Francamente, gostava de ter razões para pensar que toda a austeridade que me está a ser imposta é excessiva e que tudo o que está errado, por causa de governos incompetentes, poderia ser corrigido de modo menos agressivo.
Gostava de pensar que não seria necessário fazer cortes na educação, na saúde, nos transportes e em tantas outras coisas onde a absoluta falta de dinheiro obriga a que sejam feitos. E, tal como o PS afirma, eu gostava de pensar que é possível evitar os cortes de subsídios de férias e de Natal (que me vão levar dinheiro que me daria muito jeito) e até gostaria que a Constituição me pagasse todos os prejuízos que me possam causar as inconstitucionalidades que os “investigadores da vírgula” vão descobrindo nas austeridades a que a nossa indigência obriga.
Gostaria sim, gostaria muito!
Mas a verdade é que, para além de governantes incompetentes e com manias de grandeza, nos deixámos embalar pelas cantigas de prestamistas que nos prometiam o melhor carro, as melhores férias, a melhor casa, enfim, o melhor tudo em troca de prestações que “seriam as que quiséssemos”! Era assim a modos que um “você sonha, voce realiza e nós pagamos”! Cada um decidia quanto queria pagar e eles decidiam o elevado juro que iriam cobrar. E ninguém se dava conta de que, na realidade, este era o modo mais insensível de comprometer o futuro. Sabem-no, agora, os muitos milhares de famílias que têm de se reconhecer falidas, os outros tantos milhares que têm de recorrer à caridade, além de muitas que ainda tentam esconder a desgraça em que caíram. Todas se sentem-se esbulhadas pela austeridade e só muito remotamente põem a causa na sua insensatez. Aliás e infelizmente, há por aí políticos que vendo na bagunça que o descontentamento possa gerar a oportunidade que, de outro modo, nunca teriam, incitam os desgraçados a que o sejam ainda mais.
A par desta leviandade, os anteriores governos foram, eles também, de grande generosidade. Em nome de um Estado Social cujos benefícios a Constituição também define mas não pode materialmente garantir, o governo torna-se generoso a conceder subsídios e muitas outras remunerações, ao mesmo tempo que cria organismos públicos e fundações para os “boys” e enche os seus “gabinetes” de assessores, especialistas, decoradores, verbos de encher... a quem, depois, paga pensões milionárias. Apesar de toda esta panóplia de meios, encomenda a privados os estudos e pareceres de que necessita e paga a peso de ouro!
Para cargos e empresas importantes nomeia gestores cujas melhores referências são a bajulação a quem os pode nomear e os resultados são totalmente ruinosos!
Vê-se, agora, que não tinha meios para tanta generosidade, que se encheu de funcionários desnecessários e incompetentes e que, com isso, nos tornou num povo miserável, subsidiodependente e com um Estado falido.
Reclamamos de que? Das más escolhas que fizémos em eleições com campanhas que se aproveitaram da nossa ignorância e preguiça mental?
São poucos os que se dão conta da verborreia que lhes lava o cérebro...
Pouco se faz neste país se não for subsidiado. Sejam artes, pseudo-artes, seja o que for! Habituadas a um “amparo” que nunca me pareceu fazer qualquer sentido, as artes estão falidas e terão de se recriar para voltarem a existir.
As coisas tinham de estar disponíveis a preços acessíveis, ou mesmo grátis, pagando o Estado o que nós não pagamos!!! Esquecemos de que o Estado somos nós e, por isso, éramos nós quem pagava o que por nada ou muito barato nos era dado.
Vão-se tornando óbvios os disparates sem fim mas, apesar disso, ainda há quem não queira ver que a austeridade não nos é imposta por qualquer governo mas sim pela miséria a que a estupidez nos conduziu.
Querem persistir no disparate?
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