Por sua vez, as comemorações do
25 de Abril que uns boicotaram porque, disseram, o governo não respeitou
promessas da revolução e a maioria ignorou como é natural que aconteça com o
que alguns continuam a reclamar como só seu, dá pano para mangas e para muito
mais, sobretudo nas análises que se fazem à actuação do governo para o qual
muitos já pedem a extrema-unção!
Para os analistas foi como que um
festival de variações livres sobre um tema que ainda têm dificuldade em dominar
e para a “extrema-esquerda” uma oportunidade para protestos lamechas que as
dificuldades que vivemos fazem parecer adequados às circunstâncias. Entendo-os
porque é isso que justifica que existam. Uns criticando o que se fez mas não
deveria ter sido feito ou feito sem o dever ser, outros fazendo parecer que
sofrem as dores de quem, realmente, as sofre. É sempre assim.
Tudo facilitado porque do governo
mal se tem dado conta para além de uma ou outra aparição de ministros menos
destacados, focando temas que não são, de todo, os que mais preocupações nos
trazem no momento. Sobretudo o Primeiro-Ministro, acusado de falta de
sensibilidade social e de escassez nos esclarecimentos sobre um próximo futuro
que mais e mais nos preocupa a cada dia que passa, mal tem aparecido e, quando
fugidiamente o faz, quase nada ou mesmo nada acrescenta ao que já disse e que,
uma ou outra vez, terá sido até demais.
Se, pela esperança de um governo
mais actuante e menos exibicionista, diferente dos “vendedores da banha de
cobra” a que os anteriores se assemelharam, tal procedimento me possa dar a
esperança de que, neste, em vez de falar se trabalha, como Portugal tanto
necessita, por outro lado a falta dos procedimentos políticos tradicionais,
aqueles com os quais se pretende fazer crer que é, aquilo que conviria que
fosse, também me trás alguma preocupação. A política vulgar habituou-nos a uma estranha
linguagem em que palavras comuns podem ter significados que apenas algumas mentes
iluminadas conseguem decifrar. A sua ausência conduz-me a esta dúvida entre a capacidade serena e consciente e a incapacidade.
Mas não quero acreditar que o
governo simplesmente se tenha demitido da tarefa a que se propôs e tantas vezes
garantiu que levaria até ao fim, como não acredito que tenha reduzido a
intensidade dos esforços para a continuar. Não acredito porque é o melhor para
mim e para todos, com excepção daqueles para quem ganhar o poder é mais
importante do que reerguer o país.
Mas não poderá passar muito tempo
até que esta situação seja esclarecida e, assim, saibamos o que, afinal,
resultou do trabalho do governo para que todos participem neste esforço enorme de
restauração de que Portugal uma vez mais necessita. É grande a ansiedade pelos
resultados do que o governo tenha feito para minorar os danos que o país sofre
pelas PPP e pelas “rendas” que os interesses de todos nós querem ver anulados e
a equidade nos esforços para a recuperação do país exige.
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