Provam-no as fortes e prolongadas
reclamações de todos quantos por ele se sentiram lesados e que foram,
sobretudo, os promotores e apoiantes das manifestações do 1º de Maio e os
pequenos comerciantes.
Uns não podem perdoar que o Pingo
Doce lhes tenha tirado o protagonismo que, julgavam, só podia ser seu. De facto,
o grande acontecimento não foi a celebração do Dia do Trabalhador mas a “promoção”
daquela cadeia de supermercados. Não foi do Dia do Trabalhador que se falou,
que os noticiários se ocuparam e que a maioria das pessoas quis saber, nem
foram os discursos tradicionais aquilo a que a Comunicação Social prestou
atenção! O que não faz grande diferença porque devem existir as cassetes que os
reproduzem tal e qual.
Os pequenos comerciantes são,
também, naturalmente prejudicados, sem que, contudo, me pareça que o tenham sido agora mais
do ao longo de muito tempo, nesta luta desigual entre o David e o Golias. Outros
tempos em que o pequeno comércio terá de arranjar outros argumentos para ser
preferido.
Quem conseguiu, e muita gente foi
capaz, aproveitou a oportunidade para poupar uns dinheiritos e fez umas compras
por atacado que lhes vão aliviar as finanças durante um tempinho.
Dei conta do que estava a
acontecer pela quantidade de carros e de gente à porta do Pingo Doce mais
próximo de onde moro. Era um pandemónio, um aperto daqueles onde quem tenha
calos se não mete. Já vi manifestações bem menos concorridas.
Depois destes dias já passados,
ainda não se calou o falatório sobre o sucedido e na “antena aberta” que esta
manhã escutei – um bocado apenas – era a ira dos sindicalistas a que mais se fazia
ouvir em “discursos” que quase raiavam a idiotice, com argumentos estafados que
a realidade não suporta.
Não quero tirar conclusões de
qualquer natureza sobre o que sucedeu nem me interessa se houve “dumping” ou
não, se o desconto praticado revela lucros normais excessivos, porque esta será
a função de quem tenha de controlar estas coisas.
Quanto à afronta ao 1º de Maio, esta
nada me diz porque, apesar de uma vida inteira como trabalhador por conta de outrem,
nunca me sindicalizei nem nunca fiz outro contrato que não fosse “até eu ou o
patrão querer”. Os meus direitos sempre foram os que o meu trabalho competente e
empenhado me conferiu e fui eu quem os defendeu.
O trabalho é uma coisa
demasiadamente importante e fundamental, cuja dignidade teremos de ser nós,
cada um de nós a defender sem nunca entregar essa tarefa a “profissionais” a
quem pagamos para, por nós, dizerem seja o que for ou para, por nós também,
pugnarem por direitos que nos não esforçarmos por merecer.
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