Quem nos dera... Mas para quem viveu já muitas crises, cada vez mais longas e profundas e menos espaçadas, esta só pode ser, como diria o famigerado Hassan Hussein, a mãe de todas as crises. Eu prefiro chamar-lhe a crise final antes de entendermos que temos de mudar de vida, porque apertar o cinto uma vez e outra, na vã esperança de ou dia o desapertar, é mais do que uma ilusão, é estupidez!
Podem argumentar como quiserem os que assemelham esta crise a outras, seja a de 29, a de 47, enfim, seja qual for, porque nada aconteceu no passado que se lhe assemelhe. É uma crise diferente que põe a nu todas as fragilidades deste caminho demasiadamente materialista que a Humanidade escolheu como progresso, deste modo de viver que se não conforma com o necessário e, por isso, esbanja o muito de que não precisa.
Desta vez esperamos pelo fim da crise há tempo demais, desde que o ministro Manuel Pinho, em 2006, disse já ver a luz no fundo do túnel. Outros se lhe seguiram prenunciando o fim da crise, como o fizeram Teixeira dos Santos e o próprio Sócrates uns anos mais tarde.
A verdade é que, em vez disso, era a austeridade extrema que nos batia à porta. Uma pequena confusão quanto ao destino a que o túnel nos conduzia.
Criticou-se o “discurso da tanga”, chamava-se anti-patriotas aos que diziam que o país não tinha como pagar os compromissos que estava a contrair e nem se podia dar ao luxo de prosseguir com os projectos megalómenos que tinha programados.
Neste equívoco dramático, acumulámos a maior dívida externa e, como era inevitável, a austeridade chegou. Agora será mesmo a “tanga” para alguns, um inferno para muitos e uma dor de cabeça para todos!
Será 2012 o ano da viragem que o governo anuncia?
De viragem talvez, mas quanto ao final da crise, prefiro pensar como o Primeiro Ministro que considerou inevitável o empobrecimento. Foi uma afirmação forte, até violenta que, contudo, os seus detratores não aproveitaram excessivamente porque até eles sabem que isso é inevitável. Todos reconhecemos os excessos cometidos, todos sabemos que gastámos muito para além do que podíamos gastar. Ora, deixar de o fazer só pode significar viver mais modestamente. Será isto empobrecer?
Mas nada nem ninguém nos condena a ser pobres. O modo de vivermos dependerá de nós, do esforço que fizermos para viver melhor.
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