Tal como esta estúpida vida que vivemos, também os
comentários que sobre a situação se façam são repetitivamente idiotas! Há já
vários dias em que as únicas novidades são pegar em pequenas coisas que alguém
possa dizer, separá-las do contexto em que foram ditas e fazer disso um “bicho de
sete cabeças”. E, com isso, se perdem horas preciosas numa Assembleia da
República que todos pagamos e cujos custos não são pequenos. Funciona assim aquela Assembleia
da República à qual competiria controlar o governo em continuidade, impedindo-o
de seguir por maus caminhos mas que, em vez disso, apenas reage quando o caldo
já está entornado!
Por sua vez, os “inteligentes” comentadores já não conseguem ir para além de lugares
comuns que esbarram nas cada vez mais estreitas fronteiras dos domínios da análise em que se
inserem, perdendo de vista o todo do qual fazem parte. Entre não ver mais do
que a pedra que lhes barra o caminho e “ver mosquitos na outra banda”, de tudo
nos damos conta, exceto daquilo que mais sentido faria.
A limitada capacidade da mente humana fez da análise que
divide a realidade em pedaços menores o seu refúgio, direi que vários refúgios
onde os “especialistas” criam os seus próprios mundos com uma “realidade” que
não consegue ser maior do que a estreiteza das suas próprias vistas consente.
Por isso o mundo se confronta com demasiadas realidades que pouco ou nada tem a
ver com a realidade do mundo!
Esquecem-se os “especialistas” da síntese que poderia
conciliar as várias ideias ou formas de ver, como forma de sair deste diálogo
de surdos em que as discussões infrutíferas se tornaram.
Por exemplo, vai acontecer um Junho próximo a Cimeira Rio+20
porque 20 anos depois da que, pela sua dimensão e importância ficou conhecida
pela Cimeira da Terra e onde uma Carta da Terra enumerou os problemas graves que
a Humanidade enfrentava em consequência do “crescimento” insustentável que
promovia, a situação do nosso Planeta piorou!
Apesar de tudo o que, na sequência daquela Cimeira se disse
e acordou (mas não se fez), o Fundo Mundial da Natureza (WWF), no seu recentíssimo
relatório “Planeta Vivo 2012”, conclui que o mundo está gravemente enfermo e
que serão muito sérias as consequências se a Humanidade não inflectir rapidamente
o caminho perigoso que percorre.
Cerca de um terço da Biodiversidade foi perdido nas últimas
décadas, o que diz bem da situação perigosa que vivemos, ao mesmo tempo que são
mais intensos os fenómenos de desertificação e de alterações climáticas, no que
a exploração excessiva dos recursos naturais que o crescimento económico
continuado exige é corresponsável.
E quando, para tentar ultrapassar uma crise que parece que quase
ninguém ainda compreendeu, o crescimento económico continua a ser a única solução
apontada e discutida, há responsáveis cientistas que propõem uma unidade de
medida do “bem estar” que considere, também, a protecção do Ambiente e dos
Recursos Naturais no desenvolvimento dos países, substituindo o tradicional PIB
que, perante a realidade deste Planeta que tão mal tratamos, não é, de todo, a
medida apropriada. Assim o mostra a Ciência! Isso ignoram os economistas.
Nas circunstâncias em que vivemos, com as ideias que os “responsáveis”
revelam, que sentido fará a Cimeira Rio+20? Serão vozes a pregar no deserto ou
uma grandiosa manifestação de cinismo, ainda maior do que outras que, no
passado, tiveram lugar?
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