Infelizmente, desmandos e incompetência de governação levaram-nos a esta condição de dependência que nos custa uma austeridade difícil se suportar.
Está mais do que dito, está mais do que esclarecido porque chegámos a este ponto. Aliás, foi esta situação difícil e complicada que esteve na origem das eleições que levaram à mudança de governo. Mais do que isso, foi antes das eleições que um acordo de ajuda financeira a Portugal, inteiramente negociado pelo anterior governo, foi celebrado. Nele se reconheceu a absoluta necessidade de uma ajuda financeira significativa que, naturalmente, previa condições.
As eleições foram disputadas nestas condições e nelas não era possível escamotear nem a situação difícil que se vivia nem o peso que teriam as medidas de austeridade para a superar. E pareceu que a maioria de nós havia tomado perfeita consciência da situação e, em consequência, havia decidido que era indispensável mudar de rumo e, mais do que isso, que era urgente sanear uma situação financeira pouco esclarecida e por as contas em dia!
Na campanha eleitoral foram confrontadas todas as propostas, desde as do BE às do CDS, incluindo as do partido que então governava, e dela resultou uma vontade política clara que levou os eleitores a entregarem a tarefa de uma governação particularmente especial e difícil a uma maioria.
Depois, democraticamente, deveríamos apoiar todos o governo de Portugal que dela resultasse (assim o consagram os princípios democráticos que todos dizem aceitar), bem como dar-lhe condições para governar.
Porém, em vez disso, não se fizeram esperar as reclamações daqueles que, por decisão do povo perderam as eleições. Foram subindo de tom até ao ponto de levarem a uma greve geral que terá lugar amanhã, dia 24 de Novembro.
Porque qualquer greve significa um protesto contra qualquer coisa, uma medida para tentar alterar uma qualquer situação, eu sinto a necessidade de perguntar contra o que é esta greve e que mudança pretende forçar. E só me ocorre uma explicação: esta greve é contra os resultados eleitorais que a maioria dos eleitores decidiu e contra o governo que a maioria de nós elegeu! Serão as greves mais legítimas e mais democráticas do que as eleições?
Por isso esta greve me parece um contra-senso.
Decerto, nunca pela cabeça dos mentores da greve alguma vez passou a ideia de assumir a responsabilidade de uma governação, nem a maioria de nós alguma vez cometeria a leviandade de lha confiar!
Além disso, nenhuma das razões invocadas são confirmadas por resultados práticos que ainda não foi possível alcançar mas, tão só, por argumentos que nunca serão testados por qualquer ação governativa.
Então, porque a greve? Para pedir ao Otelo que faça outra revolução?
Penso que não deveríamos cair neste ridículo de fazer da greve uma arma política que outros resultados não terá para além de complicar, ainda mais, a vida a quem se esforça por reorganizá-la!
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