ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 11 de abril de 2012

FOI UMA FESTA!


No mínimo, achei curiosa a forma como a ex-ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, defendeu a “Parque Escolar” que, como se sabe, o Tribunal de Contas acusa de ter cometido excessos que comprometeram o prosseguimento da reparação e modernização de escolas.
Os gastos foram demasiados, o que resulta de soluções adotadas, de materiais utilizados, de equipamentos instalados, os quais ultrapassarão, em qualidade e preço, os que seriam razoáveis.
O orçamento teve, por isso, uma derrapagem enorme que Maria de Lurdes Rodrigues nega que tenha tido porque o que se fez foi uma festa para os construtores, para os arquitectos, para os engenheiros… que fizeram escolas modernas e que vão durar muito tempo!
A comunicação social tem trazido ao nosso conhecimento alguns casos que ilustram bem os excessos cometidos e que a ex-ministra não pode, de todo, negar. Por isso, apenas poderá confirmar e justificar com a festa que foi. INEXPLICÁVEL!
É a altura de eu lembrar a minha escola naqueles anos da década de 40 do século passado. Era um edifício sóbrio, robusto e bem construído. Tanto que ainda hoje, depois de uns acrescentos e manutenções inevitáveis, existe e serve muito bem como escola!
Mas aqueles tempos eram para gente dura, para quem a vida não era adoçada por fantasias próprias de festas que, estou certo (e como engenheiro que sou, posso dize-lo) não farão com que as escolas durem mais. Tampouco os materiais caros resistirão melhor às irreverências de jovens que, talvez, nem deles se dão conta.
A minha escola não ensinava, apenas, os números e as letras. Era uma escola de vida, também. Ninguém ali era discriminado porque todos sofríamos, por igual, a dureza de um clima que, no Inverno, tornava muito doloroso escrever, tão frias estavam as mãos. Era assim na maior parte dos lares daquela Vila serrana e pior ainda lá no alto da Serra onde os pastores tratavam do gado e nos campos onde os agricultores, nas pequenas leiras dos socalcos da serra, amanhavam terras pobres mas das quais tinham de arrancar o que davam de comer às suas famílias.
É natural e está certo que hoje as escolas tenham comodidades que as de então não teriam, como o aquecimento que evite as dores e o desconforto que o frio nos impunha. Mas até nisso se irá para além do razoável.
Revisitei a minha escola há pouco mais de um ano e, a menos os acrescentos introduzidos, tudo me pareceu igual. A sobriedade e a robustez eram as mesmas.
Foi ali que, sem festa, aprendi muito do que ainda sei.

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