ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

COM QUE ENTÃO CAIU NA ASNEIRA...

Eu não tinha quaisquer dúvidas de que estávamos perante uma crise que, com as que a antecederam, apenas tinha de comum o facto de fazer parte de uma série em que a grandeza aumentava e o período de retorno decrescia!
Mas quando a própria diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, o reconhece publicamente no programa 60 minutos da CBS, dizendo que é uma crise “muito grave e sem precedentes”, apenas me pergunto porque não viram logo isto em 2008! Antes de se tornar evidente, a crise deu sinais claros de rara virulência que os especialistas não valorizaram devidamente. Como poderiam, empresas de enorme dimensão, daquelas que se consideram potentados, falir tão rotundamente e sem que nada antes o fizesse prever, como aconteceu com a WorldCom, a Enron Corp e a Global Crossing Co?
Como era possível que as famigeradas empresas de notação financeira colocassem no topo um banco, o Lemhon Brothers, que tinha mais buracos do que um queijo gruyère?
Especialistas conceituadíssimos, alguns Prémios Nobel até, disseram os mais sofisticados disparates, adiantaram as mais variadas causas, propuseram “óbvias” soluções e alguns chegaram a ver a luz ao fundo do túnel! Mas era evidente, pelos sintomas que crise apresentava, pela sequência de eventos em que se traduzia e pelas consequências gravíssimas que tinha, que estávamos numa situação inédita de dimensão incalculável e previsivelmente insustentável, podendo dizer-se, até, que esta crise seria a consequência lógica de um longo período de manigâncias financeiras que a muitos tolos fizeram crer tratar-se de um milagre que a todos faria ricos!
Afinal, grandes empresas não eram mais do que fachadas imponentes, grandes bancos não eram mais do que criativas fantochadas contabilísticas e até a técnica da portuguesíssima Dª Branca, desenvolvida e posta em prática entre nós na década de cinquenta do século passado, teve direito ao reconhecimento mundial que essa “genial artimanha” merecia e... teve o mesmo fim, mas com outro protagonista, Madoff!
A maioria, os que agora se dizem os 99% que têm direito à indignação, também gostou do logro enorme que a fantasia financeira montou e dela se aproveitou descuidadamente, gastando o que não tinha nem podia ter!
Agora está tudo mais claro e, mesmo assim, ouvem-se os estoiros dos últimos foguetes, como se tudo não passasse de um sonho mau que se dissipará quando acordarmos. Mas não será assim.
E só me apetece começar a dizer aquele poema de João de Deus que começa: “com que então caiu na asneira...”

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