ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 8 de maio de 2012

O EFEITO HOLLANDE

Por menos de três pontos percentuais, Hollande foi eleito o presidente da França que promete acabar com a austeridade! Estranho que, com tal proposta, não tenha conseguido uma vitória estrondosa, esmagadora até, à dimensão do desejo que todos, franceses incluídos, temos de acabar com esta situação difícil que vivemos. Uma promessa assim mereceria uma vitória inequívoca, uma vitória fácil à primeira volta em vez da que, com alguma dificuldade, apenas aconteceu à segunda.

Não acredito que quase metade dos franceses seja masoquista e prefira continuar no sofrimento que Hollande prometeu que iria acabar. Ou haverá razões para desconfiar da fartura? Por alguma razão os franceses descartaram os socialistas do poder há bastantes anos e nós, por aqui, ainda não esquecemos como a sua política nos endividou ao ponto de, para evitar a bancarrota, termos de pedir ajuda! E não foi a primeira vez que, por eles, tivemos de o fazer.
Temo bastante que, em consequência, o já chamado “efeito Hollande” não seja a “libertação” que muitos esperam mas, antes, um fracasso a que as circunstâncias possam obrigar. Como não sou masoquista também, quem me dera que Hollande tivesse razão e o Estado Social que nos satisfaz as necessidades mais prementes da vida passasse a ser um modo seguro e não artificial para viver o futuro. Mas também não credito em milagres destes que tudo me indica não serem possíveis neste mundo em que vivemos.
Seja como for, não será fácil prever o que nos trarão os próximos meses ainda que, a mais longo prazo, eu creia que as coisas não vão correr ao jeito que tanto capitalistas como socialistas esperam, porque o “crescimento económico” também não será o que, para isso, teria de ser.
Muitos esperam que a vitória de Hollande beneficie Portugal, coisa na qual não deposito quaisquer esperanças porque muito mais do que isso será necessário para colocar Portugal no rumo de um futuro diferente daquele que lhe imprimiram os que acreditaram no milagre da multiplicação dos pães em vez de fundarem o futuro nas bases sólidas do trabalho e do esforço próprios, atitudes que não há ajuda que possa dispensar.

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