em risco de bancarrota, como pode António Seguro, herdeiro directo dos piores erros que, jamais, algum governo cometeu em desfavor de todos nós, criticar um trabalho que pretende corrigi-los e do qual ainda não viu os resultados?
Que fariam, sem dinheiro nem condições de financiamento, Jerónimo de Sousa, Carvalho da Silva e o João Proença se o governo se demitisse em consequência das perturbações e dos prejuízos que as suas greves provocam?
Que fariam Otelo ou Vasco Lourenço se um golpe de Estado fizesse cair o governo?
E mais uma vez me veio à lembrança algo que já me não sucede há muito tempo. Quando conduzia o carro por estradas de pouco tráfego, era frequente um cão sair-me ao caminho e correr ao lado ladrando furiosamente. O que pretenderia o bicho?
Um dia resolvi parar. Língua de fora, o cão parou também e, sem soltar um latido, olhou para mim como que a perguntar: e agora o que é que faço?
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
UMA QUESTÃO DE “ALMOFADA”
Obviamente que, em tempos como os que vivemos, é mais fácil ser oposição do que ter a responsabilidade de governar. É mais fácil defender que se pode evitar o corte de um subsídio fazendo contas do que se poderia garantir por outras vias, normalmente fantasiosas, ou alterando os números do OE que, como não pode deixar de ser, são previsões que ninguém pode garantir. Por isso mesmo, a prudência deverá ser a característica básica para evitar desvios negativos que obriguem a retificações mais duras.
O governo, por sua vez, garante o alcance dos objetivos traçados mas afirma não existir a “almofada” que permita dispensar os cortes definidos.
Não será difícil, aos que criticam o OE, tirar dividendos políticos da popularidade da sua posição de crítica a um orçamento muito austero e das suas propostas de alívio que sabem que nunca serão testadas.
Tal como se podem fazer fortunas em tempos de crise explorando as necessidades extremas de muita gente, também se podem conseguir substanciais ganhos políticos com atitudes demagógicas que o sofrimento de muitos não pode deixar de louvar.
Mas é razoável pensar que, neste primeiro ano de OE de austeridade, se privilegie a segurança para que o do próximo ano não seja mais duro ainda. As precauções excessivas que, porventura, a execução do OE revelar, será penhor de alívio da austeridade no futuro e tornará menos duras as condições que nos serão impostas para o indispensável financiamento do Estado.
Apesar disso, sindicatos fazem greves, militares falam em golpe de Estado e até há quem fale em fazer cair o governo na rua!
Os que sempre reclamaram por mais e mais e levaram o país até onde se encontra por ter vivido acima do que as suas posses permitiam, não podem ter sucesso desta vez porque uma despensa vazia não pode alimentar um festim como o seria outro PREC.
Veremos se o povo português vai demonstrar inteligência ou cometer a loucura que levou a Grécia a um beco sem saída.
O governo, por sua vez, garante o alcance dos objetivos traçados mas afirma não existir a “almofada” que permita dispensar os cortes definidos.
Não será difícil, aos que criticam o OE, tirar dividendos políticos da popularidade da sua posição de crítica a um orçamento muito austero e das suas propostas de alívio que sabem que nunca serão testadas.
Tal como se podem fazer fortunas em tempos de crise explorando as necessidades extremas de muita gente, também se podem conseguir substanciais ganhos políticos com atitudes demagógicas que o sofrimento de muitos não pode deixar de louvar.
Mas é razoável pensar que, neste primeiro ano de OE de austeridade, se privilegie a segurança para que o do próximo ano não seja mais duro ainda. As precauções excessivas que, porventura, a execução do OE revelar, será penhor de alívio da austeridade no futuro e tornará menos duras as condições que nos serão impostas para o indispensável financiamento do Estado.
Apesar disso, sindicatos fazem greves, militares falam em golpe de Estado e até há quem fale em fazer cair o governo na rua!
Os que sempre reclamaram por mais e mais e levaram o país até onde se encontra por ter vivido acima do que as suas posses permitiam, não podem ter sucesso desta vez porque uma despensa vazia não pode alimentar um festim como o seria outro PREC.
Veremos se o povo português vai demonstrar inteligência ou cometer a loucura que levou a Grécia a um beco sem saída.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
ATIRAR EM TODAS AS DIREÇÕES...
Achei curioso o epíteto de “desabafador da alma” que alguém me atribuiu a propósito de um texto, “Os salvadores da Europa”, no qual eu manifestava a minha estranheza por países com tantos e tão graves problemas sociais, como as chamadas economias emergentes, podem ser a salvação da Europa. Dizia, ainda, o meu crítico, que eu disparava em todas as direções...
Depois falou da Dinamarca, da Suécia e sei lá mais de que, do que não percebi minimamente a intenção.
Parecia um desbobinar de ideias feitas que acabou por me constranger.
Como é possível, alguém que se diz capaz de dizer as coisas melhor não ser capaz de fazer compreender a ideia que deseja transmitir? Achei pobre demais, mas também me fez pensar em tantos que, como ele, não conseguem ver para além dos “chavões” que lhes ensinaram e das ideias feitas que lhes meteram na cabeça em vez de pensarem e, pensando, contribuirem para a solução dos problemas graves que o país tem.
Quanto ao disparar em todas as direções, só depois compreendi que as minhas críticas não são preconceituosamente orientadas porque são as que, em meu juízo, as atitudes, sejam de quem forem, me merecem! A inteligência não pode ser partidária. Esse é o mal dos partidos que definem as suas verdades e as transformam nas leis que regem os que por si não sabem ou não querem pensar! Ou será os que, por sabujice, os pretendem sugar?
Seja o que for...
Depois falou da Dinamarca, da Suécia e sei lá mais de que, do que não percebi minimamente a intenção.
Parecia um desbobinar de ideias feitas que acabou por me constranger.
Como é possível, alguém que se diz capaz de dizer as coisas melhor não ser capaz de fazer compreender a ideia que deseja transmitir? Achei pobre demais, mas também me fez pensar em tantos que, como ele, não conseguem ver para além dos “chavões” que lhes ensinaram e das ideias feitas que lhes meteram na cabeça em vez de pensarem e, pensando, contribuirem para a solução dos problemas graves que o país tem.
Quanto ao disparar em todas as direções, só depois compreendi que as minhas críticas não são preconceituosamente orientadas porque são as que, em meu juízo, as atitudes, sejam de quem forem, me merecem! A inteligência não pode ser partidária. Esse é o mal dos partidos que definem as suas verdades e as transformam nas leis que regem os que por si não sabem ou não querem pensar! Ou será os que, por sabujice, os pretendem sugar?
Seja o que for...
sábado, 5 de novembro de 2011
OS SALVADORES DA EUROPA?
Muito se ouve falar da economias emergentes e da sua capacidade para ajudar financeiramente a Europa nesta sua crise que parece não ter fim.
Mas terão a China, a India e o Brasil meios bastantes para salvar a Velha Europa desta crise de estupidez em que caiu?
Em todos estes países a maior parte da população vive em profunda pobreza. Nas imensas áreas da China com muito baixo nível de vida, na pobreza evidente do populoso sub-continente indiano, nas favelas imensas e no paupérrimo interior do Brasil há muito investimento a fazer para tirar muitos e muitos milhões de seres humanos das suas precárias condições de vida.
Como podem, então, estes países emprestar dinheiro a outros socialmente mais avançados mas que não souberam harmonizar os seus propósitos de Estado Providência com as ganâncias que a “prosperidade” sempre trás?
Os propósitos da “economia” continuam muito estranhos para mim!
Pasmo quando oiço os economistas criticar os erros de “construção” desta Europa sem pés nem cabeça, que cresceu sem consolidar o seu crescimento e que, afinal, nem sequer possui os meios de que a “esta economia” necessita para fazer face aos “imprevistos” que dia a dia acontecem e aos "ajustamentos" que a sua evolução exige...
Mas, afinal, quem projetou esta Europa mal parida cujos princípios lhe permitem aceitar o que faz falta para o bem-estar de tanta gente?
Mas terão a China, a India e o Brasil meios bastantes para salvar a Velha Europa desta crise de estupidez em que caiu?
Em todos estes países a maior parte da população vive em profunda pobreza. Nas imensas áreas da China com muito baixo nível de vida, na pobreza evidente do populoso sub-continente indiano, nas favelas imensas e no paupérrimo interior do Brasil há muito investimento a fazer para tirar muitos e muitos milhões de seres humanos das suas precárias condições de vida.
Como podem, então, estes países emprestar dinheiro a outros socialmente mais avançados mas que não souberam harmonizar os seus propósitos de Estado Providência com as ganâncias que a “prosperidade” sempre trás?
Os propósitos da “economia” continuam muito estranhos para mim!
Pasmo quando oiço os economistas criticar os erros de “construção” desta Europa sem pés nem cabeça, que cresceu sem consolidar o seu crescimento e que, afinal, nem sequer possui os meios de que a “esta economia” necessita para fazer face aos “imprevistos” que dia a dia acontecem e aos "ajustamentos" que a sua evolução exige...
Mas, afinal, quem projetou esta Europa mal parida cujos princípios lhe permitem aceitar o que faz falta para o bem-estar de tanta gente?
EMPOBRECER OU VIVER DE ACORDO COM AS POSSIBILIDADES?
Francamente, gostava de ter razões para pensar que toda a austeridade que me está a ser imposta é excessiva e que tudo o que está errado, por causa de governos incompetentes, poderia ser corrigido de modo menos agressivo.
Gostava de pensar que não seria necessário fazer cortes na educação, na saúde, nos transportes e em tantas outras coisas onde a absoluta falta de dinheiro obriga a que sejam feitos. E, tal como o PS afirma, eu gostava de pensar que é possível evitar os cortes de subsídios de férias e de Natal (que me vão levar dinheiro que me daria muito jeito) e até gostaria que a Constituição me pagasse todos os prejuízos que me possam causar as inconstitucionalidades que os “investigadores da vírgula” vão descobrindo nas austeridades a que a nossa indigência obriga.
Gostaria sim, gostaria muito!
Mas a verdade é que, para além de governantes incompetentes e com manias de grandeza, nos deixámos embalar pelas cantigas de prestamistas que nos prometiam o melhor carro, as melhores férias, a melhor casa, enfim, o melhor tudo em troca de prestações que “seriam as que quiséssemos”! Era assim a modos que um “você sonha, voce realiza e nós pagamos”! Cada um decidia quanto queria pagar e eles decidiam o elevado juro que iriam cobrar. E ninguém se dava conta de que, na realidade, este era o modo mais insensível de comprometer o futuro. Sabem-no, agora, os muitos milhares de famílias que têm de se reconhecer falidas, os outros tantos milhares que têm de recorrer à caridade, além de muitas que ainda tentam esconder a desgraça em que caíram. Todas se sentem-se esbulhadas pela austeridade e só muito remotamente põem a causa na sua insensatez. Aliás e infelizmente, há por aí políticos que vendo na bagunça que o descontentamento possa gerar a oportunidade que, de outro modo, nunca teriam, incitam os desgraçados a que o sejam ainda mais.
A par desta leviandade, os anteriores governos foram, eles também, de grande generosidade. Em nome de um Estado Social cujos benefícios a Constituição também define mas não pode materialmente garantir, o governo torna-se generoso a conceder subsídios e muitas outras remunerações, ao mesmo tempo que cria organismos públicos e fundações para os “boys” e enche os seus “gabinetes” de assessores, especialistas, decoradores, verbos de encher... a quem, depois, paga pensões milionárias. Apesar de toda esta panóplia de meios, encomenda a privados os estudos e pareceres de que necessita e paga a peso de ouro!
Para cargos e empresas importantes nomeia gestores cujas melhores referências são a bajulação a quem os pode nomear e os resultados são totalmente ruinosos!
Vê-se, agora, que não tinha meios para tanta generosidade, que se encheu de funcionários desnecessários e incompetentes e que, com isso, nos tornou num povo miserável, subsidiodependente e com um Estado falido.
Reclamamos de que? Das más escolhas que fizémos em eleições com campanhas que se aproveitaram da nossa ignorância e preguiça mental?
São poucos os que se dão conta da verborreia que lhes lava o cérebro...
Pouco se faz neste país se não for subsidiado. Sejam artes, pseudo-artes, seja o que for! Habituadas a um “amparo” que nunca me pareceu fazer qualquer sentido, as artes estão falidas e terão de se recriar para voltarem a existir.
As coisas tinham de estar disponíveis a preços acessíveis, ou mesmo grátis, pagando o Estado o que nós não pagamos!!! Esquecemos de que o Estado somos nós e, por isso, éramos nós quem pagava o que por nada ou muito barato nos era dado.
Vão-se tornando óbvios os disparates sem fim mas, apesar disso, ainda há quem não queira ver que a austeridade não nos é imposta por qualquer governo mas sim pela miséria a que a estupidez nos conduziu.
Querem persistir no disparate?
Gostava de pensar que não seria necessário fazer cortes na educação, na saúde, nos transportes e em tantas outras coisas onde a absoluta falta de dinheiro obriga a que sejam feitos. E, tal como o PS afirma, eu gostava de pensar que é possível evitar os cortes de subsídios de férias e de Natal (que me vão levar dinheiro que me daria muito jeito) e até gostaria que a Constituição me pagasse todos os prejuízos que me possam causar as inconstitucionalidades que os “investigadores da vírgula” vão descobrindo nas austeridades a que a nossa indigência obriga.
Gostaria sim, gostaria muito!
Mas a verdade é que, para além de governantes incompetentes e com manias de grandeza, nos deixámos embalar pelas cantigas de prestamistas que nos prometiam o melhor carro, as melhores férias, a melhor casa, enfim, o melhor tudo em troca de prestações que “seriam as que quiséssemos”! Era assim a modos que um “você sonha, voce realiza e nós pagamos”! Cada um decidia quanto queria pagar e eles decidiam o elevado juro que iriam cobrar. E ninguém se dava conta de que, na realidade, este era o modo mais insensível de comprometer o futuro. Sabem-no, agora, os muitos milhares de famílias que têm de se reconhecer falidas, os outros tantos milhares que têm de recorrer à caridade, além de muitas que ainda tentam esconder a desgraça em que caíram. Todas se sentem-se esbulhadas pela austeridade e só muito remotamente põem a causa na sua insensatez. Aliás e infelizmente, há por aí políticos que vendo na bagunça que o descontentamento possa gerar a oportunidade que, de outro modo, nunca teriam, incitam os desgraçados a que o sejam ainda mais.
A par desta leviandade, os anteriores governos foram, eles também, de grande generosidade. Em nome de um Estado Social cujos benefícios a Constituição também define mas não pode materialmente garantir, o governo torna-se generoso a conceder subsídios e muitas outras remunerações, ao mesmo tempo que cria organismos públicos e fundações para os “boys” e enche os seus “gabinetes” de assessores, especialistas, decoradores, verbos de encher... a quem, depois, paga pensões milionárias. Apesar de toda esta panóplia de meios, encomenda a privados os estudos e pareceres de que necessita e paga a peso de ouro!
Para cargos e empresas importantes nomeia gestores cujas melhores referências são a bajulação a quem os pode nomear e os resultados são totalmente ruinosos!
Vê-se, agora, que não tinha meios para tanta generosidade, que se encheu de funcionários desnecessários e incompetentes e que, com isso, nos tornou num povo miserável, subsidiodependente e com um Estado falido.
Reclamamos de que? Das más escolhas que fizémos em eleições com campanhas que se aproveitaram da nossa ignorância e preguiça mental?
São poucos os que se dão conta da verborreia que lhes lava o cérebro...
Pouco se faz neste país se não for subsidiado. Sejam artes, pseudo-artes, seja o que for! Habituadas a um “amparo” que nunca me pareceu fazer qualquer sentido, as artes estão falidas e terão de se recriar para voltarem a existir.
As coisas tinham de estar disponíveis a preços acessíveis, ou mesmo grátis, pagando o Estado o que nós não pagamos!!! Esquecemos de que o Estado somos nós e, por isso, éramos nós quem pagava o que por nada ou muito barato nos era dado.
Vão-se tornando óbvios os disparates sem fim mas, apesar disso, ainda há quem não queira ver que a austeridade não nos é imposta por qualquer governo mas sim pela miséria a que a estupidez nos conduziu.
Querem persistir no disparate?
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
ACABAR COM AS EMISSÕES EM ONDA CURTA! UM CORTE CEGO?
Acabo e ouvir um programa na Antena 1 designado “em nome do ouvinte”, no qual se falou de, por motivos de austeridade, serem anuladas as emissões em onda curta que levam a rádio nacional a todo o mundo.
Comecei por não entender muito bem que, perante a dimensão da diáspora portuguesa e dos países de língua portuguesa por esse mundo fora, se deixasse de levar, até eles, a palavra de Portugal. Mas as palavras do Sr Ministro Miguel Relvas, também transmitidas, foram premptórias nas afirmações de que era usada tecnologia obsoleta, de que os custos eram demasiado elevados para um serviço que parecia não ter destino porque três meses de total paragem de tais emissões para todo o mundo não tinham dado lugar a reclamações. Seriam estas razões bastantes para a decisão tomada. Mais acrescentou, ainda, o ministro, que até a rádio alemã, a Deutch Wella, teria seguido idêntico critério. Se uma rádio desta importância o faz, porque não fazê-lo também?
Desmentidas todas as afirmações do Sr ministro, porque a tecnologia utilizada é da mais atual, porque os custos da onda curta são muito baixos em relação aos custos da rádio nacional, porque não teve lugar qualquer corte total nas emissões mas apenas um problema que havia deixado sem audição uma área bastante restrita e, até, que a Deutch Wella mantém as suas transmissões de onda curta para África e com emissões em português, fiquei a pensar que quem informou o Sr ministro é altamente incompetente, pois não acredito que um ministro tivesse o arrojo de dizer o que disse sabendo não ser verdade. Penso eu...
Em todo o caso, uma questão continua independente de todas as demais e foi o motivo do meu primeiro e grande espanto pela notícia. Entende o Sr Ministro que Portugal de pode dar ao luxo de cortar uma relação importantíssima com os falantes de português em todo o mundo, sejam emigrantes ou nacionais dos PALOP? Porque, mesmo que verdadeiras fossem todas as informações que recebeu, não questionou este importantíssimo aspecto que tem a ver com o lugar de Portugal no mundo e nada tem a ver com a rádio alemã à qual este problema nem sequer se coloca?
Fará o Sr ministro ideia dos números dos falantes de português e de alemão em todo o mundo?
Estranho, muito estranho. Cortar sim mas com inteligência!
Subscrever:
Mensagens (Atom)