Nunca me dei conta de um OE e até de um governo tão criticado por todos. Criticam-no as oposições, obviamente; critica-o, ainda que de um modo um tanto velado, o Presidente da república; criticam-no muitas figuras do PSD que, por vezes, parecem os mais assanhados em denegrir o governo da sua cor.
Quase me sinto só nesta atitude de não o criticar.
Para além de votar no que para mim seria uma mudança indispensável para evitar males maiores, gosto das diferenças que gente diferente introduz numa política que, pelos maus resultados negativos que alcançou, teria de ser alterada pois, a primeira coisa a fazer quando se deseja mudar algo é fazer diferente! A chamada mudança na continuidade sempre não passou de perda de tempo, de uma vigarice para não mudar coisa nenhuma.
Vistas bem as coisas, as críticas visam o que de um modo diferente esteja a ser feito e as alternativas propostas não passam de receitas requentadas de um menu bafiento que já provou que só conduz à ruína.
Por tudo isto e apenas por isto, desejo ardentemente que o governo consiga os seus intentos nesta batalha contra os vícios de outros orçamentos em que sempre eram previstos gastos superiores às receitas, porque estou farto, ao longo de uma vida inteira, de ouvir falar de crises e de apertar o cinto!
Os que defendem políticas antigas, as tais cujas consequências já muito bem conhecemos, deviam ter a dignidade de se manterem caladinhos.
Já vivi tempos muito melhores do que estes quando se não se gastava mais do que se podia, as ruas não eram um desfile de pendurados de auscultadores ou de telemóveis, a televisão acabava à meia-noite, os cinemas eram pontos de encontro sociais e não cacifos onde, a correr se vai ver um filme, nos cafés se sentia a alegria de amigos que se encontram, conversam e discutem política ou futebol enquanto tomam uma “bica”... Mas há quem prefira as correrias de hoje, o tempo dos gurus. Gostos!
Com o país em risco de bancarrota, como pode António Seguro, herdeiro directo dos piores erros que, jamais, algum governo cometeu em desfavor de todos nós, criticar um trabalho que pretende corrigi-los e do qual ainda não viu os resultados?
Que fariam, sem dinheiro nem condições de financiamento, Jerónimo de Sousa, Carvalho da Silva e o João Proença se o governo se demitisse em consequência das perturbações e dos prejuízos que as suas greves provocam?
Que fariam Otelo ou Vasco Lourenço se um golpe de Estado fizesse cair o governo?
E mais uma vez me veio à lembrança algo que já me não sucede há muito tempo. Quando conduzia o carro por estradas de pouco tráfego, era frequente um cão sair-me ao caminho e correr ao lado ladrando furiosamente. O que pretenderia o bicho?
Um dia resolvi parar. Língua de fora, o cão parou também e, sem soltar um latido, olhou para mim como que a perguntar: e agora o que é que faço?
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